sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Recife das sorveterias




Recife das sorveterias

Por José Calvino 


As sorveterias do Recife, nos anos 50, eram bastante procuradas, sobretudo após as sessões dos cinemas São Luiz, Moderno, Art Palácio e Trianon. Infelizmente, os mesmos não mais funcionam. Nos feriados e aos domingos, além dos cinemas no centro da cidade, o pessoal tinha o costume de olhar as vitrines das principais lojas das ruas Nova, Imperatriz e Palma.

Segundo Mário Sette em seu livro “Arruar”, página 264: “No século passado as pastelarias e sorveterias vulgarizavam-se no Recife. Sobretudo o sorvete, deliciosa novidade da época, quando o gelo ainda vinha de fora. As famílias iam-se acostumando a tomá-lo, embora em salas especiais com toda a decência”.

A sorveteria mais conhecida e procurada era a Gemba, que pertencia ao japonês Heiji Gemba, e funcionava, inicialmente, na Praça Joaquim Nabuco, perto do Cinema Moderno. Em meados da década de 40, com a declaração de guerra do Brasil aos países do Eixo, a sorveteria foi maldosamente depredada, com grandes prejuízos para o japonês e para os outros comerciantes alemães e italianos, aqui estabelecidos, que não tinham nada a ver com a II Guerra Mundial (sic).

Na década de 50, a Gemba reabriu na Rua da Aurora, número 31, próxima ao Cinema São Luiz. Mas, já nos anos 60, com o início da decadência do movimento econômico-social da cidade, o então tradicional estabelecimento deixou de funcionar.

Outra sorveteria bem freqüentada era a Pérola, bem próxima, também, do então Cinema Moderno. Hoje com características diferentes funciona mais como bar, sob a direção de Hercolina Cortizo, filha do espanhol Soladino Cortizo Gonzaga.

“Deus uniu Dois Irmãos”, a frase inspirou os donos da Sorveteria Dudi, que funcionou durante os anos 50 ao lado da residência do Comandante da 7ª Região Militar, Parque 13 de Maio e da loja de Móveis que tinha representante no Nordeste das famosas camas “Patente”. Nos anos 60, a sorveteria deixou de funcionar.

A Sorveteria Botijinha funcionava na Rua Matias de Albuquerque, 146. Seu primeiro proprietário Carlos Pena, era pai do poeta Carlos Pena Filho. Foi um lugar frequentado por pessoas da elite recifense, isto é, até o início dos anos 60. Até recentemente, funcionava exclusivamente como bar, mas no ano passado, foi totalmente fechado, permanecendo ali o “Fiteiro Cultural”, que era seu vizinho de número 145.

4 comentários:

  1. Caro ESCRITOR ,POETA e contador ( isso � aquele que narra historia) ou seria tambem cantador ? vai saber. Manda abra�os para o ja famoso aqui no peda�o AZAMBUJANRA.
    P.S. FALA PARA ELE TOMAR UMA SOPA LA NO EVERALDO JUNTO AO O NOSSO FAMOSO E QUERIDO WILSON, PORQUE NAO SO DE SORVETES VIVE O HOMEM.
    RIO/OUTUBRO 2012

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  2. Conheci os irmãos judeus donos da sorveteria DUDI...Na década de 1950, por volta de 1957-1958, meu pai tinha dois clientes judeus que eram judeus e donos da DUDI...Eu tinha 7 ou 8 anos. A história desses irmãos me comove até hoje...Deixa-me em prantos...Um dos irmãos me contou que, fugindo da perseguição, vieram, com seus
    parentes para a Américas...O sonhos dos judeus era New York, mas, muitos vinham parar no Brasil...Muitos iam para Buenos Aires...No entanto os irmãos judeus se perderam de seus familiares e cada um seguiu seu rumo...Guerreiros, como todo judeu, cada um fez a sua vida, levando em frente suas vidas, sem saber o paradeiro um do outro...Passados alguns anos - não tenho ideia de quantos anos - numa das pontes desse meu Recife - encontraram-se...Esse encontro casual já era um sonho quase impossível....Mas DEUS UNIU DOIS IRMÃOS!!!! Não posso conter as lágrimas...Desde a infância esse fato me comove...Pena que tenha saído de Recife...Sei que um dos irmãos tinham duas meninas que estudavam comigo...E DEUS UNIU DOIS IRMÃOS - Sorveteria DUDI, parque Treze de Maio, fim da década de 1950....

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    1. Que história interessante, muito legal! É de se emocionar mesmo!

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  3. Vim ao Rio de Janeiro visitar uma senhora de 93 anos, pernambucana, que vive em Niterói desde a década de 70. Ela me perguntou sobre a sorveteria Botijinha. Eu, Olindense, nascido em 1976, nunca tinha ouvido falar. Fui pesquisar e cai aqui nesse blog. Parabéns pelo resgate da história de uma parte da história do Recife.

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