sábado, 18 de maio de 2013
Pernambuco mostra como se luta pela terra
Pernambuco mostra como se luta pela terra
Por José Calvino
São muitos os movimentos de luta pela terra que surgiram pelo país afora nos últimos anos. E é bom que seja assim, porque os países que mais se desenvolveram na história das civilizações foram aqueles que implementaram suas respectivas reformas agrárias. Dividida com justiça, com fins de produção, a reforma agrária é o instrumento para alimentação de todo o planeta, porque através dela os agricultores familiares poderão plantar os alimentos que irão às mesas de milhões de famílias.
Os governos não podem fechar seus olhos, permitindo a existência de grandes latifúndios improdutivos de famílias abastadas, principalmente quando o tema surge como a grande ameaça do século: o mundo pode vir a passar fome. Que então se distribua a terra para quem a honra e nela quer semear.
No Brasil, Pernambuco é onde as lutas são mais intensas. Isso em muito nos orgulha. Desde o tempo das Ligas Camponesas, apoiadas pelo então governo de Miguel Arraes, nosso Estado é palco de honrosas batalhas. Com a ditadura militar dos anos 60, durante 20 anos muito foi abafado, quando não destruído. Mas, esse tempo passou, estamos em plena democracia.
A história não perdoará se neste momento essa situação não for regulamentada pela legislação brasileira. Se a bancada ruralista, que defende os interesses dos grandes latifúndios, inviabiliza qualquer ação nessa direção, que então a sociedade civil organizada eleja seus representantes para que estes assumam no congresso nacional a luta pela reforma agrária.
Destaca-se, nesse contexto, a atuação das federações de trabalhadores rurais de todo o país, representadas por sua Confederação Nacional, a CONTAG. Em Pernambuco, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape) vem atuando além da simples luta pela terra e exigindo que os governos dêem infra-estrutura, assistência técnica, crédito, educação e saúde aos agricultores que conseguiram seu pedaço de chão. Isso é muito mais que lutar pela posse de um local. É garantir qualidade de vida para o homem e a mulher que vivem no campo.
Enquanto outros movimentos invadem terras produtivas, a exemplo dos últimos atos do MST, a Fetape apenas reivindica a terra improdutiva, sem nela entrar, ficando acampados às margens dos limites legais que as cercas impõem, exigindo que se cumpra a lei a qual determina que toda terra improdutiva será destinada à reforma agrária. É civilizado que se faça política sindical dessa maneira. É legal que se lute pelo que se tem direito. Sem badernas. Mais uma vez, Pernambuco dá o exemplo.
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