sábado, 12 de outubro de 2013

Jesus




 Jesus 

Por José Calvino 



Não pretendo escrever uma obra teológica ou tomar partido em conflitos religiosos. Como exemplo de vida, já fui perseguido por ter o nome do reformador de espírito universal. Professores carolas diziam, principalmente um de história: “Foi o movimento que, dividindo os cristãos do Ocidente no século XVI, originou diversas novas igrejas chamadas protestantes, as quais não mais seguiriam o comando e a orientação do papa de Roma...”. Mas, jamais poderei ser privado de minha liberdade, pois estou escrevendo universalmente e com ousadia “Jesus”. Sem medo, sempre denunciei as injustiças sociais (Vide Liberdade de Expressão, pp.). Além disso, sempre respeitei a fé cristã , até porque sempre convivi com pessoas simples e religiosas (pobres do nosso Brasil).

Com mais de 2000 anos da vinda de Jesus Cristo (Vide Hipocrisias, pp.), iniciei este trabalho literário com trechos salteados do livreto (distribuídos gratuitamente),“Jesus”(Vide Fisionomia de Jesus – p.) , que Veio ao mundo sem ter Caído do céu, nem Vindo de outro planeta. Jesus teve como pai adotivo José...(Vide O nascimento de Jesus Cristo, Mt 1:18-25 e Lc 2:1-7).

Ele era judeu, de nome Yeshu (em grego), que representava uma sigla I= Iésus (Jesus), Kh= Kristhós (Cristo), era uma abreviatura do nome hebreu Yoehoshua andava pelas terras do Oriente Médio pregando a paz num ambiente totalmente hostil: a Palestina era território dominado pelos romanos e os próprios judeus estavam divididos em facções religiosas. Algumas, extremistas como os zelotes, que pregavam a luta armada contra os invasores. Outras, como os fariseus citados na Bíblia, conviviam com o poder romano contanto que a vida religiosa não sofresse intervenção. Nestes dois milênios que se seguiram, o Oriente Médio não deixou de ser sempre um barril de pólvora.


De acordo com as Escrituras, tanto judias quanto cristãs, Jesus teria que ter nascido em outubro na Succah (Cabana), durante as festividades da Festa dos Tabernáculos (Sucott), quando os pastores ainda podiam estar apascentando nos campos com as ovelhas. Argumentam com fundamento, que em dezembro é época de inverno no Oriente Médio e que nem mesmo o pastor mais lunático estaria fora à noite gélida, em campos cobertos de neve (Vide Carta de uma judia a um pastor, de Dalva Agne Lynch. Idem, editorial Literário, 24/dez/2012). Acredito que é preciso conhecer bem a terra onde ele nasceu, e o povo com quem ele viveu.


Dizendo-se filho de Deus (Vide Quem é Deus? – p.), não ficou alheio à vida da humanidade do seu tempo. Jesus era um homem inteligente, aplicava muito bem as palavras de amor e bondade (Vide Menino Jesus - p.), era um ser humano igual aos outros, nascido de relação entre um homem e uma mulher. Sobre a sexualidade de Jesus, tem crescido o número de pessoas que acham ter havido um relacionamento amoroso entre Jesus e Maria Madalena. Todos estudiosos que estudam (sic) a figura humana de Jesus sendo homem, alguma sexualidade, se não exerceu com mulheres, a exerceu com quem? Seria um anormal? Muitos o consideravam um louco, inclusive os próprios parentes. 


Ele nasceu pobre, viveu no meio do povo,  propôs aos homens se amarem como irmãos e paz para todas as pessoas (No Brasil, enquanto o governo não investir em saúde e educação, não haverá paz.). Como assim? Para entenderem melhor, Ele disse: “Por serem todos filhos do mesmo pai.” Alguns seguiram-no, muitos se colocaram contra e foram a favor do império romano. A polícia era assumida diretamente pelo Comandante do Templo, sob as ordens do Grande Sacerdote. Essa mesma polícia o levou a ser crucificado (Mc 14:43-50 – Mt 26:47). Mas, a igreja convenceu milhões de pessoas a acreditarem que ele ressuscitou. Pra mim isso é conversa pra boi dormir (Vide Mt 10:8).

Até hoje muitos religiosos acreditam que Jesus está vivo (Vide Será o Fim do Mundo? – p.). Tenho certeza que alguns leitores estão perguntando: “Como vivia o povo?”; “Quem se relacionava com ele?”; “Quem estava no poder?”; “Havia religião?”,et cétera, (Vide Sobre cristologia, pp.).


A Palestina era um país essencialmente agrícola e sua economia, sobretudo era mais voltada à agricultura (Vide Mc 2: 23 – 4: 1-19 – 4: 30-32). Ah, e Jesus Cristo, que fez a água virar vinho (Vide João 2: 9) , na pecuária (Vide Mt 9:35-38 – 25:31-32), na pesca (O peixe era alimentação popular), no artesanato (Vide João 12:3), barcas e redes. Não havia indústrias como hoje, mas sim muitos artesãos autônomos (Vide Mc 1: 16-20 – Mt 13:47 – Lc 5:1-7 – Lc 9:62) e tanques para espremer uvas ou azeite (Vide Mt 9:37). Certas obras públicas, como a nova construção do templo de Jerusalém no tempo de Jesus reuniam vários operários (Vide João 2:20).


Os produtos circulavam com muitas dificuldades para o comércio. A Palestina não era uma região diretamente marítima e as demais eram montanhosas. Apesar disso, nas aldeias  trocava-se um produto por outro. Existiam feiras livres nas cidades, principalmente nas maiores  como a Galiléia, onde se desenvolvia um certo comércio internacional; para isso se usavam várias moedas de diversos países (Vide Lc 15: 8 – 20: 24).

Nos povoados os impostos eram de diversos tipos. Para os romanos se cobrava ¼ das colheitas, logo vendidas e trocadas em moeda. O pedágio era sobre transporte de mercadorias, taxas de alfândega... Grandes somas partiam de Jerusalém para Roma. Em Roma, uma categoria se beneficiava às custas das províncias coloniais com a Palestina. O povo tinha apenas o suficiente para sobreviver e com tantos impostos a pagar, a miséria se tornava ainda mais pesada para muitos sem condições de satisfazer suas necessidades mais vitais. A cobrança se fazia através de funcionários chamados Publicanos que atuavam em todos os níveis (Vide Mt 9: 9-13 – Lc 18: 11).

Os responsáveis pelas cobranças ficavam com suas comissões e os furtos eram freqüentes, principalmente em altos escalões, e praticamente sem controle. A corrupção era grande e isso tudo levou o povo a desprezar e marginalizar toda a categoria dos publicanos (Vide Lc 16: 6-7).

O Templo era o centro do poder econômico e onde todos os impostos eram centralizados. Uma verdadeira fonte de empregos: vendedores de bois, ovelhas e pombas, com diversos cambistas explorando o público ( Vide João 2: 13-20).Então, quando Jesus falava do templo a ser destruído, ameaçava a estrutura econômica na sua base, tendo sido esse um dos motivos de sua condenação ( Vide Mt 26:61).


A situação econômica de Jesus era semelhante à do povo da Galiléia, por fazer parte da vida econômica dos camponeses, pescadores e das donas de casa. Os pescadores, sobretudo, eram seus discípulos, o Peixe também era o desenho usado pelos primeiros cristãos como forma de se identificarem numa época em que se declarar seguidor de Jesus significava ser devorado por leões. O desenho do peixe tinha uma mensagem mais cifrada em grego, escreve-se ikhtys. A realidade dos desempregados mostra como  se relacionam os ricos proprietários. Assim Jesus mostra que conhece perfeitamente a situação econômica da classe trabalhadora explorada (Vide Mt 18: 23-34 – 13: 54-55).

O povo ia ao encontro de Jesus, à beira mar ou em qualquer lugar onde ele estivesse (Vide Mc 3:8 – Lc 6:6-11). O Novo Testamento usa diversas vezes as palavras Povo e Multidão. Isso mostra o quanto Jesus se identificava com o povo. Jesus foi criticado por sua intimidade no contato com os marginalizados. Os Fariseus diziam: “Por que ele come com os pecadores?” E quando faziam esta pergunta Jesus respondia: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes.” (Vide Mc 2:15-17 – Mt 9: 11-12).

Jesus sempre manifestou seu afeto para com as crianças (Vide Mt 11: 16-17 – Mc 10: 14).

Mulheres e crianças eram excluídas da vida social, igualmente aos deficientes visual, auditivo, mentais e escravos (Vide Lc 17: 14).Ele ficava aborrecido de ver o povo disperso, perdido, explorado e desorganizado ( Mt 17: 24-27).


Jesus quebra os tabus: Fala a sós com uma mulher Samaritana (Vide João 4: 27).

Jesus se faz acompanhar por um grupo de mulheres junto com os discípulos (Vide Lc 8:1-3). Elas, sozinhas, estão presentes em Seu Calvário (Vide Mc 15: 40-41) e serão as primeiras testemunhas da ressurreição. Naquele tempo o testemunho de uma mulher não valia nada, pesa na boa fé a veracidade do acontecimento (Vide Lc 24: 1-11).

(...)

Peço licença agora aos leitores para esse lembrete: História do dinheiro da então República dos Estados Unidos do Brasil. Em 1942 foi lançada no Brasil a nota de Cr$ 10,00 (dez cruzeiros), que trazia em destaque a imagem do caudilho gaúcho Getúlio Vargas.

-> Dinheiro do Brasil: várias mudanças de nomes e valores no decorrer da história. .

Jesus reconhece que os impostos exigidos por estrangeiros são demonstração de abuso e injustiça (Vide Mt 17: 24-27)!

Devemos pagar imposto a César ou não? Os Fariseus fizeram essa pergunta a Jesus, com intenção de provocá-lo. Claro, as vozes da administração estrangeira seguiam pressionando por todos os meios. Para isso, Jesus muito perspicazmente pediu aos Fariseus uma moeda e perguntou: “De quem é a imagem e a inscrição da moeda?”- “de César”, responderam-lhe. Era uma imagem proibida aos judeus. Um deles, retirando do seu bolso uma tal moeda, estava em contradição com a Lei que pretendia defender.

Jesus então, com certa ironia disse: “Pois bem, devolvam a César o que é de César.” (Vide Lc 20: 20-26). Será que não poderia Jesus dizer também: “Devolvam ao povo o que é dele?”

Jesus adotou uma atitude crítica em relação aos abusos do poder pela classe dominante (Mc 12: 1-12). A critica de Jesus se dirige então aos responsáveis pela nação judia: “O dono da plantação destruirá os vinhateiros e dará a vinha a outros.”

A autoridade de Jesus como um ser social era baseada na confiança que o povo lhe tinha, e por isso a classe dominante tinha medo de mexer com ele. Jesus fez com que esse povo, com seus líderes, se organizassem e resolvessem seus problemas (Vide Mc 15: 6-15 – Mc 6: 33-44).

Jesus morreu por dois motivos:

1 – Religioso: Foi acusado de blasfêmia porque, sendo homem, se fez igual a Deus, e assim tirava dos Sacerdotes a última palavra sobre a Religião;

2 – Político: Jesus caiu numa armadilha. O sinédrio queria acabar com ele, porque se sentia ameaçado em sua autoridade. Por outro lado, os zelotes queriam uma mudança política imediata. Apesar de não concordar com os zelotes, o sinédrio conseguiu jogar o povo contra Jesus na hora da Paixão. Pode ser que por isso Barrabás, o zelote, preso por sua ação terrorista, apareceu ao povo como tendo mais condições que Jesus para encabeçar uma libertação nacionalista (Vide Mc 15: 6-15. Idem, Sobre cristologia, p.).

Cito agora algumas parábolas contadas por Jesus: As Casas (Vide Mt 7: 24-29) “ Quem ouve estas minhas palavras e as obedece é comparado a um homem inteligente que construiu a sua casa sobre a rocha. Choveu, houve enchentes com ventania e ela não caiu porque foi construída sobre a rocha. Quem não obedece é como um homem ignorante que construiu a sua casa sobre a areia. Choveu, houve enchentes com ventania e ela caiu, sendo grande a sua destruição.”
Quando Jesus acabou de falar, as multidões estavam admiradas com os seus ensinamentos. Porque ele ensinava com autoridade e não como os professores da Lei.  

Termino este trabalho com a primeira Epístola de João 4: 20-21:

“Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.

Ora, temos da parte dele este mandamento, que aquele que ama a Deus, ame também a seu irmão.”




  


4 comentários: