“Castigo de Deus”
Por José Calvino
- A senhora ainda teve apoio da igreja, e eu que não tive
de ninguém? – argumentou Azambujanra à Beata escrevinhadora que havia lançado o
seu primeiro livro.
- Tive apoio de Deus, de Deus! – Respondeu neurastênica a
Beata, de braços erguidos, quase tendo
um troço, o que fez com que Azambujanra
evitasse aquela cena desagradável, pois ele soubera que a mesma havia tido um começo de Acidente
Vascular Cerebral (AVC).
- Ele tinha deixado de beber – disse a amiga de
Azambujanra.
- Foi castigo de Deus, mulher! – disse a comadre da amiga
de Azambujanra.
- E ele, na gozação, sempre dizia quando estava
bebericando:
“ Eu não pulo do ‘A’
para o ‘V’, eu faço o alfabeto todo: a,b,c,d... - adiantou um carola amigo de
Azambujanra.
Qualquer coisa ruim que acontece, esse povo diz logo que é
castigo de Deus, somente porque o meu amigo Azambujanra gosta de ler as blasfêmias
de Saramago, que era ateu, como é o caso do escritor grego Nikos Kazantzakis.
Esse povo não tem o que fazer, não?, pois fala demais!!!
15 de novembro de 2013. Azambujanra está sem pretensão
alguma de comemorar a “Proclamação da República”, até porque, o que há para se
comemorar estando cheia de corruptos? Nem tão pouco no próprio feriado, chamado
de “feriadão” por muitos, quando a data
cai numa sexta-feira ou numa segunda-feira deixando, desta feita, de ser o
primeiro dia útil, paralisando repartições públicas e escolas. Isso é a
República Federativa do Brasil!
Azambujanra ao comentar a palestra da jornalista espanhola
Pilar Del Rio (viúva do escritor José Saramago, homenageado da noite de 14 de novembro na abertura
da Festa Literária Internacional de Pernambuco - Fliporto), que este ano teve a
figura do escritor paraibano José Lins
do Rego (1901-1957) como o principal homenageado, citou emocionado que ela
transmitiu o pensamento do romancista português e Nobel da Literatura de 1998,
sobre a crise econômica mundial, com aplausos do pequeno público: “Saramago
dizia que não havia nenhuma crise econômica, que o dinheiro não poderia ter
simplesmente sumido. A crise, para ele, era de ordem moral”.
Quando chega nessa época do ano Azambujanra fica
impressionado com a hipocrisia. Fala com exaltação dos doutores, militares e
políticos corruptos, que se defendem como se fossem exemplos perfeitos quando
tomam conhecimento ou escutam as palavras “falcatrua”, “violência”, etc, como
se não cometessem esses atos contra os seus semelhantes.
- O governo é um xexeiro de marca maior e conta com a conivência
de alguns elementos da justiça –
esclareceu Azambujanra.
Sem apoio Cultural e
sem ouvir os meus conselhos, Azambujanra resolveu bancar mais uma vez a edição
do seu livro (sem título) o qual distribuiu na Praça do Carmo, na cidade de Olinda. O
amigo, com a difícil tarefa de divulgação, teve um começo de AVC. Mas, com
otimismo, continuamos a prestigiar o
evento que se estendeu até domingo, 17 de novembro desse ano.
Finalizando, é sempre bom lembrar o que respondeu José
Saramago quando lhe perguntaram: “Como
podem homens sem Deus serem bons?” E ele respondeu tranquilamente: “Como podem
homens com Deus serem tão maus?”
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