terça-feira, 12 de junho de 2012

Festival Internacional de Poesia do Recife (2012)





Festival Internacional de Poesia do Recife (2012)

 Por José Calvino 


A Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco construiu a primeira edição do Festival Internacional de Poesia do Recife (Fip), de 07 a 10 de junho desse ano. Foram muitos os diálogos, rodas de poesia entre escritores e poetas estrangeiros e brasileiros, especialmente convidados pelo Governo do Estado!

Houve shows de forró para a “chama” do povão. Foi  excitante ver a jovem platéia,  dançando muito forró ao som da zabumba, triângulo e sanfona, mas o barulho incomodou os palestrantes estrangeiros. Toda a programação foi gratuita. Além das apresentações na Torre Malakoff, o Fip também visitou os mercados públicos da Madalena e da Boa Vista, ainda com muito forró ( tradicionais no Nordeste e acontecem durante todo o mês de junho). Infelizmente, mais uma vez promoveram, com isso, os politiqueiros do nosso País.

Independentemente, ainda com disposição, não poderia deixar de registrar aqui o feriadão que coincidiu com o festival. Como sempre, fiz o que gosto: “ouvir a voz do povo”. Parti, então, com o Fiteiro Cultural, para o Morro da Conceição levando poesia, teatro e livros para o novo público. Devo agradecer aos leitores do Morro, sem os quais não teria força para continuar nesta luta literária que é  o drama do livro ( que corre o risco de desaparecer) e da leitura. Não sou de recitar poesias, mas em virtude da solidariedade  dos leitores menos iletrados, a Rádio Comunitária e Cultural Impacto FM (‘104,1) transmitiu eu declamando Civilidade e Imbecil (Da série “Homens sempre têm Grandes Inimigos Imbecis”):
 

1 – Civilidade: Primeiro é uma consideração/ (eu respeito)/ as massas precisam aprender.// Vamos pra frente/ (eu entendo)/ que se alastra, que será resolvido/
as idéias claras a respeito.// Será ignorância?/ (eu tenho pena)/ calma que silencia.//
Minha arma é a caneta/ minha tranqüilidade permanece/ sem obrigação.../
a uma ação, ou comportamento.// Não é de hoje/ não cabia./ Deveria.


2 – Imbecil: Ébrios, desempregados,/ prostitutas.../ Gente sofrida/ sem ter escolhido/
aquela vida.// Imbecil!// Tua língua ferina/ discriminando-os, por quê?/ Com o tempo ninguém/ te dará atenção.// Imbecil!// Agora diz: Oh, Cristo!/ Onde estás/ que não me vês?/ Ou todos nós, juntos,/ somos vós?

E assim terminou domingo com a proposta de incluir no circuito dos festivais internacionais, como os que acontecem na América Latina e Europa.


- No alto, o autor.

- Embaixo, o autor, com Zé Belo do Morro.

(Fotos do poeta Clóvis Campêlo)


1 – Extraído do livro Fiteiro Cultural, pp. 67-8. Edição 2011.

2 – (Fiteiro Cultural, pp. 44-5. Edição 2011).




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