Festival Internacional de Poesia do Recife (2012)
Por José Calvino
A Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco construiu
a primeira edição do Festival Internacional de Poesia do Recife (Fip), de 07 a
10 de junho desse ano. Foram muitos os diálogos, rodas de poesia entre
escritores e poetas estrangeiros e brasileiros, especialmente convidados pelo Governo
do Estado!
Houve shows de forró para a “chama” do povão. Foi excitante ver a jovem platéia, dançando muito forró ao som da zabumba,
triângulo e sanfona, mas o barulho incomodou os palestrantes estrangeiros. Toda
a programação foi gratuita. Além das apresentações na Torre Malakoff, o Fip
também visitou os mercados públicos da Madalena e da Boa Vista, ainda com muito
forró ( tradicionais no Nordeste e acontecem durante todo o mês de junho).
Infelizmente, mais uma vez promoveram, com isso, os politiqueiros do nosso
País.
Independentemente, ainda com disposição, não poderia
deixar de registrar aqui o feriadão que coincidiu com o festival. Como sempre,
fiz o que gosto: “ouvir a voz do povo”. Parti, então, com o Fiteiro Cultural,
para o Morro da Conceição levando poesia, teatro e livros para o novo público.
Devo agradecer aos leitores do Morro, sem os quais não teria força para
continuar nesta luta literária que é o
drama do livro ( que corre o risco de desaparecer) e da leitura. Não sou de
recitar poesias, mas em virtude da solidariedade dos leitores menos iletrados, a Rádio
Comunitária e Cultural Impacto FM (‘104,1) transmitiu eu declamando Civilidade
e Imbecil (Da série “Homens sempre têm Grandes Inimigos Imbecis”):
1 – Civilidade: Primeiro é uma consideração/ (eu
respeito)/ as massas precisam aprender.// Vamos pra frente/ (eu entendo)/ que
se alastra, que será resolvido/
as idéias claras a respeito.// Será ignorância?/ (eu tenho
pena)/ calma que silencia.//
Minha arma é a caneta/ minha tranqüilidade permanece/ sem
obrigação.../
a uma ação, ou comportamento.// Não é de hoje/ não cabia./
Deveria.
2 – Imbecil: Ébrios, desempregados,/ prostitutas.../ Gente
sofrida/ sem ter escolhido/
aquela vida.// Imbecil!// Tua língua ferina/
discriminando-os, por quê?/ Com o tempo ninguém/ te dará atenção.// Imbecil!// Agora diz: Oh, Cristo!/ Onde estás/ que não me vês?/ Ou todos nós, juntos,/ somos
vós?
E assim terminou domingo com a proposta de incluir no
circuito dos festivais internacionais, como os que acontecem na América Latina
e Europa.
- No alto, o autor.
- Embaixo, o autor, com Zé Belo do Morro.
(Fotos do poeta Clóvis Campêlo)
1 – Extraído do livro Fiteiro Cultural, pp. 67-8. Edição
2011.
2 – (Fiteiro Cultural, pp. 44-5. Edição 2011).
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