quarta-feira, 17 de julho de 2013
Fiteiro Cultural III
Fiteiro Cultural III
Por José Calvino
Fiteiro: Que ou aquele que faz fita.
No Brasil, fiteiro é um quiosque de comércio popular, desses que podem ser encontrados em praticamente todo o país e que vendem uma infinidade de coisas.
No centro do Recife, fora montado um Fiteiro Cultural, onde tentei em vão ilustrar com literatura os frequentadores dos bares próximos. Numa sexta-feira à noite, por esquecimento, deixei alguns livros dependurados no lado de fora. No sábado pela manhã, preocupado, fui à toda pensando em não mais encontrá-los. E não é que estavam lá todos a salvo? Aos malandros e bêbados não interessara aquela riqueza de livros expostos, alguns até raros. Infelizmente alguns escritores, poetas e leitores, ao mostrar o FC saíam às pressas, parecia até que estava mostrando a porta do inferno... Mas essa é outra história.
No mundo inteiro a literatura é importante, mas devido à indiferença de alguns, escrevi em agosto de 2009 o poema: “Curiosidade” (...). Então, resolvi dar continuidade aos comentários de alguns livros que ficaram para a minha estante de mármore.
Primeiro, escolhi o romance “A Cruz de Sangue”, de Geraldo Tenório Aoun (in memoriam). Edição do autor – 1995.
O segundo romance , “Sombras de uma Profecia”, de Lucelena Maia. Edição 2005. Dando continuidade fiz o terceiro, poesia “Canção Rurbana”, de Walmar (in memoriam). Edição do autor – 1996.
E por fim, o quarto romance, “Lagartixa Alada”, de Maria da Conceição Cardim Pazzola. Edição da autora – 2004.
03 - Canção Rurbana *2“Nos versos brancos ou soltos da vida surge Walmar Belarmino de Souza, pernambucano do sertão do Moxotó-Sertânia, deixou-se recifensizar. As odes do Walmar encantaram o público almejado. Quem ouvir as suas músicas e ler as suas obras literárias, sobretudo “Canção Rurbana”, com o seu En(Cantar):
“(...) Quanto sonho esparramado/ Pelos trilhos desse trem/ Quantos arames farpados/Há nas terras-de-ninguém!...” percebe logo a fala poética de Walmar e sua vida cheia de metáforas e rimas que “Rebentando” com cheiro de nossa terra faz a gente recordar os bons momentos que o nosso Nordeste propicia...”
Cultura pernambucana perde poesia do guerreiro Walmar
“O cantor e escritor Walmar, 36 anos, faleceu vítima de afogamento na praia do Janga... Artista conhecido pela sua preocupação social e por ser um ativo batalhador em defesa da música pernambucana. Walmar Belarmino de Souza morreu sem concretizar o sonho de gravar o seu primeiro CD. Em 1993, ele estreou em disco com o compacto Rebentando, que tinha as composições Clareia (uma toada nordestina), Lua no Céu (baião), Quero, Quero e To Chegando (forró). Participou de vários festivais, como o Femusic, Pernambuco Música Hoje, Frevança e Recifrevo, do qual já foi vencedor em 1990, com Bloco da Lama, e finalista em 1996. Ainda em 1992, ele foi finalista do Festival da Record com Maracatucando as Dores de Olinda.
Algumas das suas composições foram gravadas por Novinho da Paraíba, Cristina Amaral, Flávio José e Marines. Walmar estreou na literatura em 1991, com o lançamento de Gonzaga, Fole e Baião – Pinto, Viola e Canção.
Seu último livro publicado foi Estatuto Pé no Chão da Criança Mauricéia. Nesta obra, Walmar falava da situação das crianças carentes do Recife. ‘Os problemas sociais foram transformados em poesia’, declarou na ocasião o escritor.”
*2 (Do livro Miscelânea Recife pp. 12 e 13)
04 – Lagartixa Alada, em que a escritora pernambucana Conceição Pazzola criou uma estória contagiante e envolvente, Conceição foi capaz de prender num conúbio literário todos os estágios de progresso intelectual do romance “Lagartixa Alada”. Apesar do enredo adquirir nuances em desacordo com o título original, ela resolveu escolher o título supramencionado, enfocando a principal personagem sobrevivente na inóspita floresta amazônica. A autora consegue aproximar o trabalho ao dar ares de “chance” aos personagens da trama...
P.S. Excelente, para o que se apresente, o romance “Inútil Regresso”, de Maria da Conceição Cardim Pazzola.
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