quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Dança dos olhos

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Dança dos olhos
A Jaci




Verdes ou azuis?
Sei lá!
Tem olhos claros
essa mulher.
Que dança distraída,
observada sem perceber
o quanto eu quero dançar.

Me abraça, me beija,
de corpo & alma,
esse corpo de mulher.
Não ouvia o que diziam,
com pensamento volátil,
corpo de outra,
lá estava o poeta a bailar.

Castanhos claros?
Dança todas as cores,
dança no meu corpo
(animado),
só penso em dançar...
Olhando os seus olhos multicores,
que dançam à beira mar...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A PROPÓSITO

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A PROPÓSITO

Pediste perdão,
eu perdoei.
Pediste o poema,
depressa eu fiz.
Pediste de propósito,
a propósito eu fiz.
Perdeste os amores,
nos amores que amamos.
Perdeste essa pressa de amar,
nos poemas feitos de propósito.
Perdeste a nossa amizade,
sem o jogo da verdade!

FÊMEA



FÊMEA
A Vilma Abubua

Atitude fêmea,
no reino animal,
nua...
no racional.

Feminilidade,
transparece,
sempre fêmea,
sem cessar.

No seu porte,
nos seus gestos,
nos seus versos.

A razão
entre o seu ser e o meu,
somos poemas de repercussão!

Fantasias





Fantasias*




Quando sonhei
Tive diversos sonhos:
De amor, de felicidade.. .
FENOMENAL (!)
Quando me acordei
Era carnaval.
Com fantasias,
eu sonhei!
* Série Fantasias - www.vilmaabubua.blogspot.com/
Do livro: "Fiteiro Cultural", p. 121 - ed. 2011
 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Petrolina e os Coelho

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Petrolina e os Coelho


José  Calvino


Em conversação quando vivo com o escritor-sertanejo Geraldo Tenório Aoun, sobre Petrolina, com o admirável progresso daquele município sertanejo. Terras de pecuária, por excelência, não fica muito distante da região onde campeava o jagunço, salteador de vilas e cidades, no dizer de Euclides da Cunha: "A pátria dos homens mais valentes e mais inúteis do Brasil".

O coronel Clementino Fernandes Coelho, duas vezes sub-prefeito, era proprietário, no começo do século, de um armazém de tecidos, cereais etc, originando-se daquele empreendimento o formidável Grupo Coelho. Clementino de Souza Coelho, filho do antecedente, historicamente conhecido como Coronel Quelé, foi um exemplar pai de família, reunia ainda em sua pessoa as virtudes de varão de indiscutível probidade, invejável tirocínio político, aliado a uma não menos apreciável visão empresarial.
Ele e sua esposa, D. Josefa, geraram um elenco de gigantes que, como outros tantos Midas, pareciam transformar em ouro tudo aquilo em que tocavam. Como se contagiada pelo exemplo dos filhos empreendedores, a cidadezinha cresceu e agigantou-se, alcançando um nível de progresso capaz de causar inveja até mesmo a algumas capitais nordestinas. Os alentados descendentes do Coronel-Quelé têm apresentado, no mundo da política, uma performance à altura do seu desempenho nas atividades econômicas e de maneira simultânea, o que, por certo, vem refletir de forma positiva, em ambos os segmentos.

Eles são e foram: prefeitos, deputados, senador, governadores e o ex secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho, nomeado ministro da Integração Nacional pela presidenta eleita Dilma Rousseff. Tudo isso põe em evidência o fato de que os homens empreendedores existem para domar as adversidades e não para serem vendidos por elas.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Olho na Presidenta!


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Olho na Presidenta!


* José Calvino


Dilma Vana Rousseff (PT), a primeira mulher a ser eleita presidente da República. Apoiada por Lula, esteve nos mais de sete anos de governo do presidente, primeiro como ministra de Minas e Energia e, a partir de 2005, como chefe da Casa Civil. Dilma defendeu posição desenvolvimentista, o que gerou atritos com a equipe econômica e a área ambiental do governo. O confronto mais rumoroso resultou na saída do Ministério do Meio Ambiente da senadora Marina Silva (PV-AC).
Com o programa do governo Lula, onde cada brasileiro fazia três refeições por dia (Fome Zero), eu tinha certeza de que ouviria: “Viva Lula”.
Dilma deve ficar atenta à trajetória dos políticos, porque suas alianças comprometem, e muito, o futuro em prol do social.
Quem não se lembra do então deputado Severino Cavalcanti, quando membro da mesa diretora, querendo ter seus 15 minutos de fama em cadeia nacional? Quando ele fez uma comparação entre sua vida e a do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que ambos vieram da região do Agreste pernambucano, retirantes da seca e com profundo conhecimento dos problemas vividos pelos sertanejos?
Na sua biografia, o então deputado esqueceu de dizer que fora servo da ditadura militar, contribuindo de forma contundente para o registro de uma página negra de nossa história, quando travestido de brasilidade e patriotismo denunciou o padre italiano Vito Miracapillo (1), exigindo a sua expulsão do Brasil, pelo fato do padre haver denunciado que os trabalhadores brasileiros não tinham nada a comemorar no dia da “independência”, fazendo assim uma alusão à penúria vivida por milhões de pessoas que não tinham dignidade, respeito e liberdade.
Em 2005, o então presidente da Câmara Federal defendeu pena branda para os envolvidos no escândalo do Mensalão e Caixa 2 e ainda declarou que tal esquema de pagamento mensal a parlamentares não existe!
Em 2008, com a visita do Presidente da República ao nosso Estado, dos quais três dias ele passou no Recife, citou Severino Cavalcanti como exemplo para mostrar o preconceito que as elites paulistas têm contra nordestinos. Disse ainda que “continua tendo o mesmo respeito hoje que tinha há muito tempo”.
Com esse afago todo que o presidente fez tirou-o do ostracismo em que vivia desde que renunciou ao mandato e à presidência da Câmara Federal. Hoje o referido ex-deputado criado nos porões da ditadura, é prefeito na pequena João Alfredo, interior de Pernambuco, com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador reeleito Eduardo Campos, neto do ex-governador Miguel Arraes.
O Governo Federal, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Governo do Estado de Pernambuco estavam executando os serviços de pavimentação e drenagem nas ruas Maria Augusta de Souza, Lauro de Souza, União dos Palmares e Maracajá, no bairro de Campo Grande, Recife, sob a coordenação da Companhia Estadual de Habitação e Obras (CEHAB). Acontece que, as referidas obras estão paradas sob alegação de “aguardar as eleições”. Dilma Rousseff foi eleita presidenta da República. O PAC Lula a escolheu para gerenciá-lo, mas será que a CEHAB juntamente com o Governo do Estado darão continuidade às obras? Se não, tudo leva a crer que o PAC foi um programa eleitoreiro!







(1) - Trinta e um anos depois de sua expulsão do Brasil, o padre italiano Vito Miracapillo pôde, 09/jan/2012, ter conquistado o visto permanente que dá o direito de o religioso voltar a residir no Brasil.


* Escritor, poeta e teatrólogo  

sábado, 14 de janeiro de 2012

Novo Ano

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Novo Ano

* José Calvino


Um Novo Ano se inicia com a maioria do nosso povo entusiasmado com as festividades que o antecedem: shows, réveillon, mentiragens fantasiosas no tocante às áreas de saúde, educação e segurança  que eu considero, repito, como o dia mais hipócrita de todos os tempos. Por que esse mesmo povo não se esforça com a mesma emoção e luta para mudar para melhor o nosso país?  Sinceramente, acho importante o Governo Federal investir na autodisciplina a fim de possibilitar a educação da vontade do desenvolvimento da capacidade física, intelectual e a moral da população.

A meu ver, sem dar uma solução aos problemas existentes e ainda dizer que o poder dos políticos vem de Deus, isto é alienante. Conheço gente que faz apologia ao regime ditatorial, mas esquecem, no entanto, que no tempo da ditadura militar a polícia agia segundo o regime, não respeitando a cidadania com a ingente maioria do povo brasileiro.

Finalizo esta primeira crônica do ano, repetindo que a fé popular deve manter-se acima das alianças formuladas em gabinetes refrigerados ou em hotéis de luxo. Os interesses populares devem se sobrepor a todas as alianças e interesses pessoais ou de grupos políticos, sob pena de jogarmos pelo ralo os sonhos e anseios de milhões de brasileiros.

Estou confiante no otimismo de  Dilma Vana Rousseff para que  este ano (2012) seja   o momento de enterrarmos séculos de injustiças, com a construção de uma nova pátria. Fazendo-nos distanciar desta politicagem festiva, comemorada por aqueles que só conhecem o País pelo que  escutam dele falar, mas que estão alheios e alienados da real verdade de penúria desta gigantesca e injusta nação, a qual amamos, idolatramos, chamada Brasil!!!

* Escritor, poeta e teatrólogo 


O gato de Calvino




O gato de Calvino

* Por José Calvino


Os meus leitores, acostumados às minhas observações de sempre, talvez estranhem em princípio o tema que por hora abordo. Mas, é que por se tratar de um gato de estimação, registro aqui que psicologicamente encontro-me  arrasado.

Guduguinho (meu gato, na foto), ao que tudo indica que morreu em 31 de dezembro  de 2011, às 20:00 hs. A causa mortis, não procurei saber, mas os bichanos sempre são vítimas de algum veneno colocado pelos que não gostam de gatos ou cachorros, mas que certamente não gostam de si mesmos. Um crime onde é difícil de flagrar os envenenadores, quase sempre comerciantes ou moradores,  alegam ter tido a intenção de matar os ratos (esse último, uma peste, tudo bem).

 A fiscalização pelos órgãos públicos no Brasil  é muito deficiente. Cadê  o Programa de Proteção aos Animais Domésticos? Antes que me perguntem se Gudugo era perturbador, negativo, eu digo que não, que ele não incomodava ninguém, que não sei como foi isso, e que é revoltante,  num país sem leis!

Parece que o vejo,  comendo ração com o seu colega Branco, seu vizinho. Lembro que, como era véspera de ano novo, logo cedo, isto é, 19:00 hs mais ou menos, as pessoas começaram a soltar fogos diversos de artifícios  e bombas de grande porte.

 Gudugo começou a correr assustado e Branco, sempre o acompanhando, dava toda a assistência ao coleguinha. Numa dessas correrias, Guduguinho desapareceu, deixando-me preocupado com a sua ausência. Senti um odor muito forte e vi fezes cor cinza espalhadas pelo chão. Branco permaneceu até o outro dia no terraço, como se estivesse em prontidão, esperando a volta do seu colega.

- Branco, cadê Gudugo? – perguntei.
-...
Assim,  já passava da meia noite, muitos fogos e nada de Gudugo. Fiz uma ligeira faxina, diminuindo aquele odor estranho. Então, resolvi dormir para no outro dia ter a volta do Gudugo. Corri para cama, me esparramei, e nada de conseguir dormir. Na ante-véspera e no sábado estive divulgando os meus livros “Fiteiro Cultural” e o teatro “O Cristo Mulato” ( já nas livrarias: POTY LIVROS / LIVRARIA CULTURA RECIFE), ambos editados e reeditados no ano passado. Divulgação esta, para não dizer vendas, para não entrar no novo ano sem compromisso com venda de livros. Embora morto de cansaço, tudo indicava que estava num processo de esgotamento, estressado, pois na sexta-feira eu fora do Pina até Boa Viagem pela praia e, no sábado vice versa de Boa Viagem ao Pina. Como eu poderia dormir bem, com  as festividades  de virada do ano,  fogos e zoadas da meninada (agora é assim!).

Acormeci com o livro que não consegui ler. No domingo, primeiro de  janeiro,  no jardim, senti  o mesmo odor que sentira na noite anterior. Aí constatei: Gudugo estava morto. Tentei telefonar para a URB, mas não existe nada mais inútil do que os disque-qualquer-coisa do serviço público e, se for para fazer denúncias contra órgãos públicos, a ligação não dá sinal de ocupado, mas difícil é alguém atender. Isso mexe com os nervos! Ainda bem,  não muito longe estava o carroceiro “Papudinho”, da reciclagem que outrora   trabalhava no caminhão da limpeza urbana. Ele foi solícito e providenciou o sepultamento.

Segunda feira, dois de janeiro, conversando com alguns colegas, uma delas com gozação perguntou se o sepultamento fora no cemitério de Santo Amaro. Respondi tranquilamente que os governos estadual e municipal deveriam investir na saúde dos animais. Existe um Programa Estadual de Desburocratização do Governo Federal do Estado. Quando se lê: “Vamos agilizar e simplificar o atendimento ao cidadão”, se vê que, na prática, alguns setores não tratam, principalmente os pobres, como pessoas cívicas. É inexistente o tratamento digno aos cidadãos, quiçá aos animais! E cantei para a dita senhora o “Atirei o pau no gato”:


Atirei o pau no gato- to
Mas o gato- to
Não morreu-reu-reu
Dona Chica-cá
Admirou-se-sê
Do berro, do berro que o gato deu:
Miauuu!
  

  

* Escritor, poeta e teatrólogo 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Fiteiro Cultural



Fiteiro Cultural II


 Por José Calvino



Fiteiro: Que ou aquele que faz fita.

No Brasil, fiteiro é um quiosque de comércio popular, desses que podem ser encontrados em praticamente todo o país e que vendem uma infinidade de coisas.
No centro do Recife, fora montado um Fiteiro Cultural, onde tentei em vão ilustrar com literatura os frequentadores dos bares próximos. Numa sexta-feira à noite, por esquecimento, deixei alguns livros dependurados no lado de fora. No sábado pela manhã, preocupado, fui à toda pensando em não mais encontrá-los. E não é que estavam lá todos a salvo? Aos malandros e bêbados não interessara aquela riqueza de livros expostos, alguns até raros. Infelizmente alguns escritores,  poetas e  leitores, ao mostrar o FC saíam às pressas, parecia até que estava mostrando a porta do inferno...
O objetivo da continuação do FC II servirá para, na medida do possível, tentar retratar o problema do autor independente, assim como também a situação sócio-econômico e financeira do(a) escritor(a), poeta... Para  fazer o livro ser conhecido,  como muitos pensam, o problema não é só a distribuição. O livro tem que ter qualidade, o enredo e, o mais importante: divulgação. Nada de esmorecer.
Cheguei às vezes a enviar originais para os jornais, escritores, etc. Alguns colunistas divulgaram, outros editores nem resposta, e quando chegava uma resposta, esta dizia: “ O trabalho está em estudo.” Geralmente fica nisso ou como uma secretária de um deles falava: “ O escritor ... está fora da cidade, trabalhando no seu novo romance – ainda sem data prevista de regresso – por esse motivo estou devolvendo os originais que enviou para que o senhor possa sujeitá-los à apreciação de outro escritor.
Peço que desculpe e compreenda a minha posição, porém tenho ordens expressas de não guardar comigo originais que nos chegam quase semanalmente...” Outras respostas,  uma até de um escritor famoso: “ Um pouco tarde, acuso o recebimento, com dedicatória, dos originais de ‘Trem & Trens”, de sua autoria.
Espero, confiante, a encenação de sua peça, que me despertou muito interesse.
Aguardo o dia de conhecê-lo pessoalmente. Disponha ...”

“Agradeço a dedicatória que me fez do seu livro e, aproveitando o ensejo, quero parabenizá-lo pela idéia de tornar um pouco mais conhecido este homem que, a exemplo do seu pai, tanto tem contribuído com o desenvolvimento do nosso país...”  E por aí vai, e eu mesmo tive que sair vendendo o meu peixe. Deve ser lembrado, algumas editoras na sua política editorial, de transformar em livros certos acontecimentos importantes ou notáveis, independentemente de que o autor seja conhecido ou não tenha extraordinária resposta comercial e boa divulgação, assim mesmo as chamadas grandes editoras não estão bancando livro de quase ninguém, porque não tem encontrado resposta satisfatória do mercado. Limitam-se aos best sellers (sic)! Me bancar foi o caminho que eu mesmo encontrei, porque infelizmente só existe esse mesmo: financiar a edição, nada de ficar esperando que caia do céu. Pra ter uma idéia, eu saí pelo Brasil afora e vendi todos os meus livros.
Em 1991, o Diário do Pará publicou  a seguinte manchete na primeira página:
“ Calvino, um escritor das estradas”.

Infelizmente, o difícil é encontrá-los nas livrarias. Segue uma propaganda dos meus livros que estava colada no então Fiteiro Cultural :


1 - O FERROVIÁRIO – 90 pp. É o enfoque da vida do trabalhador, o seu dia-a-dia e as                                                                  crises sociais e familiares geradas pelos conflitos econômicos da categoria.
2 - O GRANDE COMANDANTE – 111 pp. Aborda toda a rede paralela do poder; seus                   conflitos e organização. Lança a questão principal: Quem comanda a tudo?
3 – O CRISTO MULATO – 126 pp. Trata da problemática racial: seus preconceitos e relações em uma sociedade discriminatória.
4 - AONDE IREMOS NÓS? – 127 pp. Questionamentos sobre o destino da sociedade, do ser humano no dia-a-dia de sua existência, sobretudo em suas contradições. A abordagem da identidade do homem e da mulher, suas dificuldades com relação às questões ligadas ao sexo. Toda a trama se desenvolve em torno de um eixo principal, o hermafroditismo. Daí por diante, todos os personagens seguem suas trajetórias de vida, envolvidos nos problemas da condição humana propriamente dita. Calvino não se prende* nesse romance, como era de se esperar, apenas ao tema central, enriquecendo todo o trabalho com a abordagem de outros assuntos polêmicos.
5 - TREM & TRENS –  80 pp. O teatro de Calvino, enfeixa um ótimo trabalho, sintetizado na força de comunicação que revela, enfocando com primazia o aspecto social e o econômico em que se debate a grande massa de trabalhadores em ferrovias e por extensão*todo o trabalhador de um modo geral, pela ávida execução do poderoso patrão.
6 - O CRISTO MULATO –  68 pp. Teatro homônimo do romance do autor. Obs.: reeditado em 2011.
7 - O PAI DO CHUPA – 82 pp. Versa sobre a existência da personagem que dá nome à obra. A figura fantasmagórica do Pai do Chupa, preocupou por longo tempo o povo recifense, especialmente os habitantes do bairro de São José. Calvino, ao romantizar a vida do personagem, dá-lhe uma nova roupagem, tramando uma estória amorosa, mais atraente à leitura, sem, contudo, escambar a verdade...O autor coloca, neste livro, informações a respeito do local,suas lendas e peculiaridades que foram fruto de uma extensa pesquisa sobre o tema.
8 - MISCELÂNEA RECIFE (Mistura do que existe para presente e futuro) – 136 pp. Trata-se de uma série de publicações veiculadas pela imprensa, nas quais Calvino lança um olhar clínico sobre o Recife, sua beleza e seus problemas. É uma visão humana, pessoal, sem caráter técnico ou acadêmico, da Veneza Pernambucana.
9 - DROGAS & CRIMES – 105 pp. Romance/2003.
10 - TREM FANTASMA  (Contos poéticos e humorísticos) – 72 pp. Algumas poesias deste livro foram publicadas com charges na Folha de Pernambuco.
11 - OS PACIENTES DO DOUTOR FRÓIDE – 106 pp. Romance/2007.
12 – FITEIRO CULTURAL – 318 pp. OBS.: Edição independente – 2011. Lançado no Estande da Editora Livro Rápido, na VIII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco.
13 - JESUS (INÉDITO)





Fiteiro Cultural




Fiteiro Cultural

* Por José Calvino


Para não ser redundante com o Fiteiro Cultural IV,  tento agora retratar o problema do autor independente e a  situação sócio-econômico e financeira do(a) escritor(a), poeta. Saí  pelo Brasil afora e vendi todos os meus livros. Infelizmente, o difícil é encontrá-los nas livrarias. Eu já comprei o meu próprio livro no Sebo do Recife por dois reais. Para a nossa decepção, praticamente não existe mais o Sebo, porque não há mais o objetivo de vender livros usados. Muitos partiram para vendas de material escolar, apesar de terem a “venda proibida” (mais baratos do que nas livrarias), alguns vendem material didaticamente não recomendável. Uma pena.

O nosso povo não tem o hábito de ler, por isso os editores acusaram à Câmara Brasileira do Livro como uma farsa os números de livros vendidos na 14ª  Bienal do Livro em São Paulo. Para se ter uma idéia, eu pertenci a um grupo de poetas (a maioria não são poetas, nem tampouco leitores!) Por que eu digo isso? Ao convidar para prestigiar umas colegas do grupo, ninguém foi à livraria. Se limitaram a dizer: “Ela merece, Cal!”

Nossos autores não têm espaço. As  Feiras e Bienais do Livro as editoras não divulgam.  É muita conversa fiada. Foi por isso que lá no sebo, haviam pregado à porta do sebista  Melquisedeck um aviso de um desembargador-repentista, doutor Manoel Rafael Neto, que dizia assim: “Amigo Melquisedeck / Deixo-lhe agora um recado / Um tanto desaforado / Como se fosse a um moleque / Nem fiado nem por cheque / Venda meu livro por mil / Se alguém usar desse ardil / Vai haver muita desgraça / Quem quiser livro de graça / Peça a puta que pariu.” Em resumo, me veio à memória, quando lancei o teatro Trem & Trens,  o título seria  O Trem, mas aconteceu o seguinte: “Amigo Cal, eu li o seu livro. Perguntei: “Qual deles, Amigo?“ -  “O trem e...     
Ora, eu só tinha três títulos publicados: O Ferroviário, O Grande Comandante e o Cristo Mulato. “Obrigado, amigo!”. Foi quando  surgiu Trem & Trens – Rio de Janeiro 1982. Muitos diziam: “Parabéns José Calvalcante”, nós sabemos que é Cavalcante, ou Calvino?

Em 1991, o pessoal já perguntava:“Você tem Zélia, Uma Paixão?” biografia autorizada de Zélia Cardoso, então Ministra da Fazenda no governo Collor. Os escândalos em torno de sua vida privada e sua saída do governo foram motivo de grande repercussão entre os brasileiros, e é isso que o povo gosta. Paulo Coelho, Jô Soares eram  os mais bem procurados, então eu ironicamente dizia: Que sorte, estou com uma Komby cheia, vou buscar! Automaticamente diziam: “Hoje, não!, hoje, não!” No ano passado fui à livraria Cultura (Recife), a fim de conseguir o livro do escritor e editor do Literário Pedro Bondaczuk.  A moça da livraria me informou simplesmente que o autor não estava cadastrado, nesse caso não poderia fazer o pedido de compra . Na semana passada, outra moça disse que só falta a editora agilizar o envio!!! Aproveitando o ensejo, perguntei se havia algum livro cadastrado  do José Calvino. Um dos funcionários para mostrar que sabe os nomes dos escritores famosos, disse: “Não é  Ítalo Calvino, não?” Com o escritor e colunista do Literário Urariano, quando perguntado, o mesmo rapaz: “Não é Ariano, não?”, e assim vai...

Se me permitem,  finalizo rendendo culto a um monumento ao livro, como Belmiro Braga diria: “Um livro aberto, parece uma ave que quer voar. E, quem lê, reza uma prece ao saber. Santo de Altar.”

* Escritor, poeta e teatrólogo