terça-feira, 31 de julho de 2012

Ancestrais




Ancestrais* 

Por José Calvino 

A mulher que é fonte
de inspiração poética
dedico esse poema
à minha musa inspiradora

Antepassados
nossos ancestrais
vieram de Portugal
e da África.

Da poesia, eu te vejo
daquele amor antigo
eu fico igual um bruxo
invento um amor sem veto.

Poeta, filho da poesia
das nove musas.
O poeta pintor
pintou as musas
(brancas, negras, índias & mulatas).



* Extraído do livro: "Fiteiro Cultural", p.123 - ed. esgotada. 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Nossa politicagem festiva

                                               
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Nossa politicagem festiva

Por José Calvino


 
Em uma noite qualquer com o tilintar de copos, e o desfile de gente bonita, sarada e saudável. A leve brisa soprando do verde atlântico, com mil flertes e grandes bate-papos, tendo-se a nítida sensação de que estamos no primeiro mundo. A presença de dezenas de carros novos e muitos importados, o cheiro de perfume de qualidade impregna o ambiente. Assim é a cara de alguns bares no Recife e Olinda. Ponto de encontro da nossa classe média, em ambientes sofisticados, com preços inacessíveis à ingente maioria da classe proletária brasileira.

Caracterizando-se pela sua opção de "ricos", onde discutem-se política com relação ao futuro do País. Um point caracterizado pela freqüência dos metidos a ricos e politiqueiros da pior espécie, que de tão longe conhecem os reais problemas nacionais. Os sofisticados coquetéis e um derrame de um bom malte escocês retratam com nitidez toda essa alienação coletiva.

São cartões de crédito, cheques especiais e dinheiro em espécie, com contas astronômicas que dariam para comprar diversas cestas básicas, fugindo em muito à atual realidade da classe trabalhadora, que desconhece os sabores dos filés à parmegiana, dos salmões defumados, casquinha de siri e do caviar. Pessoas que clamam por uma justiça social e melhor divisão de rendas, sem ceder um milímetro em sua qualidade de vida, um festival de hipocrisia que fazem-nos acreditar que vivenciamos uma autêntica democracia festiva, longe, muito longe da atual realidade nacional.

A atual trajetória dos políticos e suas alianças comprometem, e muito, o futuro em prol do social. A fé popular deve manter-se acima das alianças formuladas em gabinetes refrigerados ou em hotéis de luxo. Os interesses populares devem-se sobrepor a todas as alianças e interesses pessoais ou de grupos políticos, sob pena de jogarmos pelo ralo os sonhos e anseios de milhões de brasileiros. É a hora e o momento de enterrarmos séculos de injustiças, com a construção de uma nova pátria. Fazendo-nos distanciar desta politicagem festiva, que só conhecem o País porque escutam falar, e que estão alheios e alienados da real verdade de penúria desta gigantesca e injusta nação, que amamos, idolatramos chamada Brasil!!!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ir...



Ir...


Por José Calvino de Andrade Lima

Viajando no trem da antiga Floresta dos Leões (Carpina) para o Recife, Andréa só pensava em suicídio. Era o fim!
- Um país que só vive de miséria, prostituição, jogos de azar..., as autoridades sendo subornadas pelos poderosos, nada mais podemos esperar!

Desde criança, Andréa nunca viu governo bom que olhasse os problemas de nosso povo. Era o grande problema sócio-cultural. Agora, vinha a outra eleição. Revoltada, pensava: “Não voto em nenhum, todos são corruptos! Todos são iguais e calçam quarenta! Engraçado é um governador ganhar menos do que as várias categorias, pelo menos do Legislativo e Judiciário. Eu tenho certeza de que o salário do governador é inferior! Mas, por que então eles querem ser? Eu mesma estou chegando ao fim, não posso, não posso mesmo, eles me prostituíram. Agora é tarde e Inês é morta, meu Deus, não tenho mais controle, não posso raciocinar, estou perdida. Amanhã, talvez, alguém escreva tudo isso para alertar à juventude que as drogas não são somente maconha, cocaína; que o álcool também é. Só faz prejudicar a saúde e subir aos poderosos. Estes, são os que mais se beneficiam. Eles agem assim porque sabem que o nosso povo é analfabeto e os que sabem ler são incultos, e assim mesmo os que gostam não têm tempo, pois trabalham direto. Outros, enfrentam escalas até mesmo de 24 por 24, e a maioria, desempregados. O clima nosso também não ajuda. Ainda por cima o governo fazendo a cabeça do nosso povo com este “slogan” de: “pra frente Brasil!” Meu Santo Deus, aonde nós vamos parar? Vamos e vamos, pra onde?

Retirava da bolsa uma carta antiga do seu companheiro Rômulo que continha muita coisa erótica com história política-social e de sua vida de infância:
“Rapaz, na época do ‘Brasil, ame-o ou deixe-o e ‘Pra frente Brasil’, amar – e ir pra onde?

Ainda bem que o Brasil foi tricampeão mundial de futebol, e estava concorrendo pra ser campeão da miséria, sem os oitenta milhões das multidões dos anos setenta sentir!

Fora até o carro-restaurante e lá pediu uma cerveja. Enquanto saboreava-a, olhava pela janela as paisagens, de vez em quando lia e relia os manuscritos de Rômulo:
“... lembro-me bem do tempo de minha infância, um tempo que não volta mais, brincadeiras de bola-de-gude, empinar ‘papagaios’ e ‘carambolas’ (feito por papai), pega, jogar pião, de se esconder, de bodoque, de índio, bola-de-meia, sendo o que mais gostava era o do jogo de botão, pingue-pongue e o de futebol. Era o maior peladeiro da ‘paróquia’. No de botão lembro-me bem que a maioria dos meus amigos que tinham pais com condições de comprar na loja botões com distintivos dos clubes Náutico, Sport, Santa Cruz, América, et cétera. Os meus, na maioria eram de quenga de côco e de chifre feitos na oficina de seu Francisco. Uma vez estava tentando fazer um botão de quenga e cortei a mão esquerda, ainda tenho a cicatriz... Os dois ‘béques’ eram de tampa de brilhantina de nomes: ‘Chicão’ e ‘Trovão’. Eram respeitados pelo tamanho das tampas. Quando eu estava com raiva cometia ‘falta’, jogando os ‘full-backs’ de encontro aos adversários espalhando-os. Eu tinha dois jogadores que eram do capote de meu pai, que foram retirados para completar o time de ataque. Estes, se chamavam Procópio e ‘Bicicleta’, furavam gols mais do que os outros. Eu usava a paleta deitada nas jogadas mais difíceis. ‘Bicicleta’, por exemplo, era virado e a paleta idem, idem, tirava a bola de cortiça do adversário de fazer inveja aos que assistiam. Mas, um dia, numa das partidas, papai flagrou os seus botões na mesa, parafinados como os melhores ‘jogadores’ do meu time-de-botão. Então, ele não se incomodou. Papai era uma pessoa maravilhosa e senti que ele ficou contente por ser a minha equipe a melhor, ganhando para os que tinham os seus times de luxo! O meu goleiro mesmo era uma caixa de fósforo cheia de areia, mas para mim era o melhor goleiro do mundo, ele era revestido com papel crepom verde com um desenho de uma estrela branca de celofane colada. Era difícil levar um gol.

Lembro-me também que apanhava fitas cinematográficas usadas, na frente dos cinemas, e as levava pra casa para brincar de cinema. Colocava-as no lado oposto de uma lâmpada queimada, de cem velas e enchia de água. Improvisava, assim, um mini-cinema. Recortava dois quadrados em cada lado de uma caixa de sapato, também vazia. A lâmpada era introduzida no meio, entre os dois quadrados, da referida caixa. Um quadrado servia de tela e o outro colocava as fitas, ampliando-as. Ali também era o meu mundo! Recordar é viver...”

(Capítulo 15 do livro “Aonde iremos nós?”, Ed. do autor – 1983).

terça-feira, 24 de julho de 2012

O dia em que o Recife entrou em pânico


                                                 
                                                   

O dia em que o Recife entrou em pânico

 José Calvino de Andrade Lima

Era uma manhã de 21 de julho de 1975, dia de sol, céu azul. No centro do Recife, o movimento nas avenidas (Guararapes e Conde da Boa Vista) era imenso, com bicicletas pelas calçadas, na contramão, carrocinhas também na contramão, cocô e mijo de gente nos becos e vielas, um cheiro de lama e sujeira por toda parte. Aliás, Recife continua suja. A linda paisagem dos manguezais que beiram o rio Capibaribe, em frente à Casa da Cultura, apresentava marcas de lama que exalava um odor de pântano. O rio Capibaribe arrastava os bálsamos das algas baronesas por baixo das pontes. Recife estava triste devido às chuvas recentes que causaram estragos pela inundação do Capibaribe.

“Tapacurá estourou!” Foi o alarme anônimo. A cidade seria destruída. O pessoal corria de um lado para o outro, repartições públicas ficaram vazias, lojas fecharam suas portas, carros na contramão, acidentes de trânsito, pessoas acidentadas, ônibus invadidos, na volta para os subúrbios. Um caos. Wilson que mora no Morro de Nossa Senhora da Conceição, bairro de Casa Amarela, um assíduo do centro do Recife, quando soube resolveu voltar no mesmo ônibus que retornou da avenida Norte (hoje Av.Norte Miguel Arraes de Alencar) , ficando em casa ouvindo as notícias pelo rádio. A minha esposa Maura, que se encontrava no segundo andar dos Correios & Telégrafos, ouviu o alarme : “A barragem de Tapacurá estourou, vem é muita água!”

Como nós morávamos no bairro do Prado, próximo da avenida Caxangá, os prejuízos foram enormes por se tratar de uns sete quilômetros em paralelo ao rio Capibaribe. Um senhor disse logo: “Passou foi cavalo nadando no Capibaribe!” Sabendo que iria se encontrar comigo na Central de Comunicações do Palácio do Governo, ela chegou desesperada com a notícia, pois na cheia de 70 em nossa casa entrara uns 70 cm d’água .O então tenente da Polícia Militar Marcus Marvão, dirigindo seu carro, percebendo que o trânsito estava uma loucura, ouviu alguns comentários desesperadores avisando a catástrofe que estava para acontecer, a barragem de Tapacurá havia rompido. Então resolveu avisar ao oficial de dia do Batalhão de Guardas, anexo ao Palácio do Campo das Princesas.

O então governador José Francisco de Moura Cavalcanti, que se encontrava despachando em seu gabinete, já havia decretado calamidade pública, em consequência das recentes inundações. Incontinenti, o oficial de dia avisou ao governador: “O Tapacurá arrombou e vai acabar com tudo, o povo está em pânico nas ruas!”Moura Cavalcanti então convocou urgente o coronel Geraldo Pereira, chefe da Casa Militar, procurando saber o que estava acontecendo. Este respondeu que tinha dado ordens para a Central de Comunicações da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros escalarem policiais de prontidão no setor de administração da barragem, comunicando-se diretamente com a Central de Comunicações do Palácio. Ao transmitir o pedido de informações, recebeu a resposta de que estava tudo normal. Quando o oficial de dia recebeu o comunicado de que o helicóptero que havia conduzido o governador com os coronéis, o Chefe da Casa Militar e do Corpo de Bombeiros, iria pousar em frente à Assembléia Legislativa, na rua da Aurora, enviou um grupamento de soldados marchando em passo acelerado, todos com gorros de pala correndo pela ponte Princesa Isabel. Foi aí que os civis acreditaram que realmente a barragem havia estourado, “ Olha a polícia correndo. Misericórdia, meu Deus do céu!” Numa cena hilária, os gorros de alguns soldados foram arrancados da cabeça dos militares pelo forte vento da hélice do helicóptero, chamando ainda mais a atenção dos que se encontravam em pânico.

Repentinamente o governador, em plena rua do Hospício, em frente ao Diretório Central dos Estudantes, disse aos estudantes agitados: “Não é verdade, vocês acham que se Tapacurá houvesse arrombado eu estaria aqui agora? Então, eles começaram a se acalmar e os mais agitados passaram a controlar os demais, que saíram avisando para o povo: “É mentira, Tapacurá não estourou, é tudo boato, não é nada!”

As emissoras de rádio e televisão desmentiam os rumores da notícia e a cidade que viveu a explosão do pânico, foi reordenando-se aos poucos. O rádio transmitia o desmentido pela própria voz do governador do Estado. Os jornais noticiaram que tudo não passara de um simples boato. As autoridades aproveitaram-se e logo trataram de acusar os “subversivos” (era a moda do regime militar) e a polícia começou a prender suspeitos... O tenente Marvão quase era enquadrado na Lei de Segurança Nacional. O oficial de dia do Batalhão foi punido por ter mandado os soldados em passo acelerado, causando mais transtorno para a população.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Mão Branca





Mão Branca 


 Por José Calvino


O assassinato nunca mudou a história do mundo.
                   (Benjamin Disraeli)


Sábado em minha residência, eu conversando, como faço sempre, com meu amigo da velha guarda, Azambujanra, relembramos após 40 anos as manchetes dos jornais (anos 60/70). Recordamos da denominação “Mão Branca”, uma lenda para mim. Os jornais e rádios da época noticiavam que o codinome era em função da “luva branca” deixada sobre o corpo das vítimas. Mas Azambujanra contou sua nova versão, tim-tim por tim-tim.

Tudo começara no início da década de 60 e caracterizava-se, no Brasil, pelo movimento das Ligas Camponesas, greves sindicais e subversão hierárquica nas Forças Armadas. Dentro da ética militar se tornava um ato patriótico prender, ouvir sob coação e meter no xadrez os “subversivos”, as perseguições e mortes. Vantagem para as elites e seus companheiros internacionais. A cúpula golpista do Exército, com alguns elementos da polícia política, se entrosavam nos sindicatos, associações e outras entidades consideradas subversivas e que incomodavam às elites, ostensivamente.

Segundo ele, na época houve uma passeata de protesto liderada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) pela Av. Guararapes, centro do Recife, rumo ao palácio do Governo do Estado. Por coincidência, um grumete ao passar fardado no meio dos estudantes foi filmado pelo serviço secreto do Exército que, automaticamente, enviou o conteúdo para o serviço de inteligência da Marinha. A alegação do grumete era o de que ia para o bairro do Recife Antigo. A Associação da Marinha e Fuzileiros Navais, liderada pelo ex-cabo Anselmo, na época aclamado publicamente como inimigo do regime que viria a ser instalado em 1964.

Quando o regime militar subiu ao poder, uma das primeiras atitudes dos militares golpistas foi o expurgo dentro da caserna. Todos aqueles envolvidos em movimentos considerados próximos à esquerda ou simpáticos ao governo deposto, foram expulsos das corporações, sendo presos e condenados. Surgiram então vários assassinatos, assaltos, explosões de bombas e seqüestros de embaixadores... Mas na verdade não foi somente o Mão Branca, pois no período existiam também vários grupos de extermínio com esquadrões da morte que surgiram no cenário da polícia. Eles mesmos telefonavam dizendo que havia um cadáver (na gíria deles “presunto”) em tal lugar e que o Mão Branca era quem o tinha matado. Aí, todo mundo dizia que o matador era o Mão Branca. Centenas de criminosos foram mortos em nome do assassino lendário. O fato é que o Cabo Anselmo e o conhecido “Mão Branca”, fugiram da prisão inexplicavelmente. Azambujanra foi sabedor ainda que o ex-marinheiro e militante revolucionário Anselmo escapara de uma cela e que, ilicitamente, o fugitivo possuía a chave da mesma. Já o ex-grumete, que fora humilhado e torturado teve o apoio da Associação da Marinha, por ser associado, complicando desta feita mais ainda a sua inocência. E como já havia sido afastado da Marinha, fora preso e estava desenganado, achou por bem fugir como “Marreca”, que nos anos 50 fugira da ex Casa de Detenção do Recife, num caminhão de mudança dentro de um guarda roupa. Será mesmo que a polícia não sabia de nada disso? A imprensa logo, logo, divulgava ter sido a fuga uma reza que o fazia desaparecer. Mão Branca era um assassino de sangue frio, revoltado. Ele matava os bandidos mais perigosos e como vingança, seu principal objetivo, marcava os corpos das vítimas com as letras MB em tinta spray branca, para envolver assim a Marinha do Brasil. O ex-grumete até hoje ninguém sabe se está vivo ou morto.




quinta-feira, 19 de julho de 2012

Guabera, Guaberinha e Guaberão






Guabera, Guaberinha e Guaberão


José  Calvino



A maioria dos meus amigos leitores de Casa Amarela, considerado o maior bairro do grande Recife, leram os meus livros, sobretudo os que falam sobre “Reminiscências de minha Casa Amarela.” O ex-jogador Brivaldo, recentemente vindo de São Paulo, a passeio, adquiriu o meu recente livro “Fiteiro Cultural”, e se admirou ao ler na página 293: “(...) Guaberinha (ex-jogador do Santa e do América, falecido) foi, para mim, o melhor do mundo, pois jogava em todas as posições, até de goleiro.
Sou testemunha ocular de quando Guabera rebateu a pelota de bicicleta como goleiro.”
Isso gerou a maior discussão, pois o Brivaldo disse que o Guabera está vivo e que o havia  abraçado no Alto José do Pinho, na presença da esposa e filhos. Alguns confirmaram que o Guabera está vivo e outros, com certeza, afirmavam ser falecido. Valeu a discussão e eu, por minha vez, só fiz retificar que o mesmo não jogou no América, vejamos mais adiante. Domingo com alguns amigos subimos ao Alto José do Pinho para conferir a veracidade dos fatos. Lá chegando, fomos  à residência do senhor José Barbosa de Paula, 83 anos de idade, nascido no local em 03 de setembro de 1928, com o codinome Guabera por ter sido um jogador duro nas jogadas, igual ao famoso Guabera. O mesmo relembrou ter jogado comigo nas peladas do Campo do Ipiranga e Canto da Vila. Jogou no time Bom Sucesso (Alto José do Pinho), um dos melhores times de Casa Amarela. Até então os leitores devem estar se perguntando se o Guabera está vivo.
Vamos para as datas e conferir os registros jornalísticos e literários: 1 – Pesquisei o livro: 85  Anos de Bola Rolando, de Givanildo Alves. A elaboração do projeto gráfico e capa foi feita pelo meu filho Euclides de Andrade Lima. Em 1929 com a participação de oito times, incluindo o Torre em que Guabera começou a jogar em 1933 como back (lateral) direito. Em 1937 aparecem no cenário do futebol Guaberinha e Guaberão, que entram no Tramwais, tendo Guaberinha integrado em 1939 a Seleção Pernambucana durante muito tempo. Guaberinha jogou em todas posições. De 1938 até 1940 Guabera, Guaberinha e Guaberão jogaram juntos pelo Tramwais, pp. 201/262/266.
Em 1942, Guaberinha passou a jogar no Santa Cruz, pp.275-6. Em 1951 passou a jogar no então Auto Sport, pp. 330/333.
Reminiscências me dão gosto do retorno e provoca em mim grandes saudades de minha juventude. Comentamos sobre as malvadezas de Guaberinha e Guabera relembrou que num amistoso Santa Cruz x Fluminense, Guaberinha cobrou um pênalti que o goleiro defendeu de soco, se machucando. Ele fez que ia socorrer e torceu a mão do goleiro para que não continuasse jogando.
Esta eu escrevi para o Jornal do Commercio em 1996, sob os títulos: Reminiscências, JC 24/07/96 e Guaberinha, no mesmo ano: “(...) tenho recebido vários telefonemas dos leitores do JC relembrando quando o então jogador de futebol Guaberinha comportava-se de maneira sem vergonha para com os adversários: nas cobranças dos córner (escanteios) Guabera dava ‘dedadas’ (no ânus) dos adversários e marcava gols de cabeçada! Quando não era isso, provocava ocultamente  o adversário e corria como vítima em direção ao árbitro dando margem  o juiz expulsar do campo o jogador ‘agressor’, ficando assim até então o time adversário desfalcado! Tudo isto era sabido por todos da velha guarda, pois era um jogador de futebol completo, até mesmo nas artimanhas perante os bandeirinhas e o juiz.”  
Bem, fui vizinho dele. Morávamos próximo ao saudoso campo do Ipiranga – Casa Amarela. O seu nome era Gerson Lins de Miranda, o Guaberinha. Antes de pendurar as chuteiras em meados dos anos 50, jogou no Ipiranga e no Estrela (Seleção de Casa Amarela). Foi técnico por pouco tempo do Íbis e do Auto Sport. Depois foi árbitro nos jogos dos bairros. Até morrer foi torcedor do Santa Cruz. Em 1965 ele era funcionário do Colégio Dom Vital, em Casa Amarela. Crente, só falava em nome de Jesus: “Jesus te ama”!

Nota – Pessoalmente, só conheci Guaberinha, Guaberão (nos anos 60 tinha um fiteiro de cigarros no Varadouro-Olinda) e o novo Guabera do Alto José do Pinho.


Foto 1 – Guaberinha, o terceiro em pé, da esquerda para a direita, defendendo a Seleção Prnambucana de Futebol, 1946.

Foto 2 – Guabera do Alto José do Pinho, 2012.


         

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Luiz Gonzaga, pernambucano do século XX




Luiz Gonzaga, pernambucano do século XX 


Por José Calvino 


Em meados de dezembro de 2002, comentei quem seria o pernambucano do século? Penso que atribuir a uma só personalidade este título, traduz-se como uma tremenda injustiça e falta de reconhecimento para com as obras dos demais. As personalidades escolhidas, nem de longe traduzem o conhecimento popular atribuído ao Rei do Baião Luiz Gonzaga, agraciado com o título. Realmente, Lula conseguiu o difícil intento de divulgar a música regional e dela sobreviver sem perder um milímetro qualquer de suas origens. Sempre buscando através da música resgatar o lamento e o sofrimento do povo do nordeste, ecoando aos quatro cantos do país, alertando o que ocorre nos bastidores dos excluídos. Tornou-se assim, o mais popular e querido cantor dos nordestinos. Mas, muito longe de tornar-se o pernambucano do século. Qual seria o cantor mais popular de Pernambuco? Com certeza seria justo atribuir a Luiz Gonzaga esse título. Não podemos esquecer que nossa ingente maioria popular é composta por pessoas simples e com pouco conhecimento da cultura do nosso Estado. Quem conhece a vida de Barbosa Lima Sobrinho?, e o que ele representou na história política de Pernambuco e do Brasil? Francisco Brennand, com todo o seu riquíssimo acervo artístico e cultural, que o fizeram ser considerado um dos melhores escultores do mundo? E a vasta obra do educador Paulo Freire, referência atual nos meios acadêmicos educacionais? As poesias de Manuel Bandeira, que enalteceram a vida cotidiana dos recifenses e suas musas inspiradoras? A beleza das músicas do cidadão Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba, que ainda perduram nos carnavais atuais, não deixando o frevo perecer? A participação acadêmica de Austregésilo de Athayde, imortalizado na Academia Brasileira de Letras? E conseqüentemente a vida e obra do mestre Gilberto Freyre, um estudioso sociológico da etnia brasileira, que teve seu livro “Casa Grande & Senzala” divulgado e traduzido em diversos idiomas, mundo afora.. E seu primo João Cabral de Melo Neto, um dos maiores poetas do país, entre outros pernambucanos que fizeram história através de suas vidas, sendo imortalizados na cultura de nosso Estado? Enfim, assistimos um festival de injustiças, sem desmerecer o mérito atribuído ao rei do baião . Me permitam, mas na minha opinião o justo seria escolher entre as propostas de vida, as daqueles que fizeram suas atribuições profissionais, destacando assim os melhores e divulgando para conhecimento popular todo o rico acervo que engrandeceram esses homens e mulheres, fazendo-nos sentir orgulho e respeito por nossa condição de pernambucanos, que fizeram deste Estado um destaque nacional quer pela cultura, arte, literatura e música. Pensando nisto, muito sabiamente, o empresário João Carlos Paes Mendonça lançou campanha de incentivo à região com o slogan “Orgulho de Ser Nordestino”, que vem ajudando a fortalecer o espírito de muitos pernambucanos, porém sem deixar de lado a noção de nacionalidade. E que, assim, possamos passar para os nossos filhos e netos, o orgulho do rico acervo humano de nossas personalidades.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Candeias

       
                                                   
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Candeias*  

Por José Calvino 

Ilha do amor
Recanto poético
Candeias
Praia, mar e calor
Eu estava contigo
Na Candelária
Que não existe mais
Vento do sul
Lembrança poética
Na fosforescência
Eu vi florescer os meus jardins

* Folha de Pernambuco, 09/09/2005.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Maracatu Barco Virado

                                               
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Maracatu Barco Virado
José Calvino 
Olha que batuque, minha gente,
eu quero mostrar,
é o Barco Virado,
pra todo mundo dançar.

Dança preto e dança branco,
no Maracatu da Mata,
já dançavam os escravos,
sob o som dos atabaques.

O Maracatu no Paço,
ao paço pela tarde,
os reis vão assistir,
o rítmico do passo...
a alma negra está em nós,
o espírito da liberdade,
o batuque no terreiro,
este samba é de nós.

Dança, dança, minha gente,
hoje não há mais escravos,
e vamos sambar,
eu quero é sambar,
eu quero é sambar...

terça-feira, 3 de julho de 2012

Pau Amarelo


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Pau Amarelo* 
                      

 Por José Calvino  

Pau Amarelo
Ipê de praia
peguei a jangada
no verde do mar
Pau Amarelo
Nasceu amarelo
E morre amarelo
Rolando na praia a jangada “pro mar”
Os cajueiros juntos
Com suas folhas verdes
E cajus amarelos
Cores do nosso Brasil
Paus brasis ipês do nosso país
É a ciranda verde e amarelo
Na cantiga e na dança
Vamos entoar
Dançando à beira mar...

* Folha de Pernambuco, 20/08/2005