Estação Central da Cultura
Por José Calvino
Recordando o passado
Fito no presente
Fiquei escoteira
Sem sair da esplanada...
Fito no presente
Fiquei escoteira
Sem sair da esplanada...
A todos eu quero que me vejam!
A tarde durava cinco horas. Às 17 h, o
passeio turístico de trem. “Maria Fumaça Bar” começava a funcionar. Sardinha
Filho deixava o seu gerente administrando o “Vagão Bar” na orla marítima do
Farol. Por brincadeira Azambujanra havia dito que iria comprar uma locomotiva
abandonada próxima à antiga estação ferroviária do Farol da Mata. A família
Sardinha soube e incontinenti a comprou.
Os Sardinha mandavam no Farol. O que se dizia era que o visitante também havia dito que, como
não conseguiu comprar a Maria-Fumaça, compraria um vagão da antiga Great
Western que se encontrava abandonado na orla marítima. A notícia se espalhou.
Azambujanra, na verdade, estava brincando e na verdade não tinha condições para
comprar o dito Vagão, nem tão pouco a locomotiva.
Dona Azambujanra pegou o bule azul, de ágata,
com desenhos de margaridas e despejou o café nas xícaras de porcelana
desenhadas com flores e passistas do frevo (do samba). Enquanto tomava o café
da manhã, pensou: “Por que os Sardinha têm prazer de mostrar que tudo do Farol
é de sua família?” Azambujanra sabia que a família Sardinha era uma das mais
poderosas do Brasil e representava o Farol. Nisso, o telefone toca, e novamente ele escuta a voz entusiasmada de Gerlane que,
futuramente, haveria de ser sua mulher e gerenciar os seus negócios. A primeira
iniciativa foi comprar a sua própria casa, pois não estava mais com paciência de
fazer negócio com os Sardinha.
- Essa casa é mais apertada do que uma lata
de sardinha! – disse o poeta de Olinda.
A restauração da centenária Estação Central se
iniciara simultaneamente à da centenária Maria Fumaça e do vagão de trem, todos
tombadas como patrimônio histórico ferroviário. O lugar seria batizado Estação
Central da Cultura Sardinha. Uma dos Sardinha lembra-se de ter recebido um
telefonema do governo, falando sobre a homenagem, anos atrás. Mas, o Espaço
ficará sem o nome de Sardinha. O novo centro cultural ocupará o casarão
principal da antiga Estação Ferroviária. O Museu de Trem será reinstalado no
prédio, ação prevista para o fim de outubro deste ano. O nome de Sardinha seria
uma homenagem dos politiqueiros eclesiásticos. Ele nunca foi ferroviário, nem
tão pouco ligado à ferrovia.
É de se admirar os absurdos nesta campanha
eleitoral que vêm ocorrendo com candidatos prometendo metrô de superfície ou
plano elevado por monotrilho (Brum/Casa Amarela, com terminal em Macaxeira via
Av. Norte. Idem Recife/Olinda), quando sabemos que estes são programas federais e, se por ventura
forem realizados, não serão fruto de uma mera coincidência, pois sugestões
constam nos livros “O ferroviário”, p.41- ed. 1980 e “Trem Fantasma”, p.56 –
ed. 2005.
Nota: O autor se inspirou no abandono em que se encontra o Museu do Trem do
Recife.
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