quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Lava Jato



Lava Jato

Por José Calvino


A presidenta Dilma Rousseff euforicamente demonstra muito otimismo sobre as conseqüências das investigações da Polícia Federal na operação Lava Jato. A presidenta disse que a mudança seria no sentido de que vai acabar com a impunidade que vem acontecendo há muito tempo no país, ressaltando:“A questão da Petrobras é simbólica para o Brasil. Acho que é a primeira investigação efetiva sobre corrupção no Brasil que envolve segmentos privados e públicos”. Realmente é verdade, mas, ao meu ver após  as investigações policiais, ela mostrará mais eficiência se for rápida na execução das penas cabíveis. Destaco ainda a relevância de se acelerar a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de número 300-A de 2008, que trata da unificação das polícias em todos estados do Brasil.

Outrossim, a amiga Dilma Carrasqueira, que vem acompanhando as minhas denúncias através da imprensa, sobretudo pelos jornais referentes à paralisação das obras do PAC me disse que em 2011 a Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) deixou de realizar  algumas obras do bairro de Campo Grande-Recife e que as mesmas  não foram concluídas porque o projeto foi readequado estando em análise na Caixa. Cadê os milhões de reais, isto é, os R$ 19 milhões restantes, com mais R$ 7.318.810,53 que os governos federal, estadual e municipal gastaram? Um representante da Cehab disse em entrevista na TV que tudo estaria concluído naquele ano. Mas, em 2013, a Assessoria de Imprensa da Cehab informou que estava em andamento, com conclusão prevista para setembro de 2014. As eleições passaram, a equipe social do governo informou que a demora na conclusão foi devida à falta de matéria prima no País.
Ora, isto tudo sugere o que? Proponho uma nova operação, desta feita  com a polícia unificada, podendo chamá-la de  “Pente Fino” ou mesmo continuar no Lava Jato.

Para o bem dos brasileiros e brasileiras, termino esta crônica com a poesia “Salário digno”

Tal qual meu pai,
telegrafista ferroviário
manipulava o telégrafo
pelo brilhante trabalho
fazendo tudo honestamente.
Mas, vergonhosamente o salário é mínimo(1)
e se os elogios de todos são hipócritas
prefiro o salário digno
com sublimidade da virtude
abandonando o orgulho, como o meu pai
que era chefe de estação ferroviária
e morreu sem deixar um alicate.

(1)O salário mínimo foi criado pelo ex-presidente Getúlio Vargas em 1940.




segunda-feira, 24 de novembro de 2014

"Entregue a Deus"



“Entregue a Deus”

Por José Calvino


Eu vou dizer
Muitos usam o nome de
Deus em vão.
Quem já não leu
Aqueles adesivos nos vidros
Traseiros dos carros?
“Deus me deu de presente”,
“Esse carro é propriedade de Jesus”,
“Esse veículo é guiado por Deus”,
“Deus é fiel...”

Um bem ou mal:
“Deus tá vendo!”
Não paga o que deve:
“Deus lhe pague!”
Pedindo esmola:
“Deus te abençoe!”
Fazer um pedido:
“Se Deus quiser!”
Pedido alcançado:
“Graças a Deus!”

De um perigo eminente:
“Deus me salvou!”
Correndo tudo às mil maravilhas:
“Deus é pai...”


A frase que dá o título a esta crônica é óbvia, até porque combina com a poesia acima: O nome de Deus em vão! 
   
O objetivo desta crônica é mostrar que até os dias de hoje os poderosos, aproveitando-se de nossa incultura, fizeram as cabeças do povo para aceitar tudo que é favorável às classes dominantes, e para não aceitar idéias novas que não venham por vias oficiais. Aceitar, sim, tudo que venha de cima, sem contudo analisar. Sábado, em minha residência, conversando como sempre faço com meu amigo da velha guarda, Azambujanra, comentava sobre as injustiças que assolam o nosso país. Começamos sobre uma senhora aposentada da Prefeitura da Cidade do Recife, que saiu com os proventos proporcionais a 25 anos  (ditadura militar). Quando requereu a aposentadoria  provando em juízo que, de fato, antes de entrar na Prefeitura trabalhou por um período de cinco anos  na Fábrica da Macaxeira, o juiz de direito julgou procedente o pedido para pagamento dos proventos dela de forma integral. Mas, decisão essa sujeita à apreciação do Tribunal de Justiça do Estado, que parcialmente negou e fez com que a autora passasse a ser ré! Fazendo cair por terra mais de cinco anos de serviços efetivamente prestados. Infelizmente, a dita senhora não mais confia na Justiça.

Peço licença agora aos leitores religiosos, irreligiosos ou ateus, para citar uma das bem conhecidas parábolas de Jesus:  “Então Jesus contou aos seus discípulos que havia um juiz em certa cidade que não temia a Deus nem respeitava ninguém...” (Vide LC 18:1-8) .

- São coniventes, como  Deus é Justiça? – disse ironicamente Azambujanra, e me perguntou: - E os direitos da pessoa idosa?

Respondi que essa é uma piada das grandes. Um cidadão idoso deu entrada no Ministério Público conforme a Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do idoso), art. 71 “(...), que são parte em processos, têm prioridade na tramitação em qualquer instância ou órgão público.” Contudo até agora não pagaram o atrasado e nem mesmo uma multa impetrada pelo Juiz de Direito. Sinceramente, não justifica o descaso para com uma pessoa idosa, cuja ação tramita desde o ano de 1998 e há uma recusa deliberada em dar cumprimento à decisão judicial.Mas, os xexeiros (vide “O maior xexeiro no País do Futebol”), principalmente o Governo, contam com,  conivência da Justiça. Sobre o caso, segue, em resumo, uma publicação de minha autoria num dos jornais da cidade e em diversos sites:


"(...) Uma funcionária da Justiça chamou a polícia para um cidadão que vem ouvindo a mesma informação referente a uma dívida que o governo estadual vem devendo há anos. Ela irritou-se somente porque o cidadão falou alto a verdade. O famigerado aviso 'Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela'. Deveriam saber que tanto o servidor pode ser injuriado pelo cidadão, quanto  o cidadão pode ser injuriado pelo servidor. Todos nós sabemos que tem muitos funcionários folgados e preguiçosos transmitindo mentiras sobre  morosidade da justiça, que age com conivência com o governo. Na minha opinião, todos nós devemos praticar o respeito mútuo, não importa qual a função." 

Enfim,  para o caso que vem há anos sem resolução alguns religiosos aconselharam ao dito senhor para não ficar se contrariando e, para ficar mais feliz, que ele: “Entregue a Deus.”


domingo, 16 de novembro de 2014

Jesus



 1 - Jesus  


Não pretendo escrever uma obra teológica ou tomar partido em conflitos religiosos. Como exemplo de vida, já fui perseguido por ter o nome do reformador de espírito universal. Professores carolas diziam, principalmente um de história: “Foi o movimento que, dividindo os cristãos do Ocidente no século XVI, originou diversas novas igrejas chamadas protestantes, as quais não mais seguiriam o comando e a orientação do papa de Roma...”. Mas, jamais poderei ser privado de minha liberdade, pois estou escrevendo universalmente e com ousadia “Jesus”. Sem medo, sempre denunciei as injustiças sociais (Vide Liberdade de Expressão - pp.). Além disso, sempre respeitei a fé cristã , até porque sempre convivi com pessoas simples e religiosas (pobres do nosso Brasil).

Com mais de 2000 anos da vinda de Jesus Cristo (Vide Hipocrisias - pp.), iniciei este trabalho literário com trechos salteados do livreto (distribuídos gratuitamente),“Jesus”(Vide Fisionomia de Jesus – p.) , que Veio ao mundo sem ter Caído do céu, nem Vindo de outro planeta. Jesus teve como pai adotivo José...(Vide O nascimento de Jesus Cristo, Mt 1:18-25 e Lc 2:1-7).

Ele era judeu, de nome Yeshu (em grego), que representava uma sigla I= Iésus (Jesus), Kh= Kristhós (Cristo), era uma abreviatura do nome hebreu Yoehoshua andava pelas terras do Oriente Médio pregando a paz num ambiente totalmente hostil: a Palestina era território dominado pelos romanos e os próprios judeus estavam divididos em facções religiosas. Algumas, extremistas como os zelotes, que pregavam a luta armada contra os invasores. Outras, como os fariseus citados na Bíblia, conviviam com o poder romano contanto que a vida religiosa não sofresse intervenção. Nestes dois milênios que se seguiram, o Oriente Médio não deixou de ser sempre um barril de pólvora.


De acordo com as Escrituras, tanto judias quanto cristãs, Jesus teria que ter nascido em outubro na Succah (Cabana), durante as festividades da Festa dos Tabernáculos (Sucott), quando os pastores ainda podiam estar apascentando nos campos com as ovelhas. Argumentam com fundamento, que em dezembro é época de inverno no Oriente Médio e que nem mesmo o pastor mais lunático estaria fora à noite gélida, em campos cobertos de neve (Vide Carta de uma judia a um pastor, de Dalva Agne Lynch. Site oficial da autora:http://www.dalvalynch.net Idem, editorial Literário: Um blog que pensa – http://pbondaczuk.blogspot.com/, 24/dez/2012).

Acredito que é preciso conhecer bem a terra onde ele nasceu, e o povo com quem ele viveu.


Dizendo-se filho de Deus (Vide Quem é Deus? – p.), não ficou alheio à vida da humanidade do seu tempo. Jesus era um homem inteligente, aplicava muito bem as palavras de amor e bondade (Vide Menino Jesus - p.), era um ser humano igual aos outros, nascido de relação entre um homem e uma mulher. Sobre a sexualidade de Jesus, tem crescido o número de pessoas que acham ter havido um relacionamento amoroso entre Jesus e Maria Madalena. Todos estudiosos que estudam (sic) a figura humana de Jesus sendo homem, alguma sexualidade, se não exerceu com mulheres, a exerceu com quem? Seria um anormal? Muitos o consideravam um louco, inclusive os próprios parentes. 

Ele nasceu pobre, viveu no meio do povo,  propôs aos homens se amarem como irmãos e paz para todas as pessoas (No Brasil, enquanto o governo não investir em saúde e educação, não haverá paz.). Como assim? Para entenderem melhor, Ele disse: “Por serem todos filhos do mesmo pai.” Alguns seguiram-no, muitos se colocaram contra e foram a favor do império romano. A polícia era assumida diretamente pelo Comandante do Templo, sob as ordens do Grande Sacerdote. Essa mesma polícia o levou a ser crucificado (Mc 14:43-50 – Mt 26:47). Mas, a igreja convenceu milhões de pessoas a acreditarem que ele ressuscitou. Pra mim isso é conversa pra boi dormir (Vide Mt 10:8).

Até hoje muitos religiosos acreditam que Jesus está vivo (Vide Será o Fim do Mundo? – p.). Tenho certeza que alguns leitores estão perguntando: “Como vivia o povo?”; “Quem se relacionava com ele?”; “Quem estava no poder?”; “Havia religião?”,et cétera, (Vide Sobre cristologia - pp.).


A Palestina era um país essencialmente agrícola e sua economia, sobretudo era mais voltada à agricultura (Vide Mc 2: 23 – 4: 1-19 – 4: 30-32). Ah, e Jesus Cristo, que fez a água virar vinho (Vide João 2: 9) , na pecuária (Vide Mt 9:35-38 – 25:31-32), na pesca (O peixe era alimentação popular), no artesanato (Vide João 12:3), barcas e redes. Não havia indústrias como hoje, mas sim muitos artesãos autônomos (Vide Mc 1: 16-20 – Mt 13:47 – Lc 5:1-7 – Lc 9:62) e tanques para espremer uvas ou azeite (Vide Mt 9:37). Certas obras públicas, como a nova construção do templo de Jerusalém no tempo de Jesus reuniam vários operários (Vide João 2:20).


Os produtos circulavam com muitas dificuldades para o comércio. A Palestina não era uma região diretamente marítima e as demais eram montanhosas. Apesar disso, nas aldeias  trocava-se um produto por outro. Existiam feiras livres nas cidades, principalmente nas maiores  como a Galiléia, onde se desenvolvia um certo comércio internacional; para isso se usavam várias moedas de diversos países (Vide Lc 15: 8 – 20: 24).

Nos povoados os impostos eram de diversos tipos. Para os romanos se cobrava ¼ das colheitas, logo vendidas e trocadas em moeda. O pedágio era sobre transporte de mercadorias, taxas de alfândega... Grandes somas partiam de Jerusalém para Roma. Em Roma, uma categoria se beneficiava às custas das províncias coloniais com a Palestina. O povo tinha apenas o suficiente para sobreviver e com tantos impostos a pagar, a miséria se tornava ainda mais pesada para muitos sem condições de satisfazer suas necessidades mais vitais. A cobrança se fazia através de funcionários chamados Publicanos que atuavam em todos os níveis (Vide Mt 9: 9-13 – Lc 18: 11).

Os responsáveis pelas cobranças ficavam com suas comissões e os furtos eram freqüentes, principalmente em altos escalões, e praticamente sem controle. A corrupção era grande e isso tudo levou o povo a desprezar e marginalizar toda a categoria dos publicanos (Vide Lc 16: 6-7).

O Templo era o centro do poder econômico e onde todos os impostos eram centralizados. Uma verdadeira fonte de empregos: vendedores de bois, ovelhas e pombas, com diversos cambistas explorando o público ( Vide João 2: 13-20).Então, quando Jesus falava do templo a ser destruído, ameaçava a estrutura econômica na sua base, tendo sido esse um dos motivos de sua condenação ( Vide Mt 26:61).

A situação econômica de Jesus era semelhante à do povo da Galiléia, por fazer parte da vida econômica dos camponeses, pescadores e das donas de casa. Os pescadores, sobretudo, eram seus discípulos, o Peixe também era o desenho usado pelos primeiros cristãos como forma de se identificarem numa época em que se declarar seguidor de Jesus significava ser devorado por leões. O desenho do peixe tinha uma mensagem mais cifrada em grego, escreve-se ikhtys. A realidade dos desempregados mostra como  se relacionam os ricos proprietários. Assim Jesus mostra que conhece perfeitamente a situação econômica da classe trabalhadora explorada (Vide Mt 18: 23-34 – 13: 54-55).

O povo ia ao encontro de Jesus, à beira mar ou em qualquer lugar onde ele estivesse (Vide Mc 3:8 – Lc 6:6-11). O Novo Testamento usa diversas vezes as palavras Povo e Multidão. Isso mostra o quanto Jesus se identificava com o povo. Jesus foi criticado por sua intimidade no contato com os marginalizados. Os Fariseus diziam: “Por que ele come com os pecadores?” E quando faziam esta pergunta Jesus respondia: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes.” (Vide Mc 2:15-17 – Mt 9: 11-12).

Jesus sempre manifestou seu afeto para com as crianças (Vide Mt 11: 16-17 – Mc 10: 14).

Mulheres e crianças eram excluídas da vida social, igualmente aos deficientes visual, auditivo, mentais e escravos (Vide Lc 17: 14).Ele ficava aborrecido de ver o povo disperso, perdido, explorado e desorganizado ( Mt 17: 24-27).


Jesus quebra os tabus: Fala a sós com uma mulher Samaritana (Vide João 4: 27).

Jesus se faz acompanhar por um grupo de mulheres junto com os discípulos (Vide Lc 8:1-3). Elas, sozinhas, estão presentes em Seu Calvário (Vide Mc 15: 40-41) e serão as primeiras testemunhas da ressurreição. Naquele tempo o testemunho de uma mulher não valia nada, pesa na boa fé a veracidade do acontecimento (Vide Lc 24: 1-11).

(...)

Peço licença agora aos leitores para esse lembrete: História do dinheiro da então República dos Estados Unidos do Brasil. Em 1942 foi lançada no Brasil a nota de Cr$ 10,00 (dez cruzeiros), que trazia em destaque a imagem do caudilho gaúcho Getúlio Vargas.

-> Dinheiro do Brasil: várias mudanças de nomes e valores no decorrer da história. .

Jesus reconhece que os impostos exigidos por estrangeiros são demonstração de abuso e injustiça (Vide Mt 17: 24-27)!

Devemos pagar imposto a César ou não? Os Fariseus fizeram essa pergunta a Jesus, com intenção de provocá-lo. Claro, as vozes da administração estrangeira seguiam pressionando por todos os meios. Para isso, Jesus muito perspicazmente pediu aos Fariseus uma moeda e perguntou: “De quem é a imagem e a inscrição da moeda?”- “de César”, responderam-lhe. Era uma imagem proibida aos judeus. Um deles, retirando do seu bolso uma tal moeda, estava em contradição com a Lei que pretendia defender.

Jesus então, com certa ironia disse: “Pois bem, devolvam a César o que é de César.” (Vide Lc 20: 20-26). Será que não poderia Jesus dizer também: “Devolvam ao povo o que é dele?”

Jesus adotou uma atitude crítica em relação aos abusos do poder pela classe dominante (Mc 12: 1-12). A critica de Jesus se dirige então aos responsáveis pela nação judia: “O dono da plantação destruirá os vinhateiros e dará a vinha a outros.”

A autoridade de Jesus como um ser social era baseada na confiança que o povo lhe tinha, e por isso a classe dominante tinha medo de mexer com ele. Jesus fez com que esse povo, com seus líderes, se organizassem e resolvessem seus problemas (Vide Mc 15: 6-15 – Mc 6: 33-44).

Jesus morreu por dois motivos:

1 – Religioso: Foi acusado de blasfêmia porque, sendo homem, se fez igual a Deus, e assim tirava dos Sacerdotes a última palavra sobre a Religião;

2 – Político: Jesus caiu numa armadilha. O sinédrio queria acabar com ele, porque se sentia ameaçado em sua autoridade. Por outro lado, os zelotes queriam uma mudança política imediata. Apesar de não concordar com os zelotes, o sinédrio conseguiu jogar o povo contra Jesus na hora da Paixão. Pode ser que por isso Barrabás, o zelote, preso por sua ação terrorista, apareceu ao povo como tendo mais condições que Jesus para encabeçar uma libertação nacionalista (Vide Mc 15: 6-15. Idem, Sobre cristologia - p.).

Crucificaram Jesus (Vide Sepulcro caiado - p.) e jogavam na Arena os cristãos aos leões. O Império de Roma que via uma nova mentalidade e ideologia reacionária criaram a Igreja Católica Apostólica Romana.

Cito agora algumas parábolas contadas por Jesus: As Casas (Vide Mt 7: 24-29) “ Quem ouve estas minhas palavras e as obedece é comparado a um homem inteligente que construiu a sua casa sobre a rocha. Choveu, houve enchentes com ventania e ela não caiu porque foi construída sobre a rocha. Quem não obedece é como um homem ignorante que construiu a sua casa sobre a areia. Choveu, houve enchentes com ventania e ela caiu, sendo grande a sua destruição.”
Quando Jesus acabou de falar, as multidões estavam admiradas com os seus ensinamentos. Porque ele ensinava com autoridade e não como os professores da Lei. (Vide O nome de Deus em vão! – p.).

Liberdade de Expressão


“... Mas o desespero é tamanho, que
quando sonhei, pensei que estavam
mijando petróleo.”

Joseph Ratzinger (o papa Bento XVI) renunciou ao papado declarando que o fazia “pelo bem da igreja”, mas será que não foi por ter dito ao clero que “estariam instrumentalizando Deus”? Me veio à memória o caso do padre Vito Miracapillo expulso do Brasil por vários motivos, entre eles por questionar a “não independência do povo”, quando em 1980 recusou-se a celebrar a missa de 7 de setembro. Na ditadura militar teve padres enquadrados na Lei de Segurança Nacional, que envolveu Estado & Igreja, povo e autoridades civis e militares. O ex-padre Reginaldo Veloso, por exemplo, autor do hino “Vito, Vito, Vitória”, em homenagem ao padre italiano, no ano de 1989, foi suspenso das funções sacerdotais pelo então arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho. Ex-Pároco do Morro da Conceição, Reginaldo foi punido por não seguir o pensamento da igreja no estilo romano, mais centralizada em sua hierarquia e que orientava que padres não se envolvessem politicamente. Em solidariedade ao religioso, os fiéis tomaram a chave da igreja cantando:

“ A chave, a chave, a chave eu não dou, a chave é de Pedro que é pescador...”

E foi preciso a polícia intervir, uma vergonha! Na verdade, até hoje não vejo organização nenhuma que lute pelo estado laico e pela separação efetiva entre governo e religião.

Quando publiquei o meu terceiro livro “ O Cristo Mulato”(1982) ele não agradou, é claro, nem ao governo militar, nem à igreja. Nele, eu mencionava: “(...) Se o povo soubesse a força que tem, ah! Só bastaria a metade daquele povo que acompanha o Clube Carnavalesco ‘O Galo da Madrugada’, que sai do Recife nos carnavais arrebanhando uma multidão incalculável, para se rebelar contra este desgoverno...” Fiz também diversos trabalhos no ITER (Instituto de Teologia do Recife), extinto em setembro de 1989, por decisão do Vaticano! O instituto foi acusado, pelos setores mais conservadores da Igreja, de adotar a linha marxista e era voltado à formação com base na Teologia da Libertação. O ITER foi criado em 1968, não agradando à “Santa Inquisição”.

Não pretendo aqui escrever uma obra teológica ou tomar partido em conflitos religiosos, mas jamais poderei ser privado de minha liberdade, pois estou escrevendo universalmente com ousadia “Jesus”. Sem medo, sempre denunciei as injustiças sociais.

Domingo, 17 do corrente, houve um evento promovido nacionalmente pela Sociedade Livres Pensadores, em Olinda, pregando a maior integração entre os que vivem o livre pensamento, o respeito, a liberdade de expressão, etc. Com entrada franca, aproveitei o ensejo e fui distribuir gratuitamente 50 livretes da dita obra. Pasmem com o que aconteceu! Na ocasião, fui impedido de exercer meu direito democrático de divulgar meu trabalho por ateus ignorantes e preconceituosos igualmente ou talvez pior do que alguns grupos religiosos. A decepção foi grande. E ainda dizem que são discriminados. Eu, hein?!


Hipocrisias


O dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, foram     desfechados   pela  organização   terrorista Al-Qaeda e entraram para a história da humanidade. Dois   aviões   que cruzaram   Manhattan,  em Nova Iorque, naquela  manhã  atingiram   o   complexo do World Trade Center, onde estavam 17 mil pessoas. Outra aeronave despencou meia hora depois sobre a sede  do Pentágono  e  um  quarto   avião  caiu   na Pensilvânia.  Mais  de  3  mil   pessoas   morreram, incluindo os 19 terroristas.  O que ocorreu nesse dia me fez reler o que há mais de 100 anos o escritor Tolstoi escreveu em seu livro “O Reino de Deus Está em Vós”, mostrando que: " A hipocrisia geral penetrou a tal ponto no corpo e na alma de todas as classes da sociedade atual que nada mais pode indignar quem quer que seja. Não é à toa que a hipocrisia, em seu sentido próprio, significa representar um papel: e representar um papel, qualquer que seja, é sempre possível. Fatos como estes: ver os representantes de Cristo  abençoar  os assassinos  que  se enfileiram, armados contra seus irmãos, apresentando os fuzis para a bênção; ver os padres de todos os credos cristãos participarem, necessariamente, como carrascos, das execuções capitais; reconhecerem, com sua presença, que o homicídio é conciliável com o cristianismo (um pastor assistiu à experiência da execução pela eletricidade), nenhum   destes   fatos surpreende mais ninguém... mais do que podem fazê-lo centenas e milhares de homicídios cometidos por ignorantes e muitas vezes sob o ímpeto da paixão” (Ver Obras Completas de Jukovski, Vassili Andreivitch; célebre poeta russo).

 .


Hipocrisia*


Com mais de 2000 anos da vinda de Jesus Cristo a este planeta, nos passando a mensagem de dias melhores. Alicerçado através dos seus ensinamentos de amor e bondade, todavia conseguimos eleger o dia do seu aniversário, como o dia universal da hipocrisia . A humanidade desvirtuou todos os ensinamentos cristãos com as suas angústias e conseqüentemente suas ambições e intolerâncias, independentemente de raças, credos e etnias. A nação mais rica e protestante do planeta, edifica as suas vontades e verdades, alheia à miserabilidade de bilhões de seres humanos do planeta terra. Fazendo com que o livro sagrado e suas palavras, tornassem utópicas e irreais. Em nenhum momento os Estados Unidos demonstraram interesses que não fossem de sua valia e serventia. Com a chegada do Natal, este mesmo gigante consegue fazer um festival de hipocrisia, aos quatro cantos do planeta, com festividades gigantescas como decorações luxuosas, filmes invocando a presença do bom velhinho (Papai Noel), resgatando e incentivando sonhos de consumo e prevalecendo a vitória do bem sobre o mal. Assim, aprendemos através de sua presença massiva a considerá-los como perfeccionístas e com senso de justiça, imbuídos na pseudo dignidade de seus atos, mesmo que isso demonstre uma total hipocrisia (...)
A sociedade, como um todo, absorve toda essa hipocrisia com a distribuição de presentes e sorrisos hipócritas no rosto das pessoas. São mensagens falsas de carinho e incentivos! Deseja-se aquilo que não são condizentes à raça humana, tão destruída pelas mazelas que povoam nossas personalidades egoístas e falsas. Latente ao comportamento das pessoas em relação às outras, tão longe e infinitamente irreversível dos ensinamentos bíblicos . Podemos assim, eleger as festividades de final de ano, como o dia mais hipócrita de todos os tempos. Eis que chega o ano novo, as grandes cidades fazem shows pirotécnicos com o colorido no céu, pessoas literalmente embriagadas confraternizam-se com falsos abraços e beijos. No dia seguinte, vamos computar as vítimas de violência, brigas e acidentes. Demonstrando assim, que é um dia atrás do outro com uma noite no meio, sem mudanças e esperanças. Do lado da natureza, vamos deslumbrar terremotos, furacões, tufões e enchentes. Assim a humanidade edificou os seus desígnios, cultivando a intolerância na falta de amor ao próximo, sendo medíocres e literalmente hipócritas, elegendo estas festividades no pseudo intuito de uma melhor relação entre os seres humanos, tendo o disparate do desejo de um Feliz Ano Novo!!!



* Texto extraído (em resumo) do livro: "Miscelânea Recife II"-
Ed. 2012 - pp. 196-7

Fisionomia de Jesus 



Tenho recebido vários telefonemas dos leitores pedindo que fale sobre Jesus Cristo. Então resolvi transcrever, em resumo, um depoimento sobre a expressão fisionômica de Jesus através de uma carta escrita pelo senador Públio Lentulus na Judéia ao César romano, Tibério César, imperador de 14 a 37, que se refere a Jesus Cristo, que naquela época nas terras da Palestina, principiava as suas prédicas.
“Soube, ó César, que desejavas ter conhecimento do que passo a dizer-te: há aqui um homem chamado Jesus Cristo, a quem o povo chama profeta e os seus discípulos afirmam ser o filho de Deus, Criador do céu e da terra. Realmente, ó César, todos os dias chegam notícias das maravilhas deste Cristo. Para dizer-te em poucas palavras, Ele ressuscita os mortos, cura doentes e surpreende toda Jerusalém. Belo e de aspecto insinuante, é uma figura tão majestosa, que todos o amam irresistivelmente. Sua fisionomia, de uma beleza incomparável, revela meiguice e ao mesmo tempo tal dignidade que ao olhar-se para Ele cada qual se sente obrigado a amá-lo e a temê-lo ao mesmo tempo. O cabelo dele, até a altura das orelhas, é da cor das searas quando maduras, e daí até aos ombros é loiro muito claro e brilhante. É apartado ao meio por uma risca ao uso dos nazarenos. A barba é da cor do cabelo e não muito larga e também dividida ao meio. O olhar é profundo e grave; as pupilas parecem os raios do sol. Ninguém pode fitar-lhe o rosto deslumbrante. Ele é o mais belo homem que imaginar se pode e muito semelhante à sua mãe, a mais formosa figura de mulher que até hoje apareceu nesta terra. As mãos e os braços são duma grande beleza. Faz-se amigo de todos e mostra-se alegre. Quando repreende, apavora. Quando adverte, chora. Toda a gente acha a conversação dele muito agradável e sedutora (...). Nunca estudou, mas é senhor de todas as ciências. Anda com a cabeça descoberta e quase descalço (...) Muitos judeus o têm por divino e crêem nele. Também muitos o acusam a mim, dizendo, ó César, que Ele é contra tua Majestade, porque afirma que reis e vassalos são todos iguais diante de Deus...”.
 

Quem é Deus?*

No Farol da Mata foram presas diversas pessoas, banqueiros de jogo de azar, cambistas, inclusive o escritor que criticava a revolução, dizendo ter sido um golpe militar. A polícia apreendeu diversos panfletos que estavam sendo distribuídos em praça pública, um deles era sobre a divindade de Deus. Os guardas municipais arrancavam as propagandas coladas nos postes, muros, prédios da Prefeitura... O povo se revoltava com a prisão do escritor. Chamavam o prefeito de quizila, o delegado de polícia de alcoviteiro, o cônego de pedófilo. Estava igual ao Estado Novo de Getúlio Vargas. Existia a censura oficial através do então DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda).

Novamente os muros foram pichados e panfletos foram colados até na Igreja. As beatas diziam “ser o fim do mundo fazer aquilo na casa de Deus”... Os carolas se benziam, fazendo o sinal-da-cruz: “O escritor é ateu, Deus me livre querer negócio com ele. Tenho filhos pra criar...” “Minha Nossa Senhora, por que prenderam o escritor?” “Eles prendem quem não faz mal ao povo, por isso nos vem a dúvida: aonde iremos nós? quem é Deus?


Quem é Deus?


Apesar dos avanços da humanidade, continuamos a indagar e questionar a presença de um ser superior entre nós. Não conseguimos avançar um milímetro em toda esta incógnita universal. Pregamos e acreditamos em dogmas e leis que não são mais condizentes com o conhecimento humano em relação ao universo e sua evolução. Continuamos a pregar o cristianismo das cruzadas, que em sua época conduziu o homem à idade das trevas. Sendo estas as verdades divulgadas e aceitas.
Um atraso de centenas de anos, onde o simples discordar implicava em um tribunal de inquisição, assim a doutrina cristã através dos homens desvirtuou os ensinamentos de Jesus Cristo. O jogo do poder da igreja atropelou a tudo e a todos, jogando-nos às suas pseudosofias, fazendo-nos acreditar que ter fé era obrigação de todos.
No início da humanidade, com os medos e o desconhecimento dos fenômenos naturais, aliados à falta de uma estrutura jurídica estabelecida, encontraram um terreno fértil para apregoar-se as leis fundamentais, para a propagação de um conceito religioso, criando Deuses mitológicos, politeístas e com poderes inconcebíveis aos mortais.
O desenvolvimento através dos séculos e milênios mudou alguns desses dogmas. Mas ainda assistimos o proliferar de inúmeras seitas, crenças e religiões (os chamados no Brasil nos anos 50 de Nova Seita), sempre no embasamento da presença do divino entre nós, muitas vezes fugindo a uma linha da razão e da lógica.
Temos um Deus que é a nossa imagem e semelhança, em um trono divino e com poderes sobre as forças do universo, cercado de uma hierarquia dos santos, anjos, querubins e espíritos de luz. Esses conceitos, divulgados através da humanidade, persistem até os dias atuais.
Evoluímos no campo científico, passamos a conhecer com maior profundidade o universo e sua mágica na existência do infinito. E, mesmo assim, não passamos a conhecer a nossa realidade no âmbito do universo.
São bilhões de galáxias, trilhões de planetas e uma infinidade de sistemas solares.
Apesar de tudo isso, continuamos a questionar, Quem é Deus? Muitas são as atribuições a ele concebidas. Os nossos infortúnios e suas graças são predeterminadas e ditadas, não obstante as tantas injustiças cometidas à raça humana, temos terremotos, enchentes, guerras e grandes catástrofes. Sempre atribuímos esse poder decisório a Deus.
Assim, a fé se fez presente ao longo da história universal, independente de crenças ou de correntes a seguir: O dedo de Deus, nos conduz e dita-nos as suas leis e vontades, sempre apregoando as suas bondades. Fazendo-nos temer ousar em discordar. Acreditar sem ver? Esse é o verdadeiro jogo da fé. Os registros das manifestações divinas foram amplamente divulgados através das crenças religiosas.
Assim, os homens narraram e descreveram o que eles acreditavam ser o contato do divino com os mortais. No mar morto alguns pergaminhos encontrados falam com exatidão sobre esse fascinante contato entre os homens e a linguagem divina. De Buda a Cristo e ao profeta Maomé, as religiões criaram raízes e foram amplamente aceitas, não obstante a todo desconhecimento da nossa existência. A morte? Essa fascinante e desconhecida incógnita, independente de credo, nos aproxima da presença de Deus. Para que isso ocorra, temos que seguir mesmo que obrigatoriamente os seus ensinamentos. A eterna busca da paz celeste nos obriga a aceitar como verdade absoluta os seus ensinamentos.
Deus é amor. Essa é a virtude decantada ao longo de nossa existência. Foi assim que aprendemos a deslumbrar essa luz.
Todavia nos agigantamos no aprendizado da intolerância e da insensatez, marcas registradas dos seres humanos de ambos os hemisférios. As religiões de nada serviram para edificarmos um aprendizado melhor e pregamos palavras soltas, relatadas em livros sagrados. Apesar de todo nosso desconhecimento em relação à onipresença e à onipotência, divina, não conseguimos entender o sacrifício imposto a Jesus Cristo, que teve a sua presença marcada na bondade e no verdadeiro amor. Conseguimos desvirtuar todos os seus ensinamentos, não colhendo o fruto daquilo que propôs a sua vinda a este planeta. Não absorvemos um só milímetro de suas verdades. Continuamos a não entender este fantástico mundo em que vivemos, e, com toda religiosidade, continuamos a não saber Quem é Deus?
Aprendemos ao longo dos séculos que a figura abstrata do criador é quem tem os poderes sobre os destinos e desígnios. E que é dele a sua bondade, sua misericórdia e o seu perdão. Tanto nos abençoa como pode nos jogar uma eterna maldição.
Um Deus sem misericórdia e impiedoso, capaz de amaldiçoar uma geração inteira, fazendo que descendentes paguem pelos pecados dos seus antepassados.
Aprendemos que com sua bondade infinita ele é capaz de abençoar os seus escolhidos! Demonstrando assim uma parcialidade nos destinos dos filhos de ambos os hemisférios, tendo alguns a vida alicerçada na plenitude da felicidade, na estrutura familiar e com qualidade de vida boa. Outros são eternamente subjugados e espoliados, jogados à própria sorte, sem a interferência, nem a misericórdia do divino.
Todos os fatos ligados aos fenômenos naturais ou não, são atribuições de suas vontades: as grandes catástrofes, os desastres, as epidemias e os fenômenos naturais, ou seja, nada neste universo funciona sem o seu consentimento, nos fazendo acreditar que há muito as forças maléficas encontram-se inertes sem precisar atuar, pois o destino do planeta encontra-se só nas mãos de Deus. Mesmo que isto se traduza em uma infindável injustiça, só nos restando a opção de acreditar sem relutar, sem o direito a questionar e indagar: Quem é Deus?
Assim a humanidade edificou as suas verdades, distanciando-se sobre a real razão de nossa existência, a nossa presença e qual a função da vida no planeta terra. Aonde iremos nós? Quem é Deus?


* Capítulo XVIII do livro "Drogas & Crimes", ed. do autor (2003) - pp. 60-4.
Gravado em disco, mar 2003.

Menino Jesus




O poeta, que há anos se encontra na prática do Espiritismo, pegou um livro que alguém havia deixado na igreja do Bom Jesus. Lendo-o fervorosamente se viu logo curado de uma grande angústia espiritual e, a partir de então, passou a refletir se aquilo realmente não funcionaria mesmo. Enquanto folheava suas páginas  encontrou uma história que contava que em Praga foram tantos os prodígios realizados pelo Menino Deus, que daí se originou a devoção sob o título de “Menino Jesus de Praga”. O poeta conhecia a lenda que se tornou tão grandemente maravilhosa, e não acreditava tanto assim no poder da oração. E também porque não sentia certa admiração pelas religiões, principalmente quando muitos nas suas alienações pregam o evangelho...
Mas, não era por isso que o poeta não iria acreditar que o Menino Jesus tinha por hábito pregar o evangelho entre os doutores, que ouviam-no perturbados, diante de tanta sabedoria e presença de espírito.

- Por que uma criança podia saber tanto? – perguntou a si mesmo.

Por fim, sabia que existe um trecho que é fundamental aos católicos: o poder da fé como a única salvação: “Espero com confiança alcançar Vossa santa graça. Amo-vos com todo meu coração e com todas as forças da minha alma. Pesa-me de Vos ter ofendido e proponho nunca mais tornar a Vos ofender. De agora em diante, quero Vos servir com toda fidelidade e por amor de Vós, amar ao meu próximo como a mim mesmo”.

Eis a questão que penaliza a humanidade “amar ao próximo como a si mesmo”, desde a sua criação. Jesus soube amar até mesmo os seus inimigos. A humanidade deveria ser uma grande e harmoniosa família. Na igreja da Harmonia, cantavam a oração de São Francisco de Assis:
“(...) consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna!”


Será o fim do mundo?



Estando com umas amigas, uma delas lendo Feriadão em Olinda ( “Fiteiro Cultural”, p. 119): Praia de Olinda/Encontrei com as meninas/ Elas disseram:/ ‘Finalmente nos encontramos’/ Elas me reconheceram/ Eu que já havia quase desistido/ Com elas pude mostrar ainda.../ (unidas)/ Mas ao que pude até recordar/ (amando)/ Na praia de Olinda. Fomos ao Marola Bar, na Beira Mar de Olinda. Lá, ouvimos o famoso frevo do mestre Capiba, Trombone de prata, na voz de Expedito Baracho (sua primeira gravação na voz do próprio Expedito, na década de 60): “Ouvi dizer que o mundo vai-se acabar,/ Que tudo vai pra cucuia,/ O sol não mais brilhará./ Mas se me derem/ Um bombo e uma mulata,/ E um trombone de prata,/ O frevo bom viverá....”
As lembranças me fazem transportar no tempo e fazer vir à memória que, em dezembro de 2009, fiz um comentário sobre “ O fim do mundo em 2012”, escrito por Bráulio Tavares. A referida crônica foi publicada no jornal da Paraíba e postada num blog... (Por motivos óbvios não citarei o nome) e deve ter sido retirada por causa de uma polêmica sobre o poema pornográfico: “POEMA DA BUCETA CABELUDA”, escrito pelo mesmo poeta..., mas essa é outra história.
As afirmações para o fim do mundo, previsto para 2012, segundo os religiosos parece não ser em vão. O suposto médico e estudioso de alquimia e astrologia, Michel de Nostredame (Nostradamus), relatou em suas centúrias o fim do mundo para essa data . Juízo Final, Apocalipse. Para muitas pessoas, é uma verdadeira lenda. Mas, na crônica o poeta cita John Kappenman, da empresa Meta Tech: “Grandes correntes elétricas circulam em nossa rede, vindo da Terra através de conexões-terra em grandes transformadores. Precisamos disso por razões de segurança, mas as conexões-terra proporcionam entradas para cargas que podem danificar a rede”. Eu concordo mais com o que o poeta Bráulio Tavares diz: “ O fim do mundo, entretanto, pode ocorrer de uma maneira mais indireta, sem custar uma vida humana sequer. Pode ser apenas uma catástrofe tecnológica, que faça nossas comunicações entrarem em colapso. E a economia. E a governabilidade das nações. E a produção de alimentos, que, ao fim e ao cabo, é quem define o limite entre a vida e a morte para bilhões de pessoas.”
Finalizando esta crônica, até porque não sou cientista, estou ainda curtindo Trombone de prata:
Ouvi dizer que o mundo vai-se acabar,
(...)Pode acabar a vergonha,
Pode acabar o petróleo,
Pode acabar tudo enfim,
Mas deixem o frevo pra mim.



Sobre cristologia


Entendendo cristologia como a reflexão que, partindo da realidade de Jesus Cristo e de fé, nos remete para a nossa realidade, digo que a cristologia da sublime abstração, que é ver o Cristo Sublime, como também Espiritual, não se compromete com os pobres e se torna muito alienante, pois Jesus Cristo tomou partido pelos pobres; como também a conferência Latino-Americana em Puebla.

Essa cristologia, que é representada pelos grupos carismáticos, pentecostais, folcolares etc, esquece-se do Jesus histórico e lembra o Jesus amor. Isto se torna abstração, porque esquece a realidade do povo de hoje e porque não se compromete com o pobre. Esta cristologia é comparada ainda quando dita assim: Cristo é o poder, seria de socializar o poder temporal. Dizer que o poder dos políticos vem de Deus, isto é alienante.
O que mais me chama a atenção é a pluralidade da Igreja (dos grupos) na época de Jesus, assim como também o sinédrio. Os grupos que eram os fariseus (judeus que seguiam as leis de Moisés e se achavam puros. Povo de moral perfeita e por isso eram admirados); os saduceus (eram a aristocracia. Deste grupo saíam muitos sacerdotes que faziam parte do sinédrio. Eles faziam o jogo do Império Romano e acabavam com os movimentos contra o Império, não acreditavam na ressurreição); os essênios (eram os monges radicais que viviam fora da sociedade. Eles viviam uma vida perfeita na comunidade); os herodianos (seguiam a política de Herodes); os zelotes (vinham das camadas mais baixa da sociedade, eram guerrilheiros contrários radicalmente ao Império Romano).

Analisando o ontem e o hoje, dizemos que esta pluralidade na Igreja é representada, atualmente, pelos grupos: jovens, vicentinos, carismáticos, folcolares, que tinham as tendências diferentes em relação ao trabalho na Igreja de hoje. No que concerne ao sinédrio (notamos esse, tribunal de judeus), sendo manipulado pelo Império Romano em conjunto com algumas pessoas de um grupo, como os saduceus.Jesus, ensinando a alguns saduceus, disse: "Tomai cuidado com os mestres da lei que gostam de circular por aí com roupas vistosas, de receber saudações nas praças, de ocupar as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes, e devoram os bens das viúvas encobrindo tudo isso com longas orações: serão julgados com o maior rigor!" MC 12:38, 39 et 40.Analisando este texto, dizemos que os mestres da lei na antiguidade da Igreja eram os escribas, que hoje na nossa sociedade política (e não religiosa) são os políticos (os deputados, os senadores, os vereadores e os políticos indiretos). Com estes escribas, politiqueiros de hoje devem tomar cuidados: são demagogos, andam elegantes, usam a religião para ganhar votos do povo e jamais beneficiá-los. Essas viúvas do texto para nós são os pobres, são os índios, que são roubados e expulsos das terras pela lei dos escribas-políticos, que os grande tubarões - usam contra esses pobres coitados. Fugindo um pouco do texto, mas estando nele de maneira crítica, concluo com a parte do Sermão da Montanha, que diz: "Felizes os famintos e sedentos de justiça porque serão saciados."

Sepulcro caiado


Viver em um país do futebol?
Prisões, assassinatos, assaltos, eleições,
corrupções, desempregos, cemitérios dos vivos...
catacumbas em culto nos dias de finado.

Outras caiadas ou coloridas
de terra e flores diversas.
Uma beleza por fora estão
e por dentro em estado
de decomposição.

Lá fora os grevistas lançavam
um manifesto esclarecendo
as razões da greve à população.
Não há uma união nem amor ao próximo.
Cuja permissão do sistema
da polícia e da justiça
se mostram incapazes de resolver.

O Brasil é um grande sepulcro caiado,
como aquela citação bíblica
que agradou aos guardas que ficaram
tomando conta onde Jesus foi sepultado.




O nome de Deus em vão! 




Eu vou dizer
Muitos usam o nome de
Deus em vão.
Quem já não leu
Aqueles adesivos nos vidros
Traseiros dos carros?
“Deus me deu de presente”,
“Esse carro é propriedade de Jesus”,
“Esse veículo é guiado por Deus”,
“Deus é fiel...”

Um bem ou mal:
“Deus tá vendo!”
Não paga o que deve:
“Deus lhe pague!”
Pedindo esmola:
“Deus te abençoe!”
Fazer um pedido:
“Se Deus quiser!”
Pedido alcançado:
“Graças a Deus!”

De um perigo eminente:
“Deus me salvou!”
Correndo tudo às mil maravilhas:
“Deus é pai...” 

Termino este trabalho com a primeira Epístola de João 4: 20-21:

“Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.

Ora, temos da parte dele este mandamento, que aquele que ama a Deus, ame também a seu irmão.”



2 – Jesus


O meu nome é Jesus Amilov, filho de Onivlakovitch Amilov de Jesus, o meu pai sempre
dizia que Jesus era um louco em dizer que era filho de Deus, um Deus criado pelo homem. Eu venho copiando somente as boas ações do meu xará, tais quais suas  palavras de amor e bondade, sem essa de “graças a Deus”! Nunca ficarei como um cordeirinho, apenas para agradar grupos de alienados religiosos ou não. A natureza difere do Deus pregado pelas religiões, e quem pode nos  fazer acreditar na existência de um Deus criado pelo homem? Os próprios religiosos se contradizem. Os dogmas proíbem falar do lado humano de Jesus Cristo, mas eu falo, mesmo sabendo que isso não agrada aos alienantes religiosos, irreligiosos e até mesmo aos ateus. Claro que a manipulação das igrejas primitivas, bem como as igrejas Católica e Evangélicas, têm como base a criação do mito Jesus. Por exemplo: Um caso que aconteceu na ditadura militar de 1964 em Pernambuco-Brasil, quando da deposição de Arraes e o bárbaro espancamento de Gregório Bezerra, este que foi amarrado e, quase em passeata (sou testemunha que o povo caminhava calado atrás do cortejo militar do Exército), levaram-no em direção à Praça de Casa Forte para ser enforcado em plena praça pública, por ordem do então major Villocq. O trucidamento foi impedido graças à madre superiora do colégio Sagrada Família, que telefonou para o Bispo Dom Lamartine e o mesmo se comunicou imediatamente com o QG do IV Exército, pedindo clemência ao General Justino Alves, argumentando que não era possível que a cidade assistisse, passivamente, ao enforcamento. Se o enforcassem, ele também não seria um mito?
Alguns irreligiosos me consideram um deísta, tal como Voltaire que afirmou: “acredito no Deus que criou os homens, não acredito é no deus que os homens criaram”. Bom, como escritor e livre-pensador, leio livros religiosos, etc, para reflexão filosófica espiritualista (arte ou ciências).  

Já fui impedido de exercer meu direito democrático de divulgar meu trabalho por ateus ignorantes e preconceituosos...

Povo:

- Esse porra, é lá Jesus?
- Um lascado desse, Jesus voltou...
- Dizem que ele é sobrinho do grande Kalvinovitch, mais conhecido por “Cristo Mulato”.
- Cristo Mulato escreveu o seu livro com o pseudônimo de  Kalvinovitch Amilov!
– Ele era um homem bom.
– Sofreu muito por nós.
– Ele amava o nosso Brasil.

ALTO FALANTE (Voz de homem) – “Então, se alguém vos disser: Eis aqui o cristo!, ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos”. (MC – 13:21 e 22)

– Vocês ouviram? Ele era um falso profeta!
– Ele nunca disse ser o Cristo Jesus, ele gostava mais que o chamassem de Kalvinovitch.
- Era doido mesmo! Falar mal do governo em praça pública.
– E ele nunca enganou ninguém, e morreu defendendo esta pátria realmente há muito tempo mal governada!

MENINOS (Num só coro) – “Cristo morreu”!

– É o destino de todos nós.
– País de sofrimento  ingrato!
– País dos corruptos, como são grandes os escândalos...
– Continuaremos a luta... Aqueles dois majores da polícia provocaram tudo isto! Digo os nomes deles, sem medo de errar...
– Nem diga, que me causa nojo os nomes desses imbecis. Não merecem sair no livro de grande porte. Saindo, é promoção pra eles. Está no prelo o segundo livro de Kalvinovitch. Sairá lá para outubro ou novembro. Não sai agora por causa destas propagandas políticas. As editoras gráficas estão cheias de serviço.
- E o teatro, vamos terminar?
–  Vamos, sim. Kalvinovitch fez tudo direitinho, e pede para você dar prosseguimento aos seus trabalhos com o resultado do novo governo! ele escreveu pouco sobre os CRISTOS brasileiros.
– Eu já li os manuscritos dele. São ótimos... eu sou suspeito... O seu quociente de inteligência (QI) era muito elevado e...
– Ele escreveu até o mês passado. – dizia o padre.
– O meu dever será cumprido.
– Sim, você está pensando bem. Dê continuidade, mesmo. O nosso povo tem que assistir a esta peça. É de lei.
– Eu estou esperando as eleições para presidente da República e vamos ver quem será eleito, se vai ou não fazer um bom governo.
– Deus ouvirá as nossas súplicas. Aguardaremos. – dizia uma beata.
– Irei, agora mesmo, buscar o teatro de Kalvinovitch e dar uma pressa no romance. Época de campanha política é parada, é fogo esta gente...
– É isto aí. Depois, você me entregue.
– Tchau, gente.
- A Copa do Mundo este ano será em casa, pois este é o País do Futebol. A presidente já disse que torceu pelo Brasil mesmo presa em plena ditadura militar.
- É disso que o povo gosta, quem não se lembra quando o Brasil foi eleito sede da Copa do Mundo 2014?, ninguém protestou. Estarei relendo, após a Copa, o poema de Carlos Drummond de Andrade “E agora, José?”


Nota – Alguns trechos extraídos da peça teatral
 “O Cristo Mulato”, ed. 1994, foram encontrados na mochila de Kalvinovitch apenas são lidos pelos personagens (Onivlakovitch e Berenice).

Recife (Casa Amarela) – Pernambuco – Brasil,
outubro, 2013 / novembro, 2014.