Povo & Polícia

Povo & Polícia

Por José Calvino

Povo educado, polícia educada

Povo ignorante, polícia ignorante

(Extraído do livro “O ferroviário”, p. 76 – ed. 1980)

O assunto mais comentado, agora, é sobre o assassinato de um  torcedor em pleno estádio, logo no país do Futebol! O Brasil  enfrenta problemas seríssimos e, todos nós sabemos, até hoje nenhum  governo  investiu decentemente na educação, saúde e emprego digno, resultando num povo alienado, que só vive de miséria, prostituição, jogos de azar..., a olhos vistos dos governos federal, estadual, municipal e o Poder Judiciário, que não estão nem aí.  Às vésperas da Copa do Mundo vem as  torcidas organizadas que estão “pintando” o sete, segundo dizem, com o apoio efetivo de politiqueiros da pior espécie do nosso Brasil. Cinicamente,  o governo diz que as polícias estão preparadas para um dos maiores eventos esportivos do planeta (se não o maior). Voltando ao passado, sempre convivemos com a violência. Lembro-me que as torcidas dos times de meu bairro (Casa Amarela), principalmente o então Ypiranga Futebol Clube, torciam com foices, facas... o “escambau”. Será que o povo ficará como na época da ditadura militar: “Brasil, ame-o ou deixe-o” e do “slogan” (era a moda do regime) “Pra frente Brasil”?  Ridículo é a polícia, por saber que  seria filmada, ter sido instruída a  mostrar educação na prisão de um dos assassinos que arremessaram dois vasos sanitários do alto da arquibancada do estádio do Arruda-Recife e que resultou na  morte de um torcedor de futebol, com repercussão internacional, incluindo na cena apertos de mãos e conversas simpáticas... assim,  a imprensa divulga a “educação” da polícia pernambucana. Um torcedor carioca  chegou a dizer que a polícia de Pernambuco é muito diferente das do Rio e São Paulo. Avalie! Finalizando esta crônica, até porque não estou torcendo nem pela seleção  brasileira e nem sou preconceituoso sobre o que estão espalhando pela internet:

“Visto que agora todos comem banana, no próximo jogo, irei ao estádio e jogarei um livro.”

O nosso povo não tem o  hábito de ler e, na minha opinião, o bom mesmo  é não ir às "Arenas" (areias), aliás, ESTÁDIOS!!! Por que estão jogando bananas no campo?  Até agora só estou vendo jogadores negros comendo banana, será o preconceito racial?

"Apois, viu?"

“Apois, viu?”

Por José Calvino

- Os homens recusam-se a trabalhar e a estudar ao verem que a sociedade cumula   de  privilégios os ociosos  e  os ignorantes.  E  é por falta  de  justiça   que os Estados   se convertem em confabulações de favoritos e de charlatães, sempre dispostos a lucrar  da pátria, mas  incapazes  de a honrarem   com obras dignas.(Ingenieros)

- Apois, viu? – disse o advogado semi-analfabeto de Azambujanra.

- Pois, pois, pois, viu? – disse corrigindo o “Apois” do dito cujo.

Na periferia do grande Recife a moda do “Apois, viu?”, pegou em cheio. Nas grandes cidades já vem há muito tempo  o “Não existe” com o existindo, o “Cheio de direito”  com o todo errado, “Caralho” por qualquer coisa, e por aí vai... Até o imbecil do advogado, quando se referiu à multa de dez mil reais que o governo- desde 2005- deve ao meu amigo Azambujanra, disse:

- Quem é o advogado, eu ou você? Eu sei o que estou fazendo. Apois, você vai ter o privilégio de saber um dos segredos de justiça, caralho, um prisioneiro  é condenado a dez anos de prisão, o advogado  recorrendo pode aumentar, diminuir ou ficar no mesmo.

- Quer comparar prisioneiro com dinheiro? – rindo com ironia – até rimou, não foi?, então eu peguei dez anos de cadeia e foi feito os cálculos  reduzindo  a pena pra quatro anos?

- Apois, é!

Permitam-me meus leitores, simples estilo, com observações e reminiscências, os condenados no processo do mensalão, por exemplo, têm direito, a cada três dias de trabalhados, à pena reduzida em um dia. O condenado que quiser estudar também consegue redução da pena. Neste caso, para cada 18 horas de curso um dia é reduzido. Será que o preso comum tem esse direito? Aproveitando o ensejo, vamos para a contabilidade do ex-presidente Lula sobre o  julgamento do mensalão que, segundo ele, teve 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica. Ora, esses governos com conivência da justiça,  falam mais alto que a lei. Todos nós sabemos que o governo nunca investiu na educação, saúde e emprego digno. De um país que só vive de miséria, prostituição, jogos de azar..., as autoridades sendo subornadas pelos poderosos, nada mais se pode esperar! Conversando com colegas da justiça, me disseram que tem advogado que chega a colocar na petição  “data venha”, ao invés de data vênia, isso não é uma vergonha?

- Arranjei uma namorada advogada, fora de série! – disse Azambujanra.

- Apois, viu?