terça-feira, 5 de janeiro de 2016

"Coveiro"

Resultado de imagem para Catacumbas do cemitério de Casa Amarela


“Coveiro”

*Por José Calvino


Antônio Manoel da Silva, apelidado por “Coveiro” sem, no entanto, nunca ter sido. Alguns coveiros no cemitério de Casa Amarela comentavam entre si:

- O bom é que Toinho Coveiro vende os”DNB”, Clark, relógios, pulseiras, medalhas , anéis... no Mercado São José, sem nenhum problema...
- Ele é assim (gestos com os dedos indicadores juntos) com a polícia.
- O comissário Anacleto ganhou de presente um Rolex.
- Relógio de luxo que tiramos daquele morto metido a importante, se lembram?
-Era muito metido a merda, como se merda fosse uma grande coisa. Achei foi bom!
- Não sei pra que depois de morto ir dentro do caixão, todo bonito!
- Enfeitado de jóias,  de terno e gravata, jóias e sapatos caros
- DNB, Clark, mas menino... (Risos).  
- No meu tempo a gente dizia:  “Coveiro vende sapato barato...
- Eu comprei um DNB por cinco mil réis e cruzava as pernas para mostrar as pedrinhas que ficavam nos reguinhos do solado, se não, não era DNB legítimo (Risos).
- Vocês lembram que os enterros dos ricos ou dos metidos  a ricos eram acompanhados de carros e os metidos até alugavam táxis e ônibus? Nos cemitérios as flores eram jogadas por cima dos caixões deles.
- Já no enterro dos pobres a comitiva era formada  por bêbados e o finado ia coberto de flores, para esconder os pés descalços e a roupa de brim que o meu pai chamava de “Rói rola” . Num destes enterros a caminho do cemitério de Casa Amarela um dos bêbados deu uma dedada no xangozeiro, que era homossexual, chamando-o de  “Maria Aparecida”,mas a vítima  era valente e não gostava de quem o insultava, por isso até o caixão do defunto foi derrubado. Daí por diante  ficou mais  conhecido e respeitado por: “O homem que deu no enterro”.

Voltando ao assunto do “Coveiro”, numa conversa num dos botecos do Mercado de São José com um coveiro aposentado do cemitério de Santo Amaro o mesmo  me disse muita coisa, inclusive  que conheceu “Tonho Coveiro” e “Feijão”e que ambos  vendiam jóias, sapatos, roupas, etc, retirados dos cadáveres. Adiantou o mesmo  que tinha  um seu colega que praticava a necrofilia  e outras coisas mais... Por fim, me contou uma novidade:  “Outro  mandou construir sua casa com o dinheiro da venda do anel de brilhantes do ex-governador Miguel Arraes.


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