Revolucionários II
Por José Calvino
Em 21 de agosto do corrente ano, aconteceu o sétimo ato da
manifestação pelo passe livre em Recife. O ato, que começou
de maneira pacífica,
terminou com cenas de vandalismo
protagonizadas por um grupo de encapuzados e mascarados. Por que a manifestação
mudou de rumo? Por volta das 14h30, eles, os manifestantes não foram recebidos
pelos vereadores e encontraram o prédio fechado com PMs que dispararam balas de
borracha e bombas de efeito moral, ferindo alguns estudantes, causando
confronto e pânico no centro da cidade. Às 18hs, mais ou menos, os ânimos se
acirraram. Então, os manifestantes resolveram voltar à Câmara dos Vereadores e começaram a pichar muros e
atirar pedras, garrafas e coquetéis molotov contra os PMs. Um ônibus foi
queimado (sic) na Rua do Príncipe.
Com um megafone, os manifestantes gritavam palavras de
ordem, pedindo um transporte público mais eficiente e transparência no
faturamento das empresas de ônibus: “Governador, não queremos 10 centavos de
esmola, queremos passe livre”, dizia um revoltado! Durante entrevista coletiva
sobre os protestos o secretário de Defesa Social (SDS) Wilson Damásio, disse:
“Isso não é movimento social, é bandidagem, vandalismo, tem que ser reprimido”.
Segundo ele serão intensificadas as vistorias, priorizando os grupos mascarados
e encapuzados. Aqueles que se recusarem serão presos por desobediência e
desacato. Agora, eu pergunto, será que isso resolve a situação? Eu mesmo já fui
abordado na Rua Gonçalves Dias que dá acesso à favela do “Bururu” no bairro de
Campo Grande, por grupos fardados e encapuzados
(de preto).
É bom que o referido secretário saiba que os princípios
democráticos em qualquer nação livre baseiam-se no senso de justiça de todas as
instituições de governo, entre as quais deve existir o respeito mútuo. Tudo
indica que haverá uma manifestação (data a marcar), sem vínculos com as
Associações e Sindicatos de Polícia, até porque o secretário é da polícia
federal, e eles temem ser punidos e passam a mentir descaradamente com
conivência. Sobre a pauta de reivindicações dos inativos e pensionistas da Polícia
Militar de Pernambuco, uma delas é o subsídio. Isso porque ao se aposentar
(reserva remunerada ou reforma) estes perdem até 40% do salário. Os PMs
reivindicam um reajuste desde 2008, quando o governo do Estado aumentou o
salário dos policiais civis. O governo não vem cumprindo as decisões judiciais,
que em 2001 ordenavam o pagamento de gratificação a 136 PMs inativos, sob pena
de uma multa diária em caso de descumprimento e que, até hoje ainda não foi
paga.
Outrossim, destaco a relevância de se acelerar a aprovação da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de número 300-A de 2008, que trata da
unificação dos salários dos militares em todos estados do Brasil. Mais uma vez
relembro que, se feito isso, ao meu ver, as PMs do Brasil deixarão de se submeter
à hierarquia militar.
Finalizo esta crônica com a inesquecível “ Para não dizer que
não falei de flores”, de Geraldo Vandré:
“ Há soldados armados,
amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam antigas lições
De morrer pela pátria e viver sem razão”
Boa, Zé Calvino!
ResponderExcluirO ato organizado pelos estudantes, ontem à tarde, no Centro do Recife, para protestar contra a proibição do uso das máscaras em manifestações públicas terminou com a apreensão por PMs de um vaso sanitário, ironicamente chamado de "O trono de Damázio". Que palhaçada, a PM prende até uma privada! No fim, como último recado, os manifestantes gritaram no megafone: "Vamos terminar o nosso ato, diante da casa do povo, com um único pedido: 'Libertem a privada'.
Parabéns!