quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Estação Central da Cultura





Estação Central da Cultura

Por José Calvino 


Recordando o passado

Fito no presente

Fiquei escoteira

Sem sair da esplanada...

A todos eu quero que me vejam!



A tarde durava cinco horas. Às 17 h, o passeio turístico de trem. “Maria Fumaça Bar” começava a funcionar. Sardinha Filho deixava o seu gerente administrando o “Vagão Bar” na orla marítima do Farol. Por brincadeira Azambujanra havia dito que iria comprar uma locomotiva abandonada próxima à antiga estação ferroviária do Farol da Mata. A família Sardinha soube e incontinenti  a comprou. Os Sardinha mandavam no Farol. O que se dizia era  que o visitante também havia dito que, como não conseguiu comprar a Maria-Fumaça, compraria um vagão da antiga Great Western que se encontrava abandonado na orla marítima. A notícia se espalhou. Azambujanra, na verdade, estava brincando e na verdade não tinha condições para comprar o dito Vagão, nem tão pouco a locomotiva.

Dona Azambujanra pegou o bule azul, de ágata, com desenhos de margaridas e despejou o café nas xícaras de porcelana desenhadas com flores e passistas do frevo (do samba). Enquanto tomava o café da manhã, pensou: “Por que os Sardinha têm prazer de mostrar que tudo do Farol é de sua família?” Azambujanra sabia que a família Sardinha era uma das mais poderosas do Brasil e representava o Farol. Nisso, o telefone toca, e  novamente ele  escuta a voz entusiasmada de Gerlane que, futuramente, haveria de ser sua mulher e gerenciar os seus negócios. A primeira iniciativa foi comprar a sua própria casa, pois não estava mais com paciência de fazer negócio com os Sardinha. 

- Essa casa é mais apertada do que uma lata de sardinha! – disse o poeta de Olinda.

A restauração da centenária Estação Central se iniciara simultaneamente à da centenária Maria Fumaça e do vagão de trem, todos tombadas como patrimônio histórico ferroviário. O lugar seria batizado Estação Central da Cultura Sardinha. Uma dos Sardinha lembra-se de ter recebido um telefonema do governo, falando sobre a homenagem, anos atrás. Mas, o Espaço ficará sem o nome de Sardinha. O novo centro cultural ocupará o casarão principal da antiga Estação Ferroviária. O Museu de Trem será reinstalado no prédio, ação prevista para o fim de outubro deste ano. O nome de Sardinha seria uma homenagem dos politiqueiros eclesiásticos. Ele nunca foi ferroviário, nem tão pouco ligado à ferrovia.

É de se admirar os absurdos nesta campanha eleitoral que vêm ocorrendo com candidatos prometendo metrô de superfície ou plano elevado por monotrilho (Brum/Casa Amarela, com terminal em Macaxeira via Av. Norte. Idem Recife/Olinda), quando sabemos que  estes são programas federais e, se por ventura forem realizados, não serão fruto de uma mera coincidência, pois sugestões constam nos livros “O ferroviário”, p.41- ed. 1980 e “Trem Fantasma”, p.56 – ed. 2005.


Nota: O autor se inspirou no abandono em que se encontra o Museu do Trem do Recife.


Nenhum comentário:

Postar um comentário