quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pontos de encontro do Recife de antigamente


                                                 
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Pontos de encontro do Recife de antigamente

 Por José Calvino
 

Os pontos de encontro da cidade do Recife tinham muito a ver com a vida noturna do bairro do Recife, área popularmente conhecida como Zona (baixo meretrício), assim chamada por se tratar de uma zona portuária (Vide p. 27 do livro de minha autoria: “Miscelânea Recife”- ed. 2001 e Boemia do Recife de antigamente, publicado no Literário na coluna “Observações e reminiscências”, 01/06/2010).
Era no Recife onde se viam cadeiras nas calçadas e as famílias a conversarem até tarde da noite. Recife do “Quem me quer?”, onde os jovens iam namorar, a Festa da Mocidade, freqüentada pela nata da sociedade. O Tobogã funcionava como grande atração, destinada à recreação das crianças, o Parque Xangai, com auto-pista, Tira Prosa, Roda Gigante, Trem Fantasma, Stands de Tiro ao Alvo, etc. O alto-falante rodando antigos sucessos como: “Conceição”, na voz de Cauby e “De Cigarro em Cigarro”, na voz de Nora Ney, também nos cabarés e nos parques de diversões eram cantadas por Nelson Gonçalves, Ângela Maria, Silvio Caldas, Dalva de Oliveira, Bienvenido Granda “El Bigote que Canta”, este último cantando “Señora”, eram os mais favoritos da época. Nos bairros periféricos o então tradicional “de alguém para alguém”, o qual transcrevo um trecho da cena do diálogo teatral, p. 56 do teatro Trem & Trens: “ GLÓRIA (Calçada, recordativa) – Meu velho, eu não me esqueço quando você mandava anunciar ‘na festa’, para mim, aquela poesia, que o locutor (com sua linguagem própria) dizia (rindo) ‘pétlas’, em vez de pétalas e ‘ovário’, no lugar de orvalho.
CARLOS (Calçada, imitando o locutor) – “Atenção, atenção, Glorinha. Abra o seu coração, como as pétlas de rosa para receber as gotas de ovário, que caem nesta noite linda, em que nos amamos para sempre, e escuta esta página musical...”
A FECIM no Parque da Jaqueira, trazia as novidades internacionais e nacionais na área do Comércio e das Indústrias.
Na Zona e alhures do grande Recife, a boemia tinha outros locais, outros pontos de encontro, alguns bares no centro da cidade fizeram a história, destacavam-se: Savoy, Botijinha e Uirapuru, na Matias de Albuquerque; Cabana e Torre de Londres, no Parque 13 de Maio; Star, na Conde da Boa Vista; o Lero-Lero ao lado direito do Diário de Pernambuco; Brahma Chope, O Flutuante, O Buraco de Otília, funcionava num casebre na Rua da Aurora, o casebre foi demolido, o Restaurante/Bar ficou funcionando na mesma rua numa casa que já foi residência de um espanhol.
Nos bairros do Pina e Boa Viagem da orla marítima, tinha o Maximes, o Pra Vocês, o Cassino Americano (anos 40), viveu os seus melhores momentos no auge da II Guerra Mundial, era freqüentado por militares norte-americanos. Quando terminou o conflito, continuou com o jogo proibido e alugava quartos as prostitutas da Rua do Jaú (então baixo meretrício do Pina). No Hotel Boa Viagem, o seu restaurante era freqüentado por altas figuras da sociedade. Existia o bar e restaurante Veleiro, um point na época, situado no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Casa Navio, construída pelo empresário Adelmar da Costa Carvalho, em 1940. Era cartão postal, motivo de ter sido filmado pela Metro Golden Meyer de Hollywood para figurar em um filme. Pois com toda pompa na história do Recife, em nome da especulação imobiliária e do descaso com o passado histórico, foi demolida em 1981 para dar lugar a mais um espigão da Avenida Boa Viagem. Boa Viagem nos anos 50/60 deu o seu primeiro impulso com a construção dos edifícios Califórnia, Acaiaca e do famoso Holliday.
Nos bairros distantes da orla marítima tinha também alguns que ficaram na história:
O Caldinho de Água Fria, que ficava no bairro do mesmo nome cujo dono era seu João (falecido). Ele colava nas paredes inúmeros cartões de visita dos freqüentadores e servia pessoalmente a cana e o caldinho (Ele & Ela) colocando no caldinho de feijão o que ele chamava o barro da transamazônica
(Patê de galinha), Pirauira (raiz que tira o cheiro da aguardente ingerida) e sangue da mulher amada (Ketchup).
Existia também o Baependi, um boteco de madeira, localizado na rua da Harmonia em Casa Amarela. O nome muitos acreditavam que era em homenagem ao Marquês de Baependi. Outros achavam que se originou do navio Baependi, que segundo a história foi torpedeado por submarinos alemães em 18 de agosto de 1942. Era no “Baependi”, onde os falecidos poetas Godoy e Adalto recitavam “A Flor do Maracujá”. Godoy declamava dramatizando a lenda sertaneja. Adalto também recitava a de Fagundes Varela.
O Cantinho da Dalva, esse foi muito freqüentado por jovens no início da década de 70. Ficava na Avenida Beberibe. O dono era Mário, fã da cantora Dalva de Oliveira e lá havia tudo que lembrasse a cantora (fotos, recortes de jornais das reportagens, etc). O travesti conhecido como Elza Show, travestido de Elza Soares, cantava músicas com uma voz bem feminina. Hoje Elza Show sempre é convidado a cantar nas festas patrocinado não sei por quem!
É bom lembrar que existiam outros pontos de encontro, os cafés como a Sertã, localizada na esquina da Rua da Palma com a Av. Guararapes, no térreo do edifício do mesmo nome, onde era o Cinema Trianon. Lá se discutia mais política, com opiniões diversas nos debates políticos de fins de tarde. O Nicola, este último próximo ao bar Savoy, lá discutia-se qual o time bom, time ruim, jogador bom, jogador ruim; gols e perde gols, gol da vitória, gol do empate. Apostas e mais apostas, revoltas e mais revoltas... A Galeria do Maltado, fundada em 1928 pelo imigrante cubano Edélio Lago, pai de Antônio Gomes, que administrou-a até fechar. Era o leite maltado mais famoso do Recife. A Galeria não tinha portas e era aberta 24 horas. Nos anos 50/60, após uma bebedeira, tirava-se a ressaca com gasosa conhecida por “Koch” e, finalmente, as Sorveterias ( Vide “Recife das sorveterias”, publicado no Literário em, 01/05/2010).
O Recife sempre é retratado nos meus livros, os leitores encontrarão com mais detalhes sobre a cidade, lendo-os, principalmente o “Miscelânea Recife” (Mistura do que existe para presente e futuro). Muito obrigado.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Trem & Trens



Trem & Trens
 Por José Calvino

Café com não
Bolacha não
Café com não
Com não
Com não

Brincando de equilíbrio
Nós vamos de mãos dadas
Como duas crianças
Recordando o bom viver

Piuí-piuí, este eco
Está na lembrança
Saiamos da linha
Para ver o trem passar...

Trem do norte
Trem do centro
Trem do sul
Café com pão
Bolacha não, com não, com não...

Trem & Trens
Trem & Trens (Piuí)
Trem da Asa Branca (Fortaleza)
Trem da Festa da Pitomba (Prazeres)
Trem do Forró (Caruaru)
Trem do Arraial (Casa Amarela)
Trem da Alegria
Trem da Dívida
Trem dos Puxa-sacos
Trem dos Corruptos
Trem dos Crocodilos...

Trem & Trens (Piuí)
Café com não
Bolacha não
Com não, com não, com não...
Piuí-piuí...



*Baseado do livro “Trem & Trens.“Trem Fantasma” p. 73 – Ed. 2005.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A Roda


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A Roda* 

Por José Calvino de Andrade Lima


Roda da Leitura na Rua da Roda,
resolvi reviver o passado,
este espaço tão importante em minha vida.
Foi como penetrar no túnel do tempo
e reviver todos esses momentos,
sentado na mesma posição de antes.

Rua da Roda, por que esse nome?
Lembrei-me e eis o porquê:
Nos séculos passados o abandono
por motivos morais às mães solteiras
e o povo mergulhado na miséria
se iludia que a roda salvaria seus filhos!...

Nas Santas Casas de Misericórdia
o trabalho de acolhimento
e criação de enjeitados.
Instalava-se a Roda dos Expostos,
onde os bebês eram deixados!...



*A esquecida Praça do Sebo fica na Rua da Roda, no bairro de Santo Antônio (Centro do Recife) e foi criada em agosto de 1981. Antigamente, haviam recitais poéticos, leituras de textos ou trechos de livros. Era uma opção de lazer e cultura para a população.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Boemia do Recife de antigamente


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Boemia do Recife de antigamente
Por José Calvino 
Nos anos 50/60 a vida noturna no bairro do Recife era nos bordéis, numa área popularmente conhecida como Zona (baixo meretrício), assim chamada por se tratar de uma zona portuária. Lá existiam as famosas pensões Moulin Rouge, Chantecler, Astória, Lupanar da Miryan, Maria Magra, Silver Star, Adília, Califórnia, Bagdá, Atenas, Baiana, BBB (alguns chamavam ironicamente de BBC – British Broadcasting Corporation). Numa das BBB havia na parede o néon em desenho de uma ponte simbolizando a cidade do Recife (pp 35, 40 e 41 do livro de minha autoria “O Pai do Chupa”). Os bares mais freqüentados na época eram Duas Américas; OK; Gambrinus; Royal; Texas Bar; São Francisco; Astória; Bar 28 (Pouca gente sabe que "28" era o número do carregador de malas Antônio Cândido, que fundou o "Scotch Bar", com as facilidades aduaneiras) e o Scotch Bar, que em seu tempo áureo era freqüentado por marinheiros de todas bandeiras, poetas, boêmios e damas da zona.

Como disse Gilberto Freyre: “Foi em meados do século passado que se acentuou sobre nós, sob a forma de atriz ou cômica de teatro, em geral italianas, espanholas ou francesas, a figura da prostituta de luxo”. Algumas polacas residiam em casas isoladas, outras em hotéis caros, passaram a rodar pelas ruas em luzidos carros de capota arriada, com cocheiro e lacaio, onde ostentavam vestidos, chapéus e sapatos da última moda. Acabaram, por esse modo, influindo sobre a maneira de trajar das mulheres honestas. (sic) Consuelo Uhles e Elvira Gueidas, mais mundanas que atrizes, estimularam ardor sexual de grupos rivais, com suas cançonetes, degenerando o espetáculo em canalhice (as senhoras de boa família que se cuidassem).

Mas nem tudo vinha da Europa. Na Rua das Flores, por exemplo, entre as mulheres mais cobiçadas de suas pensões, havia Creusa, uma brasileira cheia de dengos. Chamavam-na de “Dama das Camélias”. Embora sem a carruagem e o luxo de Margarita, de Alexandre Dumas, pela sua graça, seu encanto e seus chamegos, era a preferida dos “estreantes” no amor.

Mas, a boemia não tem apenas locais tem, principalmente, seus protagonistas. Quem já não ouviu falar de Hugo Gonçalves Ferreira?, carinhosamente, Hugo da Peixa. Uma bela tarde, Hugo da Peixa acompanhado de duas mulheres, foi visitar um lugar freqüentado pelos figurões da cidade (Era visitado também por Ascenso Ferreira e Antônio Maria). Chegando lá, um imbecil lhe disse: “Doutor Hugo, essas mulheres são suspeitas” – “Não, são duas putas. Suspeitas são essas que estão com vocês”, respondeu Hugo.

Convém ressaltar que esses boêmios não faziam parte da onda de nouveau riche; não, muito pelo contrário, todos foram de boa origem. Hugo, por exemplo, era oriundo da alta aristocracia canavieira, filho de usineiro, um boêmio total criativo de índole pacífica, bonachão, solidário, um bon vivant. Na atmosfera social em que viveu, severa, terrível, inquisitiva, ele, desleado de todo convencionalismo, deixava-se ficar airosamente, horas a fio degustando sua Teutônia, cerveja bem geladinha, na calçada, bem às vistas, no então Maxime’s, no Pina. Certa feita, foi terminar uma farra em Salvador (Bahia), com uns seis acompanhantes, todos por sua conta, hospedagem, comida, bebidas, mulheres... dinheiro; naturalmente, no melhor da festa faltou-lhe numerário. Incontinenti, vendeu o Packard de luxo e despachou o motorista para o Recife, pegando mais dinheiro e outro carro. Hugo herdou duas usinas que foram consumidas por suas farras perdulárias. Dizem que nas suas contas os garçons incluíam até a data, mesmo recebendo régias gorjetas. Assim era o Recife de antigamente.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Pussy Riot

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Pussy Riot 

Por José Calvino
 

Domingo, como faço sempre, com meu amigo Azambujanra, subi ao Morro da Conceição. Lá, estavam alguns carolas e beatas orando: “Virgem Santíssima, que fostes concebida sem o pecado original e por isto merecestes o título de Nossa Senhora Imaculada Conceição, e por terdes evitado todos os outros pecadores...”.

Rapidamente, Azambujanra logo lembrou de uma polêmica “oração”, que ridiculariza o presidente da Rússia na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou. Na conversa dei a minha opinião universal em favor dos direitos humanos. Acho que, claramente, devemos ser contra a condenação das três integrantes do grupo russo de punk rock Pussy Riot. O caso, que adquiriu dimensão internacional, diz respeito a três jovens: Maria Alejina, Nadejd Tolokonikova e Yekaterina Samutsevich, que foram consideradas culpadas de “vandalismo motivado por ódio religioso” por sua performance do dia 21 de fevereiro do corrente ano. A juíza Syrova atribuiu a cada uma das integrantes dois anos de trabalhos corretivos em uma colônia penal feminina. Manifestações a favor das artistas já foram realizadas na Rússia e com perspectiva nas principais cidades do exterior. Por sua vez os Estados Unidos pediram à Rússia que reconsidere o veredicto negativo sobre a liberdade de expressão.

A porta-voz Nuland, afirmou em um comunicado estar admirada: “Dizem que naquele país existe democracia, mas punem jovens por simplesmente orarem pela saída do Putin”. Mas, ironicamente, quem de fato está ganhando com tudo isso é a banda Pussy Riot, até então desconhecida na própria Rússia. O caso dividiu profundamente a sociedade russa e repercutiu mundialmente. Muitos bispos e fiéis denunciaram a profanação e o ato de fazer aquela encenação na Igreja Ortodoxa Russa. Mas outros, religiosos, consideraram o julgamento desproporcional e fizeram com que a Igreja pedisse às autoridades “clemência” com as três garotas. Até o próprio presidente Vladimir Putin considerou a sentença muito rigorosa.

As jovens já receberam uma enorme quantidade de apoios procedentes do mundo inteiro e Azambujanra, já animado, começou a imitar a banda com os dedos polegar e indicador das duas mãos em forma de “o”, virando-as como uma máscara: “Virgem Maria, mãe de Deus, livrai-nos do Putin...”. Um leigo então perguntou a Azambujanra: “Quem é esse putinho?” Azambujanra respondeu, rindo a valer: “Pergunta ao presidente Putin!”, e o leigo do Morro: “Oxente! Não é Dilma?”.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Os Andrade Lima




Os Andrade Lima 


 Por José Calvino de Andrade Lima



Como pertenço à família Andrade Lima, o presente ensaio é o resultado do daquele “primo pobre e primo rico”, de conversas com o meu pai, quando adolescente, e pesquisas no Arquivo Público de Pernambuco e Fundação Joaquim Nabuco (Recife, 2002), com apoio do saudoso parente Manuel Correia de Andrade, proeminente historiador pernambucano. Inicio a partir da origem histórica da tradicional família, a qual muitos desconhecem, além de fatos e alguns personagens no campo literário e político dos Andrade Lima. Os Andrada eram oriundos da Galiza e eram conhecidos como “Andradas do Arco”. Passaram de Castela para Portugal, de Lisboa para a Ilha da Madeira. Vindo do rio Lima, para não ficar Andrada e Lima, deu-se a corruptela para Andrade Lima. Eles aqui (Brasil) chegaram nos fins do século XVI. Como o interesse maior são os pertencentes dos Andrade Lima, para não ficar tão extenso, omiti diversos nomes de parentes (inclusive dos meus filhos, netos, irmãos...). Citarei apenas os destacáveis.

1 – José de Barros Lima nasceu em 1764 e faleceu por enforcamento em 1817. Era conhecido como o “Leão Coroado”, porque era um militar valente como um leão e sua calvície era em forma de uma coroa.

2 – José Barros de Andrade Lima nasceu em 1853 e faleceu em 1926. Filho do coronel Luiz Ignácio de Andrade Lima e D. Francisca de Vasconcellos de Andrade Lima. Em 1911 chefiou a campanha de Dantas Barreto. Em 1916 houve o rompimento entre Dantas Barreto e Manoel Borba. Apoiou o seu parente o governador Manoel Borba. Foi eleito vereador no período de 1916 a 1919.

– Francisco Porfírio de Andrade Lima nasceu em 1863 e faleceu em 1920. Era conhecido como “Chico Porfírio”. Foi Chefe de Polícia em Pernambuco, cargo que hoje é comparado ao atual Secretário da Defesa Social do Estado. Quando faleceu, era Juiz de Direito da Comarca de Timbaúba.

4 – Manoel Antonio Pereira Borba nasceu em 1864 e faleceu em Recife em 1928. Filho de Simão Pereira Borba e D. Inês de Andrade Lima. Foi governador e era inimigo de Dantas Barreto. Em sua homenagem existe no Recife uma Avenida com o seu nome, como também a do seu inimigo.

5 – Euclides de Andrade Lima, meu pai, nasceu em 1902 e faleceu em 1956. Filho de Joaquim de Andrade Lima e de Paulina Augusta de Figueiredo Lima. Foi chefe de estação da antiga Great Western. Dizia sempre que os Andrade Lima eram primos de Francisco do Rego Barros, o Conde da Boa Vista.

6 – Anita de Andrade Lima nasceu em 1906 e faleceu em 2003, casada com Antônio de Morais Andrade, filho de Manoel Gomes de Andrade Lima e Manoela de Morais Coutinho. Em 1999, com 93 anos, era considerada a mais antiga mulher a militar na política no Estado de Pernambuco. A matriarca Anita de Morais era avó do deputado Antônio Morais e tia do ex-governador e atual senador pernambucano Jarbas Vasconcelos. No mesmo ano foi divulgado pela imprensa que o famoso major Antônio Morais, da peça teatral de Ariano Suassuna “Auto da Compadecida”, foi inspirado em um tio de Jarbas.

7 – Ciro de Andrade Lima, médico, pai de Renata de Andrade Lima, esposa do atual governador de Pernambuco Eduardo Campos. A primeira dama é sobrinha de Zélia de Andrade Lima, esposa do dramaturgo Ariano Suassuna.



terça-feira, 7 de agosto de 2012

Quem te viu e quem te vê

Quem te viu e quem te vê 

Por José Calvino 



Considerado um baluarte da moralidade e defensor das causas populares, com amplo currículo nas portas das indústrias e repartições públicas, sempre defendendo de forma contundente os anseios sociais e as injustiças do proletariado nacional. Assim, um político de esquerda, dando uma de socialista, tinha o seu nome como envolvido em ligações com o Partido Comunista, considerado como “perigoso subversivo”. Na época, o pretenso esquerdista tentou edificar a sua trajetória política com discursos inflamados e imbuídos nestes segmentos, conseguindo assim atingir o ápice de sua vida pública e destaque na escala social.

Um dos fundadores do PT em Pernambuco, elegeu-se assim, com milhares de votos, para vereador da cidade do Recife. A população assistiu atônita à sua defesa em prol do aumento da taxa de iluminação, não se importando com a repercussão no bolso do trabalhador, não obstante a todas as dificuldades impostas pela política injusta e desumana à qual vêm sendo submetidos todos os trabalhadores e desempregados, onde qualquer aumento significa mais um ônus a pagar, como se não bastassem os inúmeros tributos e impostos exigidos a quem não tem mais de onde tirar. Lembram? Eu, lembro até do modo autoritário como ele mandou esvaziar a tribuna da Câmara, onde um grupo de teatro fazia uma encenação sobre o tema. Entrevistado, disse que aquele elenco era “uma turma fracassada que queria cinco minutos de fama”. Tão longe está de saber que na Grécia Antiga, berço da democracia, as pessoas se manifestavam e protestavam contra o governo através do teatro. Com relação à fama, ela é possível em todos segmentos humanos, ao contrário do sucesso, que exige talento. Até um hediondo criminoso consegue atingir os seus momentos de fama.

Fazendo-nos acreditar em sua falácia, o aludido politiqueiro conseguiu apenas atingir a fama, mas muito longe ele está do sucesso, colocando as manguinhas de fora ao defender o famigerado aumento das taxas de preços das mercadorias na vida da sofrida gente do paupérrimo Grande Recife. Uma autêntica cusparada na cara dos seus eleitores, que acreditaram no seu discurso, e deslumbrando uma luz no fundo do túnel.

São atitudes como essas que contribuem, de forma contundente, com a falta de credibilidade de nossos políticos juntos à população, nos passando a sensação de que o poder, que deveria emanar do povo, passa a ser um jogo de interesses escusos e pessoais e não mais que isso ou, pior, que essa corja representa os anseios populares. Por outro lado, há muito se discute no seio da sociedade essa politicagem, que vem demonstrando ao longo de sua história um verdadeiro festival de imoralidade, nepotismo e corrupção. Inclusive, nos fazendo lembrar do velho adágio popular que diz: “todo político calça quarenta”. E ainda dizem que o povo sabe votar. Eu, hein...!