Carnaval
Por José Calvino
O carnaval é a maior festa popular no Brasil. Antigamente durava
quatro dias, antes da quarta-feira de Cinzas e era pacífico, as lanças só
soltavam perfume, ao contrário de hoje em dia, quando o que se lança nas
pessoas é a violência. O carnaval este ano (2014), por exemplo, começou
aqui em Recife e em Olinda, com brigas, drogas...o ‘escambau’! Como foi citado na
crônica de minha autoria: “Literatura & Carnaval”. No sábado de Zé Pereira,
pela manhã, aconteceu uma surpresa agradável, a visita de Azambujanra. A
surpresa estava estampada no seu rosto e em sua alegria, ao chegar, recitando:
Carnaval sem depressão
Carnaval festa popular
Muitos
entram em depressão
Uns
no abatimento moral
Outros
no físico
Como
sair dessa situação?
A
cidade está para poesia
A
boemia está para alegria
O
religioso está para igreja
-
Tudo em paz?
Neste
frevo-canção
-Vamos
dançar?
De
repente...
Dança
depressão.
(Feito
no Maracatu Barco Virado, RecifeOlinda – Carnaval 2008).
Então, resolvemos brincar o carnaval, até
porque o meu amigo sonhou relembrando que os princípios democráticos em
qualquer nação livre baseiam-se no senso de justiça de todas as instituições de
governo, entre as quais deve existir o respeito mútuo. Quando publiquei o meu
terceiro livro, “O Cristo Mulato”, p.33 – ed. 1982, ele não agradou, é claro,
nem ao governo militar, nem à igreja. Nele, eu mencionava: “(...) Se o povo soubesse
a força que tem, ah! Só bastaria a metade daquele povo que acompanha o Clube de
Máscaras Galo da Madrugada, que sai do Recife nos carnavais arrebanhando uma
multidão incalculável, para se rebelar com este desgoverno...”
Azambujanra acha que o sonho foi
motivado pelo que foi publicado no referido livro e no comentário da doutora
Dilma Carrasqueira:
“Ei, pessoal, vem moçada!
O Clube de Máscaras Galo da Madrugada,
que desfila pelas ruas do Recife todos os anos (no sábado de Zé Pereira), este
ano foi ‘Galo Armorial’, com o tema ‘Frevo no Auto do Reino de Ariano’, baseado
no bobo da corte, aquele que divertia a corte, mas ao mesmo tempo a criticava.”
Então, fomos assistir o povão alegre,
acompanhando o Galo, registrado no
“Guinness Book” há 20 anos como a maior agremiação carnavalesca do planeta. O
Galo da Madrugada reúne cerca de 1,5 milhão de pessoas (sic), saindo do Forte
das Cinco Pontas pelas ruas do Recife. Cadê as máscaras, gente?
Finalmente, carnaval tranqüilo? Quase
600 ônibus foram depredados por vândalos durante o Carnaval. Assisti algumas
vítimas da violência sem o chamado “Socorro de Urgência”. Uma moça levou uma
cotovelada no rosto e pararam uma viatura da Polícia, que não prestou socorro
sob alegação de que este é um serviço do SAMU! E a lei que trata da perturbação
sonora, que estabelece o limite de não
superior a 80 decibéis?, os mal educados acham que sendo Carnaval, pode!!! Cadê
as autoridades?
Foto 1 – O autor, no Galo com a sambista Janayna
Barbosa – Carnaval 2014.
Foto 2 – O autor, no Morro da Conceição,
com Mayara dos Santos. A mulata tem samba no pé e brilhou na passarela. Foi
coroada este ano rainha de bateria da
Galeria do Ritmo - Carnaval 2014.
Foto 3 – O autor, com a foliã Malena, na quadra da Praça D. Odete Gomes de Almeida
do Morro da Conceição. Carnaval 2014.
Obs: As fotos foram tiradas por Sandra
Kelly (Ninha) e Janayna Barbosa, ambas da comunidade forte como a do Morro da Conceição. Mais fotos no
Fiteiro Cultural- http://josecalvino.blogspot.com/