domingo, 13 de dezembro de 2015

Festival Internacional de Poesia não acontecerá mais no Recife



- No alto, o autor.

- Embaixo, o autor, com Zé Belo do Morro (falecido).

Fotos do poeta Clóvis Campêlo.



Festival Internacional de Poesia não acontecerá mais  no Recife 

 Por José Calvino 


A Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco construiu a primeira edição do Festival Internacional de Poesia do Recife (Fip), de 07 a 10 de junho de 2012. Foram muitos os diálogos, rodas de poesia entre escritores e poetas estrangeiros e brasileiros, especialmente convidados pelo Governo do Estado!

Houve shows de forró para a “chama” do povão. Foi  excitante ver a jovem platéia,  dançando muito forró ao som da zabumba, triângulo e sanfona, mas o barulho incomodou os palestrantes estrangeiros. Toda a programação foi gratuita. Além das apresentações na Torre Malakoff, o Fip também visitou os mercados públicos da Madalena e da Boa Vista, ainda com muito forró            ( tradicionais no Nordeste e acontecem durante todo o mês de junho). Infelizmente, mais uma vez promoveram, com isso, os politiqueiros do nosso País.

Independentemente, ainda com disposição, não poderia deixar de registrar aqui o feriadão que coincidiu com o festival. Como sempre, fiz o que gosto: “ouvir a voz do povo”. Parti, então, com o Fiteiro Cultural, para o Morro da Conceição levando poesia, teatro e livros para o novo público. Devo agradecer aos leitores do Morro, sem os quais não teria força para continuar nesta luta literária que é  o drama do livro ( que corre o risco de desaparecer) e da leitura.

Não sou de recitar poesias, mas em virtude da solidariedade  dos leitores menos iletrados, a Rádio Comunitária e Cultural Impacto FM (‘104,1) transmitiu eu declamando Civilidade e Imbecil (Da série “Homens sempre têm Grandes Inimigos Imbecis”):


1 – Civilidade:

 Primeiro é uma consideração
 (eu respeito)
 as massas precisam aprender.

 Vamos pra frente
 (eu entendo)
 que se alastra, que será resolvido

as idéias claras a respeito.

Será ignorância?
 (eu tenho pena)
calma que silencia.


Minha arma é a caneta
minha tranqüilidade permanece
sem obrigação...
a uma ação, ou comportamento.

Não é de hoje
não cabia.
Deveria.


2 – Imbecil: 

Ébrios, desempregados,
prostitutas...
Gente sofrida
sem ter escolhido
aquela vida.

Imbecil!

Tua língua ferina
discriminando-os, por quê?
Com o tempo ninguém
te dará atenção.

Imbecil!

Agora diz: Oh, Cristo!
Onde estás
que não me vês?
Ou todos nós, juntos,
somos vós?

E assim terminou domingo com a proposta de incluir no circuito dos festivais internacionais, como os que acontecem na América Latina e Europa. Infelizmente o evento não acontecerá mais, como  informou o secretário de cultura de Pernambuco, em entrevista ao Jornal do Commercio. O FIP se consolidou como um raro festival dedicado à poesia no Brasil. A notícia surge em meio a cortes (como sempre) no setor cultural do Estado.




1 – Extraído do livro Fiteiro Cultural, pp. 67-8. Edição 2011.

2 – (Fiteiro Cultural, pp. 44-5. Edição 2011).


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Um comentário:

  1. Publicou hoje no Literário: Um blog que pensa - http://pbondaczuk.blogspot.com/

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