Recife & Olinda
Por José Calvino de Andrade Lima
“Do Recife
De Olinda
Das pontes
Das praias
Dos coqueiros
Das gaivotas
Dos carnavais
Dos bares
Das jangadas
Das cirandas
Dos amores
Do poema
Da lua
Do sol
Dos arrecifes
Dos morros
Das cidades,
cenário encantador,
evoca Recife e Olinda.”
23 de dezembro de 2007. Um poema fora feito em parceria com um amigo, na praia de Pau Amarelo. Como é gratificante ter amigos... Fiquei emocionado com o seu estilo poético e com sua visão. Cenário encantador, ele evocava Recife e Olinda em tempo tão curto para uma elaboração mental e o desenvolvimento de um poema tão bem escrito! Valeu, poetamigo, você se coloca nessa seqüência de imagens poéticas, sintetizando sua força criativa na construção da seqüência e seu caráter performático.
O uso poético contribui para o potencial da pintura, da fotografia, da filmagem, enfim, foi para mim uma investigação tecnológica, um ensinamento que retrata com sucesso o tema: Recife & Olinda. O mar de Pau Amarelo, leitoramiga, refletindo um céu azul luminosamente ensolarado, com uma brisa praieira, o jangadeiro rolando na praia a jangada pro mar... Pensei, se Dostoievski estivesse aqui, será que teria escrito Crime e Castigo? Acho que no mínimo, O Pai do Chupa, esse poema Recife & Olinda, que retrata, acredito, o clímax entre essas duas cidades.
No final da tarde fui parar no Beco da Fome e fiquei ouvindo Azambujanra recitar “O frustrado”:
“ Se eu fosse adulador não viveria às portas da loucura ou da miséria; eu viveria na mansão Tibérica: Do ódio, da paixão e da porfia. Sem o meu sangue, vivesse a covardia de bajular o lodo da matéria; eu extrairia a principal artéria e esse sangue covarde morreria; se eu vivesse atrás dessa gentalha, eu venceria as principais batalhas melhor que Aníbal, César e Cipião. Mas como nada disso sei fazer; sou um frustrado e vivo a padecer... Sem escalar o Monte de Sião.”
(Do livro: O grande comandante, p. 103 – ed. 1981)
Azambujanra encerra recitando o Poema do Beco, de Manuel Bandeira:
“Que importa
A paisagem,
A glória, a baía,
A linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.
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