quinta-feira, 2 de maio de 2013

Maria Fumaça e a besta-fera


Maria Fumaça e a besta-fera

Por José Calvino


Padre Cícero do Juazeiro, quando ia inaugurar uma estrada de ferro numa cidade qualquer do interior, sempre dizia aos sertanejos, agrestinos e matutos: “Vem por aí uma besta-fera correndo, apitando, soltando fogo e fumaça sobre trilhos...” A Maria-Fumaça arrotando faíscas de sua fornalha. A locomotiva apitava ao passar antes dos cruzamentos, soltando fumaça em desenhos, pela sua chaminé...” (O ferroviário,1980). Lendo ultimamente “A besta humana”, de Émile Zola, lembrei-me do Padre Cícero, (será que ele leu?) quando nas p.p. 163 e 164, “(...) A locomotiva abandonada continuava a rodar, a rodar, como potro bravio galopando em campo raso... O trem voava... A máquina rodava, rodava, sem cessar, como se a desnorteasse mais e mais o estertor da sua respiração... A estação em peso gelou de espanto, ao ver chispar numa nuvem de vapor e de fumaça, o trem-fantasma...”

O escritor Francisco Foot Hardman, em seu livro “Trem fantasma”, fez referência a várias obras que têm a ferrovia como tema, inclusive “O ferroviário”, de minha autoria. Lamentavelmente, Foot Hardman parece ter esquecido na 1ª edição de mencionar o nome de Émile Zola com a sua obra-prima “A besta humana”, na qual o romancista refere-se sempre aos trens, ligado que foi, desde a sua infância, à ferrovia.

Procurando nas livrarias a 2ª edição do “Trem fantasma”, Foot Hardman, desta vez, mencionou o nome de Émile Zola e sua obra.

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