quarta-feira, 18 de julho de 2012

Luiz Gonzaga, pernambucano do século XX




Luiz Gonzaga, pernambucano do século XX 


Por José Calvino 


Em meados de dezembro de 2002, comentei quem seria o pernambucano do século? Penso que atribuir a uma só personalidade este título, traduz-se como uma tremenda injustiça e falta de reconhecimento para com as obras dos demais. As personalidades escolhidas, nem de longe traduzem o conhecimento popular atribuído ao Rei do Baião Luiz Gonzaga, agraciado com o título. Realmente, Lula conseguiu o difícil intento de divulgar a música regional e dela sobreviver sem perder um milímetro qualquer de suas origens. Sempre buscando através da música resgatar o lamento e o sofrimento do povo do nordeste, ecoando aos quatro cantos do país, alertando o que ocorre nos bastidores dos excluídos. Tornou-se assim, o mais popular e querido cantor dos nordestinos. Mas, muito longe de tornar-se o pernambucano do século. Qual seria o cantor mais popular de Pernambuco? Com certeza seria justo atribuir a Luiz Gonzaga esse título. Não podemos esquecer que nossa ingente maioria popular é composta por pessoas simples e com pouco conhecimento da cultura do nosso Estado. Quem conhece a vida de Barbosa Lima Sobrinho?, e o que ele representou na história política de Pernambuco e do Brasil? Francisco Brennand, com todo o seu riquíssimo acervo artístico e cultural, que o fizeram ser considerado um dos melhores escultores do mundo? E a vasta obra do educador Paulo Freire, referência atual nos meios acadêmicos educacionais? As poesias de Manuel Bandeira, que enalteceram a vida cotidiana dos recifenses e suas musas inspiradoras? A beleza das músicas do cidadão Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba, que ainda perduram nos carnavais atuais, não deixando o frevo perecer? A participação acadêmica de Austregésilo de Athayde, imortalizado na Academia Brasileira de Letras? E conseqüentemente a vida e obra do mestre Gilberto Freyre, um estudioso sociológico da etnia brasileira, que teve seu livro “Casa Grande & Senzala” divulgado e traduzido em diversos idiomas, mundo afora.. E seu primo João Cabral de Melo Neto, um dos maiores poetas do país, entre outros pernambucanos que fizeram história através de suas vidas, sendo imortalizados na cultura de nosso Estado? Enfim, assistimos um festival de injustiças, sem desmerecer o mérito atribuído ao rei do baião . Me permitam, mas na minha opinião o justo seria escolher entre as propostas de vida, as daqueles que fizeram suas atribuições profissionais, destacando assim os melhores e divulgando para conhecimento popular todo o rico acervo que engrandeceram esses homens e mulheres, fazendo-nos sentir orgulho e respeito por nossa condição de pernambucanos, que fizeram deste Estado um destaque nacional quer pela cultura, arte, literatura e música. Pensando nisto, muito sabiamente, o empresário João Carlos Paes Mendonça lançou campanha de incentivo à região com o slogan “Orgulho de Ser Nordestino”, que vem ajudando a fortalecer o espírito de muitos pernambucanos, porém sem deixar de lado a noção de nacionalidade. E que, assim, possamos passar para os nossos filhos e netos, o orgulho do rico acervo humano de nossas personalidades.

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