“Independência” II
Por José Calvino
Não havia quem
não reconhecesse que Azambujanra estava sendo muito bom para aquela gente pobre
e sofrida da favela. Já estava com suspeitas de prestar esse assistencialismo
beneficiando algum político. Não tinha conselho que resolvesse, mas o seu amigo
escritor, experiente, o corrigiu. O problema maior de Azambujanra era a bebida
alcoólica e cigarros. Quando sentava à mesa de um bar, não se controlava e se
embriagava. Gostava muito de contar historietas e ensinar aquela gente, o quê?,
que a bebida e o cigarro são as piores drogas?
Enquanto isso,
aqui no Brasil, em 2013, quando houve a onda de protestos contra corrupção, o
governo (sic) desembolsou R$ 4,7 milhões com produção e publicidade do Sete de
Setembro. A meu ver, o povo não deveria comemorar. Comemorar o que? Quem não se
lembra quando o padre italiano Vito Miracapillo (1), foi expulso do Brasil, por
haver denunciado que os trabalhadores brasileiros não tinham nada a comemorar
no dia da “independência”, fazendo assim uma alusão à penúria vivida por
milhões de pessoas que não tinham condições de dignidade, respeito e liberdade.
Se é para
preservar a imagem da presidenta Dilma Rousseff e das autoridades convidadas
para o evento, seria melhor então que o mesmo não fosse realizado. Em vez de
desfiles de tropas militares, que tal, mais arte e cultura?
(1)
–
Trinta e um anos depois de sua expulsão do Brasil, o padre italiano Vito Miracapillo
conquistou finalmente seu visto permanente, que confere ao religioso o direito
de voltar a residir no Brasil.
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