Guabera, Guaberinha e Guaberão
José Calvino
José Calvino
A maioria dos meus amigos leitores de Casa
Amarela, considerado o maior bairro do grande Recife, leram os meus livros,
sobretudo os que falam sobre “Reminiscências de minha Casa Amarela.” O
ex-jogador Brivaldo, recentemente vindo de São Paulo, a passeio, adquiriu o meu
recente livro “Fiteiro Cultural”, e se admirou ao ler na página 293: “(...) Guaberinha
(ex-jogador do Santa e do América, falecido) foi, para mim, o melhor do mundo,
pois jogava em todas as posições, até de goleiro.
Sou testemunha ocular de quando Guabera rebateu a pelota de bicicleta como goleiro.”
Sou testemunha ocular de quando Guabera rebateu a pelota de bicicleta como goleiro.”
Isso gerou a maior discussão, pois o Brivaldo
disse que o Guabera está vivo e que o havia abraçado no Alto José do Pinho, na presença da
esposa e filhos. Alguns confirmaram que o Guabera está vivo e outros, com
certeza, afirmavam ser falecido. Valeu a discussão e eu, por minha vez, só fiz
retificar que o mesmo não jogou no América, vejamos mais adiante. Domingo com
alguns amigos subimos ao Alto José do Pinho para conferir a veracidade dos
fatos. Lá chegando, fomos à residência
do senhor José Barbosa de Paula, 83 anos de idade, nascido no local em 03 de
setembro de 1928, com o codinome Guabera por ter sido um jogador duro nas
jogadas, igual ao famoso Guabera. O mesmo relembrou ter jogado comigo nas
peladas do Campo do Ipiranga e Canto da Vila. Jogou no time Bom Sucesso (Alto
José do Pinho), um dos melhores times de Casa Amarela. Até então os leitores
devem estar se perguntando se o Guabera está vivo.
Vamos para as datas e conferir os registros
jornalísticos e literários: 1 – Pesquisei o livro: 85 Anos de Bola Rolando, de Givanildo Alves. A
elaboração do projeto gráfico e capa foi feita pelo meu filho Euclides de
Andrade Lima. Em 1929 com a participação de oito times, incluindo o Torre em
que Guabera começou a jogar em 1933 como back (lateral) direito. Em 1937 aparecem
no cenário do futebol Guaberinha e Guaberão, que entram no Tramwais, tendo
Guaberinha integrado em 1939 a Seleção Pernambucana durante muito tempo. Guaberinha
jogou em todas posições. De 1938 até 1940 Guabera, Guaberinha e Guaberão jogaram
juntos pelo Tramwais, pp. 201/262/266.
Em 1942, Guaberinha passou a jogar no Santa
Cruz, pp.275-6. Em 1951 passou a jogar no então Auto Sport, pp. 330/333.
Reminiscências me dão gosto do retorno e
provoca em mim grandes saudades de minha juventude. Comentamos sobre as malvadezas
de Guaberinha e Guabera relembrou que num amistoso Santa Cruz x Fluminense,
Guaberinha cobrou um pênalti que o goleiro defendeu de soco, se machucando. Ele
fez que ia socorrer e torceu a mão do goleiro para que não continuasse jogando.
Esta eu escrevi para o Jornal do Commercio em
1996, sob os títulos: Reminiscências, JC 24/07/96 e Guaberinha, no mesmo ano:
“(...) tenho recebido vários telefonemas dos leitores do JC relembrando quando
o então jogador de futebol Guaberinha comportava-se de maneira sem vergonha
para com os adversários: nas cobranças dos córner (escanteios) Guabera dava
‘dedadas’ (no ânus) dos adversários e marcava gols de cabeçada! Quando não era
isso, provocava ocultamente o adversário
e corria como vítima em direção ao árbitro dando margem o juiz expulsar do campo o jogador
‘agressor’, ficando assim até então o time adversário desfalcado! Tudo isto era
sabido por todos da velha guarda, pois era um jogador de futebol completo, até
mesmo nas artimanhas perante os bandeirinhas e o juiz.”
Bem, fui vizinho dele. Morávamos próximo ao
saudoso campo do Ipiranga – Casa Amarela. O seu nome era Gerson Lins de
Miranda, o Guaberinha. Antes de pendurar as chuteiras em meados dos anos 50,
jogou no Ipiranga e no Estrela (Seleção de Casa Amarela). Foi técnico por pouco
tempo do Íbis e do Auto Sport. Depois foi árbitro nos jogos dos bairros. Até
morrer foi torcedor do Santa Cruz. Em 1965 ele era funcionário do Colégio Dom
Vital, em Casa Amarela. Crente, só falava em nome de Jesus: “Jesus te ama”!
Nota – Pessoalmente, só conheci Guaberinha,
Guaberão (nos anos 60 tinha um fiteiro de cigarros no Varadouro-Olinda) e o
novo Guabera do Alto José do Pinho.
Foto 1 – Guaberinha, o terceiro em pé, da
esquerda para a direita, defendendo a Seleção Prnambucana de Futebol, 1946.
Foto 2 – Guabera do Alto José do Pinho, 2012.
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