segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Mangue II*


Mangue II* 

Por José Calvino 


“(Lá no mar)
Vi dois siri jogando bola
(Lá no mar)
Vi dois siri bola jogar...”
( Luiz Gonzaga – Zé Dantas)

Azambujanra é um amigão. Bom, mesmo. Deixou de beber e fumar, mas a casa dele em Olinda vive na maior tranqüilidade, próxima ao Espaço Ciência, localizado no Complexo de Salgadinho, Parque Memorial Arcoverde, em Olinda. Antes, vivia cheia de “amigos”, como já cantava Nelson Gonçalves: “Amigo, palavra fácil de pronunciar. Amigo coisa difícil de se encontrar...” Azambujanra sempre foi um defensor ferrenho dos manguezais. Colaborou com o meu CD, Miscelânea Recife (mistura do que existe para presente e futuro), composto por trinta e um itens, entre Abertura, historietas, poesias, crônicas, personagens folclóricas e músicas, com produção executiva, direção, execução dos equipamentos (computadores e teclados) confecção do CD e projeto gráfico de meu filho, Euclides de Andrade Lima.

Bem, preciso voltar ao assunto novamente, agora pra mostrar que Azambujanra é um artista com as mãos (sobretudo os dedos), de um artesão solitário, com muito amor, com a paciência e dedicação à produção de caranguejos, amoré, aratu, siri, chié e muitas espécies de aves que são habitantes temporárias dos manguezais. Os guarás, as garças, maçaricos... tudo, enfim, feito de garrafas plásticas, tampas de garrafa, palitos de picolé (arte & reciclagem), todos esculpidos à mão. De repente surge um piquenique, vindo da Praia Mangue Seco, Igarassu em direção ao Morro da Conceição, bairro de Casa Amarela, Recife. Houve engarrafamento na subida do Morro, um caos. Igualmente quando foi apresentado ao público o meu CD, Miscelânea Recife (mistura do que existe para presente e futuro). Azambujanra, sou grato pela sua atenção e a quem interessar possa, permita-me:

Mangue*

Ouvi dois caranguejos/ Cantando no mangue/ No brejo perto do Chupa e do mar: Mangue, mangue,/ Mangue, mangue,/ Mangue, mangar/ Mangão, você?/

Está vegetando, destruindo a flora/ E a fauna dos mangues./ E ainda por cima mangando da gente!/ Mangue, mangue mais/ Animal racional. Chupa, chupa... Humanidade// A draga chupa, chupa.../ Sem parar/ Chico Ciência ainda vive/

No nosso coração/ Defendendo os animaizinhos/ Que vivem nos mangues/ Irracionalmente// Animalzinho irracional/ Sofrendo com decisões irracionais/ Dos racionais.//Aterrando os mangues!/ A draga chupando/ Mangue, mangue... (Bis) Na década de 50/ Existia meios para os pobres sobreviverem/ Vários lugares foram aterrados: Santo Amaro, Coque, Campo Grande...

Mangue, mangue... (Bis)

* Em homenagem a ‘Chico Science’ – Lembrança da Semana do Manguezal – Espaço Ciência, Parque Memorial Arcoverde, Olinda, 13/14/out/1997 – p. 72 do livro “O Pai do Chupa”, edição 1995.
Gravado em CD "Miscelânea Recife", item 29 "Mangue" – fev/mar/2003.

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