terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Pampam qüim




Pampam qüim...

Terça feira, último dia de carnaval. Em Olinda, nem tudo é folia. Para mim, em especial, isso é uma tristeza. Sempre quando passo no bairro de Bonsucesso e vejo o antigo sítio do mesmo nome abandonado, sem seus leões (eram duas estatuetas na entrada), o caramanchão, as árvores frutíferas... Hoje o sítio é considerado patrimônio histórico da cidade e Patrimônio Cultural da Humanidade. Antes, porém, já foi invadido pelos crentes da igreja “Exército de Salvação”. Mas, aí já é outra história. Conversando com a vizinhança sobre a família Pampam qüim, riram muito quando contei que minha mãe sempre relembrava o porquê do apelido: foi a primeira família da rua do Bonsucesso a possuir um piano (quem tinha era considerada rica). Mas, como não saíam desse ritmo (Pampam qüim, pampam qüim...), os populares quando passavam na rua criticavam com deboches. Pesquisando, não encontrei nada sobre os Pampam... Apenas transcrevo um trecho do livro Aonde Iremos Nós?, pp. 32-3 – Edição esgotada: “(...) Aproveitando a ocasião, aproximou-se do arcaico toalete que ganhara de D. Leda, sua avó, e começou a pentear-se admirando-se no espelho amarrotado e foi-se até o bar da viúva Tânia, sua amante de longos anos. A casa onde viviam ficava no Sítio do Bonsucesso, em Olinda. A família do seu padrinho era conhecida por “pampam-qüim”, por haver chamado atenção do povo daquele bairro o toque do teclado do piano só sair pampam-qüim...qüim, qüim... João de Deus sabia que seu padrinho estava prestes a vender o sítio, até que um dia ludibriou a sua mãe na “multa dos dois defuntos”. Pai e esposo compartilharam com a negociata vantajosa, para satisfazer aos seus desejos, perdendo ela, além do valioso sítio que havia ficado de herança, duas estatuetas que representavam dois leões na entrada do sítio, cujo valor não se podia calcular...”
Se me permitem, finalizo com “Noites Olidenses”:
Olinda, ladeiras de pedra...
mangueira nos quintais,
luz e mar. Recife tão perto!

Olinda/Recife, 2009 – p. 118 do livro Fiteiro Cultural, ed. 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário