sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Fiteiro Cultural



Fiteiro Cultural II


 Por José Calvino



Fiteiro: Que ou aquele que faz fita.

No Brasil, fiteiro é um quiosque de comércio popular, desses que podem ser encontrados em praticamente todo o país e que vendem uma infinidade de coisas.
No centro do Recife, fora montado um Fiteiro Cultural, onde tentei em vão ilustrar com literatura os frequentadores dos bares próximos. Numa sexta-feira à noite, por esquecimento, deixei alguns livros dependurados no lado de fora. No sábado pela manhã, preocupado, fui à toda pensando em não mais encontrá-los. E não é que estavam lá todos a salvo? Aos malandros e bêbados não interessara aquela riqueza de livros expostos, alguns até raros. Infelizmente alguns escritores,  poetas e  leitores, ao mostrar o FC saíam às pressas, parecia até que estava mostrando a porta do inferno...
O objetivo da continuação do FC II servirá para, na medida do possível, tentar retratar o problema do autor independente, assim como também a situação sócio-econômico e financeira do(a) escritor(a), poeta... Para  fazer o livro ser conhecido,  como muitos pensam, o problema não é só a distribuição. O livro tem que ter qualidade, o enredo e, o mais importante: divulgação. Nada de esmorecer.
Cheguei às vezes a enviar originais para os jornais, escritores, etc. Alguns colunistas divulgaram, outros editores nem resposta, e quando chegava uma resposta, esta dizia: “ O trabalho está em estudo.” Geralmente fica nisso ou como uma secretária de um deles falava: “ O escritor ... está fora da cidade, trabalhando no seu novo romance – ainda sem data prevista de regresso – por esse motivo estou devolvendo os originais que enviou para que o senhor possa sujeitá-los à apreciação de outro escritor.
Peço que desculpe e compreenda a minha posição, porém tenho ordens expressas de não guardar comigo originais que nos chegam quase semanalmente...” Outras respostas,  uma até de um escritor famoso: “ Um pouco tarde, acuso o recebimento, com dedicatória, dos originais de ‘Trem & Trens”, de sua autoria.
Espero, confiante, a encenação de sua peça, que me despertou muito interesse.
Aguardo o dia de conhecê-lo pessoalmente. Disponha ...”

“Agradeço a dedicatória que me fez do seu livro e, aproveitando o ensejo, quero parabenizá-lo pela idéia de tornar um pouco mais conhecido este homem que, a exemplo do seu pai, tanto tem contribuído com o desenvolvimento do nosso país...”  E por aí vai, e eu mesmo tive que sair vendendo o meu peixe. Deve ser lembrado, algumas editoras na sua política editorial, de transformar em livros certos acontecimentos importantes ou notáveis, independentemente de que o autor seja conhecido ou não tenha extraordinária resposta comercial e boa divulgação, assim mesmo as chamadas grandes editoras não estão bancando livro de quase ninguém, porque não tem encontrado resposta satisfatória do mercado. Limitam-se aos best sellers (sic)! Me bancar foi o caminho que eu mesmo encontrei, porque infelizmente só existe esse mesmo: financiar a edição, nada de ficar esperando que caia do céu. Pra ter uma idéia, eu saí pelo Brasil afora e vendi todos os meus livros.
Em 1991, o Diário do Pará publicou  a seguinte manchete na primeira página:
“ Calvino, um escritor das estradas”.

Infelizmente, o difícil é encontrá-los nas livrarias. Segue uma propaganda dos meus livros que estava colada no então Fiteiro Cultural :


1 - O FERROVIÁRIO – 90 pp. É o enfoque da vida do trabalhador, o seu dia-a-dia e as                                                                  crises sociais e familiares geradas pelos conflitos econômicos da categoria.
2 - O GRANDE COMANDANTE – 111 pp. Aborda toda a rede paralela do poder; seus                   conflitos e organização. Lança a questão principal: Quem comanda a tudo?
3 – O CRISTO MULATO – 126 pp. Trata da problemática racial: seus preconceitos e relações em uma sociedade discriminatória.
4 - AONDE IREMOS NÓS? – 127 pp. Questionamentos sobre o destino da sociedade, do ser humano no dia-a-dia de sua existência, sobretudo em suas contradições. A abordagem da identidade do homem e da mulher, suas dificuldades com relação às questões ligadas ao sexo. Toda a trama se desenvolve em torno de um eixo principal, o hermafroditismo. Daí por diante, todos os personagens seguem suas trajetórias de vida, envolvidos nos problemas da condição humana propriamente dita. Calvino não se prende* nesse romance, como era de se esperar, apenas ao tema central, enriquecendo todo o trabalho com a abordagem de outros assuntos polêmicos.
5 - TREM & TRENS –  80 pp. O teatro de Calvino, enfeixa um ótimo trabalho, sintetizado na força de comunicação que revela, enfocando com primazia o aspecto social e o econômico em que se debate a grande massa de trabalhadores em ferrovias e por extensão*todo o trabalhador de um modo geral, pela ávida execução do poderoso patrão.
6 - O CRISTO MULATO –  68 pp. Teatro homônimo do romance do autor. Obs.: reeditado em 2011.
7 - O PAI DO CHUPA – 82 pp. Versa sobre a existência da personagem que dá nome à obra. A figura fantasmagórica do Pai do Chupa, preocupou por longo tempo o povo recifense, especialmente os habitantes do bairro de São José. Calvino, ao romantizar a vida do personagem, dá-lhe uma nova roupagem, tramando uma estória amorosa, mais atraente à leitura, sem, contudo, escambar a verdade...O autor coloca, neste livro, informações a respeito do local,suas lendas e peculiaridades que foram fruto de uma extensa pesquisa sobre o tema.
8 - MISCELÂNEA RECIFE (Mistura do que existe para presente e futuro) – 136 pp. Trata-se de uma série de publicações veiculadas pela imprensa, nas quais Calvino lança um olhar clínico sobre o Recife, sua beleza e seus problemas. É uma visão humana, pessoal, sem caráter técnico ou acadêmico, da Veneza Pernambucana.
9 - DROGAS & CRIMES – 105 pp. Romance/2003.
10 - TREM FANTASMA  (Contos poéticos e humorísticos) – 72 pp. Algumas poesias deste livro foram publicadas com charges na Folha de Pernambuco.
11 - OS PACIENTES DO DOUTOR FRÓIDE – 106 pp. Romance/2007.
12 – FITEIRO CULTURAL – 318 pp. OBS.: Edição independente – 2011. Lançado no Estande da Editora Livro Rápido, na VIII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco.
13 - JESUS (INÉDITO)





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