terça-feira, 3 de novembro de 2015

A presidenta Negra


A presidenta Negra

Por José Calvino
                                                                    

“Salário digno”

Tal qual meu pai,
telegrafista ferroviário
manipulava o telégrafo
pelo brilhante trabalho
fazendo tudo honestamente.
Mas, vergonhosamente o salário é mínimo(1)
e se os elogios de todos são hipócritas
prefiro o salário digno
com sublimidade da virtude
abandonando o orgulho, como o meu pai
que era chefe de estação ferroviária
e morreu sem deixar um alicate.

(1)O salário mínimo foi criado pelo ex-presidente do Brasil Getúlio Vargas em 1940.


Vejo os pedidos de impeachment contra a presidenta Negra. A presidenta do Brasil Dilma Rousseff, que, segundo o jornal The New York Times publicou em editorial, causaria sérios danos à democracia brasileira, que se fortaleceu notavelmente nos últimos trinta anos. Como seu governo ainda está sendo analisado como “ruim” de acordo com levantamento produzido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores (CNT), eu tenho certeza que se a presidenta  enviasse urgentemente ao Congresso a política de valorização para os trabalhadores que ganham o  salário mínimo, conforme a poesia acima, seu ato serviria como uma alerta para os governos democráticos do mundo. A presidenta discursou: “Eu tenho orgulho de ser Negra e ter o mesmo nome. Tenho consciência do valor e da riqueza cultural da raça negra, sem preconceito de raça, cor ou credo do Direito Internacional dos Direitos Humanos que foi constituído pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (assinada pelo Brasil em 1948). Como já dizia o grande líder Martin Luther King: “ O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons.”

- É um verdadeiro preconceito a opção dos “ricos”, que discutem política com relação ao futuro do País. – disse Azambujanra.

- Assim é a cara de alguns bares no Recife e Olinda. Ponto de encontro da nossa classe média, em ambientes sofisticados, com preços inacessíveis à ingente maioria da classe proletária brasileira. Um point caracterizado pela freqüência dos metidos a merda (como se merda fosse uma grande coisa) e politiqueiros da pior espécie, que apenas de muito longe conhecem os reais problemas nacionais. Os sofisticados coquetéis e um derrame de um bom malte escocês retratam com nitidez toda essa alienação coletiva.

- Se Dilma fosse negra iam dizer que é preconceito racial?

- O preconceito social é mais significativo no Brasil do que o preconceito de raça ou de cor.

Em termos de um Brasil democrático, concluo com esta crônica em forma de poesia,  intitulada “Olho na Inflação”:

A inflação sempre andou solta
Lembro do corte dos três zeros...
Assim, ficou cruzado novo
Mas, o confisco foi horrível e colorido.

Dizem que a corrupção anda solta
Que o conto de réis foi bom
E o cruzeiro antigo, também
E eu não tinha um vintém.

O povo fala na carestia
Os poderosos na hipocrisia
Só escritores podem sentir esse carnaval:
Pobreza, miséria... o “escambau”!

Porém, em função da inflação
O real o povo quer
E os ricos que diabo são?

Obs.: O segundo e terceiro versos da primeira estrofe: “Olho na Inflação”, se refere a inflação dos tempos de Sarney  (Plano Cruzado II - em 1986). O quarto verso,  refere-se ao confisco do Plano Collor (1990-1992) que foi tecnicamente equivocado, injusto e imoral!!! 



Um comentário:

  1. Publicado hoje (10/11/2015) no Literário: Um blog que pensa - pbondaczuk.blogspot.com/

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