A presidenta Negra
Por José Calvino
“Salário
digno”
Tal qual meu pai,
telegrafista ferroviário
manipulava o telégrafo
pelo brilhante trabalho
fazendo tudo honestamente.
Mas, vergonhosamente o salário é mínimo(1)
e se os elogios de todos são hipócritas
prefiro o salário digno
com sublimidade da virtude
abandonando o orgulho, como o meu pai
que era chefe de estação ferroviária
e morreu sem deixar um alicate.
(1)O salário mínimo foi criado pelo ex-presidente do Brasil
Getúlio Vargas em 1940.
Vejo os pedidos de impeachment contra a presidenta Negra. A
presidenta do Brasil Dilma Rousseff, que, segundo o jornal The New York Times
publicou em editorial, causaria sérios danos à democracia brasileira, que se
fortaleceu notavelmente nos últimos trinta anos. Como seu governo ainda está
sendo analisado como “ruim” de acordo com levantamento produzido pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores (CNT), eu tenho certeza que se a
presidenta enviasse urgentemente ao
Congresso a política de valorização para os trabalhadores que ganham o salário mínimo, conforme a poesia acima, seu
ato serviria como uma alerta para os governos democráticos do mundo. A presidenta
discursou: “Eu tenho orgulho de ser Negra e ter o mesmo nome. Tenho consciência
do valor e da riqueza cultural da raça negra, sem preconceito de raça, cor ou
credo do Direito Internacional dos Direitos Humanos que foi constituído pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos (assinada pelo Brasil em 1948). Como
já dizia o grande líder Martin Luther King: “ O que me preocupa não é nem o
grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem
ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons.”
- É um verdadeiro preconceito a opção dos “ricos”, que discutem
política com relação ao futuro do País. – disse Azambujanra.
- Assim é a cara de alguns bares no Recife e Olinda. Ponto de
encontro da nossa classe média, em ambientes sofisticados, com preços
inacessíveis à ingente maioria da classe proletária brasileira. Um point
caracterizado pela freqüência dos metidos a merda (como se merda fosse uma
grande coisa) e politiqueiros da pior espécie, que apenas de muito longe conhecem
os reais problemas nacionais. Os sofisticados coquetéis e um derrame de um bom
malte escocês retratam com nitidez toda essa alienação coletiva.
- Se Dilma fosse negra iam dizer que é preconceito racial?
- O preconceito social é mais significativo no Brasil do que o
preconceito de raça ou de cor.
Em termos de um Brasil democrático, concluo com esta crônica em
forma de poesia, intitulada “Olho na
Inflação”:
A inflação sempre
andou solta
Lembro do corte dos
três zeros...
Assim, ficou
cruzado novo
Mas, o confisco foi
horrível e colorido.
Dizem que a
corrupção anda solta
Que o conto de réis
foi bom
E o cruzeiro
antigo, também
E eu não tinha um
vintém.
O povo fala na
carestia
Os poderosos na
hipocrisia
Só escritores podem
sentir esse carnaval:
Pobreza, miséria...
o “escambau”!
Porém, em função da
inflação
O real o povo quer
E os ricos que
diabo são?
Obs.: O segundo e
terceiro versos da primeira estrofe: “Olho na Inflação”, se refere a inflação
dos tempos de Sarney (Plano Cruzado II -
em 1986). O quarto verso, refere-se ao
confisco do Plano Collor (1990-1992) que foi tecnicamente equivocado, injusto e
imoral!!!
Publicado hoje (10/11/2015) no Literário: Um blog que pensa - pbondaczuk.blogspot.com/
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