segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Brasil, repercussão internacional


Brasil, repercussão internacional

Por José Calvino

“Três coisas devem ser feitas por um juiz:
  Ouvir atentamente, considerar sobriamente
  e decidir imparcialmente.” (Sócrates)


Alguns amigos e amigas comentavam entre si:

- Discordar do ponto de vista de outrem é gratificante e faz parte do processo democrático, contanto que o desacordo, o contra-argumento, ocorra de maneira respeitosa e isento de violências.

- Na internet mesmo, protestam, emitem opiniões, compartilham, et cétera, et cétera. Entretanto, é difícil quando a intolerância e a revolta de alguns se sobrepõem à cordialidade e ao respeito à opinião de outrem, somente pelo fato de discordarem de pontos de vista dos nossos.

- O jornal The New York Times publicou em editorial, que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff provocaria sérios danos à democracia brasileira, que se fortaleceu notavelmente nos últimos trinta anos.

- Me convidaram para participar da passeata dos que querem a renúncia da presidente Dilma do poder, realizada no domingo dezesseis. Eu poderia ir se fosse para retirar todos os politiqueiros do Brasil, assim como de uma boa parte da nossa população que há anos se conluia com os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, os três corrompidos, tornando  os cidadãos de bem reféns dos desmandos de quem deveria defender seus  direitos... – Nesse momento foi entrecortado por Azambujanra:

- É isso aí, quando eu era soldado do Exército, um cabo motorista  convocou três colegas para desembarcarem do caminhão uma grande quantidade de latas de manteiga na casa de um general. Naquele tempo, anos sessenta, já havia general ladrão!

- E ainda tem gente que quer a volta da ditadura militar. Avalie!

- Teve um general do Exército que disse que “Se um único civil sofrer ameaça no domingo, as Forças Armadas tomará providências”. Aí eu pergunto: No período da ditadura militar eles agiram como? Cadê a imparcialidade?

- Gente, não sou comunista, mas é bom relembrar que nos anos de 1936 a 1945, fez crescer a dedicação do povo quando houve o isolamento carcerário do então líder Luís Carlos Prestes, e quando o levaram à presença dos ministros do Supremo Tribunal Militar. Antes de subir as escadarias do Tribunal, os policiais que o acompanhavam agiram com violência espancando-o até sangrar. Os juízes e espectadores, pasmados, viram o sangue escorrer da face do líder. Uma cena que fez com que juízes e espectadores sentirem, de perto, o ambiente degradante que viviam. Sangrando, os juízes sentiram-se constrangidos em  cassar-lhe a palavra de defesa oral. Em 1945, anistiado deixa a prisão. Foi quando pode conversar diretamente com o povo, ficando conhecido como o lendário Cavaleiro da Esperança. Hoje quais  são os nossos heróis?  E  quem é esse ou essa que faria um trabalho melhor?

- E não foi somente o jornal americano a defender a permanência da presidente Dilma, a agência de notícias France  Press repercutiu as manifestações,  abrindo  o texto com uma alerta: “Cuidado com os desejos porque podem  se tornar realidade”!

- Alguns políticos não pensam em servir, mas em se servir!

- Principalmente os religiosos alienados do nosso Brasil.

- Já estão comparando Dilma com o então caudilho gaúcho Getúlio Vargas e Jânio Quadros, que praticou uma política econômica e uma política externa que desagradou profundamente os políticos..., setores das Forças Armadas e outros seguimentos sociais: oposição das elites conservadores e dos militares. No poder, proibiu as brigas de galo e o uso de lança-perfume, criando assim impopularidade com apostadores e carnavalescos viciados em apostas e porres!!! Só mesmo quem não lê e não conhece a história, não é mesmo?

- O que incomoda é o silêncio das autoridades.

- Já dizia o famoso Martin Luther King: “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética. O que me preocupa é o silêncio dos bons.” 

Essas anotações acima, algumas delas eu procurei colocar no bloco que a minha querida filha Maria do Carmo me presenteou este ano no dia dos pais. Este presente me incentivou e reforçou o que ela me disse: “Em 2015 continue lutando pela literatura com a mesma força dos anos anteriores”.  

“Sartre (escritor francês) carregava um bloco de anotações no bolso para onde ia e anotava suas ideias em cafés, bares, restaurantes... era chamado o bloco de MOLESKINE. Hoje em dia alguns escritores na Europa toda usam esses pequenos cadernos...”

Enfim, transcrevo o que Jean-Paul Sartre dizia:

“Eu posso sempre escolher, mas devo estar ciente de que, 
  se não escolher, assim mesmo estarei.”

  
             


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

De professor a policial


De professor a policial*

Por José Calvino


Povo educado, polícia educada
Povo ignorante, polícia ignorante
(Extraído do livro “O ferroviário, p.76 – ed. 1980)



Baseado nos censos penitenciários, que mostram serem os presos brasileiros, em sua maioria, pobres, pretos e analfabetos lembro que perante a lei, ao menos, todos nós somos iguais, mas será que é  mesmo assim na prática? Não acredito que no nosso Brasil se tenha uma educação básica que nos prepare para vivermos felizes da vida. Observo sempre que a maioria dos que nascem neste país não tem preparo para viver dignamente, e não tem sequer o nível escolar primário! Eu continuo afirmando que a culpa é dos maus governantes por que, do contrário, será então que os meninos e meninas é que teriam culpa? Atualmente assistimos policiais militares praticarem arbitrariedades  e truculências, até mesmo em festas religiosas. Então, cadê o respeito à Declaração Universal de Direitos Humanos? Sinceramente, eu sou a favor    da desmilitarização da Polícia Militar, evitando assim a perpetuação do sistema ditatorial no Brasil. Lembrei-me do Curso Internacional de Policia (anos 70) quando então recebi aulas sobre o artigo de George L. Kirkham, ilustre Professor da Escola de Criminologia da Universidade da Flórida, Estados Unidos da América, intitulado" De Professor a Policial". Creio que tomar conhecimento do seu conteúdo seja muito importante para toda a sociedade que gosta de ler, sobretudo, para a formação policial brasileiro.  Aproveito o ensejo e  transcrevo o referido artigo, com todo prazer, em resumo:

“Como professor de criminologia, tive problemas durante algum tempo, devido ao fato de que, como a maioria daqueles que escrevem livros sobre assuntos policiais, eu nunca fui policial. Contudo, alguns elementos da comunidade acadêmica norte-americana, tal como eu, foram muitas vezes demasiado precipitados ao apontar erros da nossa política. Dos incidentes que lemos nos jornais, formamos imagens estereotipadas, como as do policial violento, venal ou incorreto... Muitos dos meus alunos tinham sido policiais, e eles várias vezes opunham às minhas críticas o argumento de que uma pessoa só poderia compreender o que um agente da polícia tem de suportar quando também experimentasse ser policial. Por fim, me decidi a aceitar o repto. Entraria para a polícia e assim iria testar a exatidão daquilo que vinha ensinando. Um dos meus alunos (um jovem agente de polícia de Jacksonville, Flórida) me incitou a entrar em contato com os xerifes comandantes  e vice-comandante e explicar-lhes minha pretensão...

LUTANDO POR UM DISTINTIVO
Jacksonville me parecia ser o lugar ideal. Era um porto de mar e um centro industrial em crescimento acelerado. Ali ocorriam também manifestações dos maiores problemas sociais que afligem nossos tempos: crime, delinquência, conflitos raciais, miséria e doenças mentais. Tinha igualmente a habitual favela e o bairro reservado aos negros. Sua força policial era tida como uma das mais evoluídas dos Estados Unidos... Pretendia um lugar não como observador, mas como patrulheiro uniformizado, trabalhando em expediente integral durante um período de quatro a seis meses. O comando concordou, mas puseram também a condição de que eu deveria primeiro preencher os mesmos requisitos exigidos a qualquer outro candidato a policial: uma investigação completa ao caráter, exame físico, e os mesmos programas de treinamento. Havia outra condição com a qual concordei prontamente: em nome da moral, todos os outros agentes deviam saber quem eu era e o que estava fazendo ali. Fora disso, em nada eu me distinguiria de qualquer agente, desde o meu revólver Smith Wesson calibre 38 até o distintivo e uniforme...Concluído o curso, eu aprendia como utilizar uma arma, como interrogar suspeitos, investigar acidentes de trânsito, treinamento de luta de defesa pessoal, com os músculos cansados, pensava que estava precisando era de um exame de sanidade mental por ter-me metido naquilo...
PATRULHANDO A RUA
Ao escrever este artigo, já completei mais de 100 rondas como policial iniciado, e tantas coisas aconteceram no espaço de seis meses jamais voltarei a ser a mesma pessoa. Nunca mais esquecerei também o primeiro dia em que montei guarda à porta da delegacia. Sentia-me no mesmo tempo estúpido e orgulhoso no meu novo uniforme azul e com a cartucheira de couro. A primeira experiência daquilo que eu chamo de minhas ‘lições de rua’ aconteceu logo de imediato. Com meu colega de patrulha, fui destacado para um bar, onde havia distúrbios, no centro da zona comercial da cidade. Lá chegando, encontramos um bêbado robusto e turbulento que, aos gritos, se recusava a sair. Tendo adquirido certa experiência em admoestação correcional, apresentei-me a tomar conta do caso. ‘Desculpe, amigo’, disse eu sorridente, ‘não quer dar uma chegadinha aqui fora para bater um papo comigo?’. O homem me encarou esgazeado e incrédulo, , com os olhos raiados de sangue. Cambaleou para mim e me deu um empurrão no ombro. Antes que eu tivesse tempo de me recuperar, chocou-se de novo comigo - e desta vez fazendo saltar da dragona a corrente que prendia meu apito. Após breve escaramuça, conseguimos levá-lo para a radiopatrulha. Como professor universitário, eu estava habituado a ser tratado com respeito e deferência e, de certo modo, presumia que iria continuar assim em minhas novas funções. Agora, porém, estava aprendendo que meu distintivo e uniforme, longe de me protegerem do desrespeito, muitas vezes atuavam como um ‘imã’ atraindo indivíduos que odiavam o que eu representava. Confuso, olhei para meu colega, que apenas sorriu.
TEORIA E PRÁTICA
Nos dias e semanas seguintes, eu iria aprender mais coisas. Como professor, sempre procurara transmitir aos meus alunos a idéia de que era errado exagerar o exercício da autoridade, tomar decisões por outras pessoas ou nos basearmos em ordens e mandatos para executar qualquer tarefa. Como agente de polícia, porém, fui muitas vezes forçado a fazer exatamente isso. Encontrei indivíduos que confundiam gentileza com fraqueza – o que se tornava um convite à violência. Também encontrei homens, mulheres e crianças que, com medo ou em situação de desespero, procuravam auxílio e conselhos no homem uniformizado. Cheguei à conclusão de que existe um abismo entre a forma como eu, sentado calmamente no meu gabinete com ar condicionado, conversava com o ladrão ou o assaltante a mão armada, e a maneira como os patrulheiros encontram homens – quando eles estão violentos, histéricos ou desesperados. Esses agressores, que anteriormente me pareciam tão inocentes, inofensivos e arrependidos depois do crime cometido, agora, como agente da polícia, eu os encarava pela primeira vez como uma ameaça à minha segurança pessoal e à da nossa própria sociedade.
APRENDENDO COM MEDO
Tal como o crime, o medo deixou de ser um conceito abstrato para mim, e se tornou algo bem real, que por várias vezes senti: era a estranha impressão em meu estômago, que experimentava ao me aproximar de uma loja onde o sinal de alarme fora acionado; era uma sensação de boca seca quando, com as lâmpadas azuis acesas e a sirene do carro ligada, corríamos para atender a uma perigosa chamada onde poderia haver tiros. Recordo especialmente uma dramática lição no capítulo do medo. Num sábado à noite, patrulhava com meu colega uma zona de bares mal freqüentados e casas de bilhares, quando vimos um jovem estacionar o carro em fila dupla. Dirigimo-nos pra o local, e eu lhe pedi que arrumasse devidamente o automóvel, ou então que fosse embora – ao que ele respondeu inopinadamente com insultos. Ao sairmos do carro de radiopatrulha e nos aproximarmos do homem, a multidão exaltada começou a nos rodear. Ele continuava a nos insultar e se recusando a retirar o carro. Então, tivemos que prendê-lo. Quando o trouxemos para a viatura da polícia, a turma nos cercou completamente. Na confusão que se seguiu, uma mulher histérica me abriu o coldre e tentou sacar meu revólver. De súbito, eu estava lutando pra salvar minha vida. Recordo a sensação de verdadeiro terror que senti ao premir o botão do armeiro onde se encontravam nossas armas. Até então, eu sempre tinha defendido a opinião de que não devia ser permitido aos policiais o uso de armas, pelo aspecto agressivo que denotavam, mas as circunstâncias daquele momento fizeram mudar meu ponto de vista, porque agora era minha vida que estava em perigo. Senti certo amargor quando, logo na noite seguinte, voltei a ver já em liberdade o indivíduo que tinha provocado aquele quase motim – e mais amargurado fiquei quando ele foi julgado e, confessando-se culpado, condenaram-no a uma pena leve por ‘violação da ordem’.
VÍTIMAS SILENCIOSAS
Dentre todas as trágicas vítimas do crime que vi durante seis meses, uma se destaca. No centro da cidade, num edifício de apartamento, vivia um homem idoso que tinha um cão. Era motorista de ônibus, aposentado. Encontrava-o quase sempre na mesma esquina, quando me dirigia para o serviço, e por vezes me acompanhava durante alguns quarteirões. Certa noite, fomos chamados por causa de um tiroteio numa rua perto do edifício. Quando chegamos, o velho estava estendido de costas no meio de uma grande poça de sangue. Fora atingido no peito por uma bala e, em agonia, me sussurrou que três  adolescentes o tinham interceptado e lhe pediram dinheiro. Quando viram que tinha tão pouco, dispararam e o abandonaram na rua. Em breve, comecei a sentir os efeitos daquela tensão diária a que estava sujeito. Fiquei doente e cansado de ser ofendido e atacado por criminosos que depois seriam quase sempre julgados por juízes benevolentes e por jurados dispostos a concederem aos delinqüentes uma ‘nova oportunidade’. Como professor de criminologia, eu disponha do tempo que queria para tomar decisões difíceis. Como policial, no entanto, era forçado a fazer escolhas críticas em questão de segundos (prender ou não prender, perseguir ou não perseguir), sempre com a incômoda certeza de que outros, aqueles que tinham tempo para analisar e pensar, estariam prontos para julgar e condenar aquilo que eu fizera ou aquilo que não tinha feito.
Como policial, muitas vezes fui forçado a resolver problemas humanos incomparavelmente mais difíceis do que aqueles que enfrentara para solucionar assuntos correcionais ou de sanidade mental: rixas familiares, neuroses, reações coletivas perigosas de grandes multidões, criminosos. Até então, estivera afastado de toda espécie de miséria humana que faz parte do dia-a-dia da vida de um policial.
BONDADE EM UNIFORME
Freqüentemente, fiquei espantado com os sentimentos de humanidade e compaixão que pareciam caracterizar muitos dos meus colegas agentes da polícia. Conceitos que eu considerava estereotipados eram, muitas vezes, desmantidos por atos de bondade: um jovem policial fazendo respiração boca a boca num imundo mendigo, um veterano grisalho levando sacos de doces para as crianças dos guetos, um agente oferecendo à uma família abandonada dinheiro que provavelmente não voltaria a reaver.
Em consequencia de tudo isso, cheguei à humilhante conclusão de que tinha uma capacidade bastante limitada para suportar toda a tensão a que estava sujeito. Recordo em particular, certa noite em que o longo e difícil turno terminaria com uma perseguição a um carro roubado. Quando largamos o serviço, eu me sentia cansado e nervoso. Com meu colega, estava me dirigindo para um restaurante a fim de comer qualquer coisa, quando ouvimos o som de vidros se quebrando, proveniente de uma igreja próxima, vimos dois adolescentes cabeludos fugindo do local. Conseguimos interceptá-los e pedi a um deles que se identificasse. Ele me olhou com desprezo, xingou e me virou as costas com intenção de se afastar. Não me lembro do que senti. Só sei que eu agarrei pela camisa, colei seu nariz bem no meu e rosnei: ‘Estou falando com você, seu cretino!’
Então, meu colega me tocou no ombro, e ouvi sua reconfortante voz me chamando à razão: ‘Calma, companheiro!’ larguei o adolescente e fiquei em silêncio durante alguns segundos. Depois, me recordei de uma das minhas lições, na qual dissera aos alunos: ‘O sujeito que não é capaz de manter completo domínio sobre suas emoções em todas as circunstâncias não serve para policial’.
DESAFIO COMPLICADO
Muitas vezes perguntara a mim próprio: ‘Por que um homem quer ser policial?’ Ninguém está interessado em dar conselhos a uma família com problemas às três da madrugada de um domingo, ou entrar às escuras num edifício que foi assaltado, ou em presenciar dia após dia a pobreza, os desequilíbrios mentais, as tragédias humanas.
O que faz um policial suportar o desrespeito, as restrições legais, as longas horas de serviço com baixo salário, o risco de ser assassinado ou ferido?
A única resposta que posso dar é baseada apenas na minha curta experiência como policial. Todas as coisas eu voltava para casa com um sentimento de satisfação e ter contribuído com algo para a sociedade - coisa que nenhuma outra tarefa me tinha dado até então.
 Todo agente da polícia deve compreender que sua aptidão para fazer cumprir a lei, com a autoridade que ele representa, é a única ‘ponte’ entre a civilização e o submundo dos fora da lei. De certo modo, essa convicção faz com que todo o resto (o desrespeito, o perigo, os aborrecimentos) mereça que se façam quaisquer sacrifícios.”

O artigo “De professor a policial”, foi publicado na página 84 de seleções do Reader’s Digest do mês de março de 1975. Tomo VIII, nº 46.


Foto – Quartel da Polícia do Exército, Cabanga-Recife, 1960. Na foto, aparecem soldados  da PE e, ao centro em pé, com capacete (assinalado), o soldado apelidado por “Barruada”, abatido pela Polícia do Exército, no golpe militar de 1964. Próximo, aparece o autor, o terceiro da direita para a esquerda, idem de capacete. Os demais estão de gorros de pala.

Nota do autor: No Recife, o regime fez as suas primeiras vítimas: os estudantes Ivan Rocha Aguiar e Jonas José de Albuquerque Barros (mortos) e um ferido, não identificado!


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Narração bíblica


Narração bíblica:

“Ninguém pode servir a dois senhores; pois ou há de aborrecer a um e amar ao outro, ou há de unir-se a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos da vossa vida pelo que haveis de comer ou beber, nem do vosso corpo pelo que haveis de vestir; não é a vida mais que o alimento, e o corpo mais que o vestido? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros, e vosso Pai celestial as alimenta; não valeis vós muito mais do que elas? Qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um cúbito à sua estatura? Por que andais ansiosos pelo que haveis de vestir? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam, contudo vos digo que nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. Se Deus, pois, assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Assim não andeis ansiosos, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir? (Pois os gentios é que procuram todas estas coisas); porque vosso Pai celestial sabe que precisais de todas elas. Mas buscai primeiramente o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”




quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Carnaval da Torre*



Carnaval  da  Torre*

Por José Calvino



Recife é uma nova Roma
Que comanda o nosso carnaval
Estamos na “Torre de Babel”
Fazendo passo embaixo do “Arranha céu”

Venha de pé, de carro ou de trem
No caminho não pare pra ninguém
Recife espera com grande animação
O povão na sua locomoção

No fantástico três dias de folia
A fantasia do folião está em cena
Desfilando no meio da confusão
No passo da grande multidão

Quando o frevo se animar
A platéia inteira vai vibrar
Vendo o “negão” dar uma de mestre
Fazendo passo como um “cabra da peste”...


*Extraído do livro: “Miscelânea Recife”, p. 112 –
 ed. 2001.


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Olho na Presidenta II



Olho na Presidenta II

Por José Calvino


Dilma Vana Rousseff (PT), a primeira mulher a ser eleita presidente da República. Apoiada por Lula, esteve nos mais de sete anos de governo do presidente, primeiro como ministra de Minas e Energia e, a partir de 2005, como chefe da Casa Civil. Dilma defendeu posição desenvolvimentista, o que gerou atritos com a equipe econômica e a área ambiental do governo. O confronto mais rumoroso resultou na saída do Ministério do Meio Ambiente da senadora Marina Silva (PV-AC).


Com o programa do governo Lula, onde cada brasileiro fazia três refeições por dia (Fome Zero), eu tinha certeza de que aconteceria isto... Pois, Dilma não ficou atenta à trajetória dos políticos, porque suas alianças comprometeram, e muito, o futuro em prol do social.

Quem não se lembra do então deputado Severino Cavalcanti, quando membro da mesa diretora, querendo ter seus 15 minutos de fama em cadeia nacional? Quando ele fez uma comparação entre sua vida e a do então Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que ambos vieram da região do Agreste pernambucano, retirantes da seca e com profundo conhecimento dos problemas vividos pelos sertanejos?

Na sua biografia, o então deputado esqueceu de dizer que fora servo da ditadura militar, contribuindo de forma contundente para o registro de uma página negra de nossa história, quando travestido de brasilidade e patriotismo denunciou o padre italiano Vito Miracapillo (1), exigindo a sua expulsão do Brasil, pelo fato do padre haver denunciado que os trabalhadores brasileiros não tinham nada a comemorar no dia da “independência”, fazendo assim uma alusão à penúria vivida por milhões de pessoas que não tinham dignidade, respeito e liberdade.


Em 2005, o então presidente da Câmara Federal defendeu pena branda para os envolvidos no escândalo do Mensalão e Caixa 2 e ainda declarou que tal esquema de pagamento mensal a parlamentares não existe!


Em 2008, com a visita do Presidente da República ao nosso Estado, dos quais três dias ele passou no Recife, citou Severino Cavalcanti como exemplo para mostrar o preconceito que as elites paulistas têm contra nordestinos. Disse ainda que “continua tendo o mesmo respeito hoje que tinha há muito tempo”.


Com esse afago todo que o presidente fez tirou-o do ostracismo em que vivia desde que renunciou ao mandato e à presidência da Câmara Federal. O referido ex-deputado criado nos porões da ditadura, foi prefeito na pequena João Alfredo, interior de Pernambuco, com apoio do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-governador Eduardo Campos, que já foi envolvido no escândalo dos precatórios, neto do ex-governador Miguel Arraes, morreu após acidente de avião em Santos?...


O Governo Federal, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Governo do Estado de Pernambuco estavam executando os serviços de pavimentação e drenagem no bairro de Campo Grande, Recife, sob a coordenação da Companhia Estadual de Habitação e Obras (CEHAB). Acontece que, as referidas obras estão paradas!!! Agora quem é o responsável: os governos federal, estadual ou municipal?

(1) - Trinta e um anos depois de sua expulsão do Brasil, o padre italiano Vito Miracapillo pôde, 09/jan/2012, ter conquistado o visto permanente que dá o direito de o religioso voltar a residir no Brasil.