quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Viver Morro








Viver Morro*


 Por José Calvino

Moro no Morro

não tem quem me faça
não morar no Morro.

Nasci no Morro
gosto do Morro
morrerei no Morro.

No alto do Morro
morro de amores
respiro o suave perfume
das flores do Morro.

Viver!
Não terei mais tempo
porque a paciência continua
ouvindo os trovões
e vendo os relâmpagos.

Morro!
Começou forte chuva
e sentimos a vida.

Natureza é o que se observa
na beleza do Morro.


*Obs.: Homenagem aos moradores do Morro.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Civilidade




Civilidade*


 Por José Calvino



Primeiro é uma consideração
(eu respeito)
as massas precisam aprender.

Vamos pra frente
(eu entendo)
que se alastra, que será resolvido
as ideias claras a respeito.

Será ignorância?
(eu tenho pena)
calma que silencia.

Minha arma é a caneta
minha tranquilidade permanece
impávida...
a uma ação, ou comportamento.

Não é de hoje
não cabia.
Deveria.

 * Extraído do livro Fiteiro Cultural, pp. 67-8 - Edição 2011.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Liberdade de Expressão



No alto, sala dos alunos do ITER. Crucifixo de madeira ao lado do retrato de Che Guevara (foto do autor, ano/84). Embaixo, crucifixo entre os retratos de Jesus Cristo e Che Guevara (foto de Maura Correia, ano/1984).

Liberdade de Expressão

* Por José Calvino

“... Mas o desespero é tamanho, que
quando sonhei, pensei que estavam
mijando petróleo.”

Joseph Ratzinger (o papa Bento XVI) renunciou ao papado declarando que o fazia “pelo bem da igreja”, mas será que não foi por ter dito ao clero que “estariam instrumentalizando Deus”? Me veio à memória o caso do padre Vito Miracapillo expulso do Brasil por vários motivos, entre eles por questionar a “não independência do povo”, quando em 1980 recusou-se a celebrar a missa de 7 de setembro. Na ditadura militar teve padres enquadrados na Lei de Segurança Nacional, que envolveu Estado & Igreja, povo e autoridades civis e militares. O ex-padre Reginaldo Veloso, por exemplo, autor do hino “Vito, Vito, Vitória”, em homenagem ao padre italiano, no ano de 1989, foi suspenso das funções sacerdotais pelo então arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho. Ex-Pároco do Morro da Conceição, Reginaldo foi punido por não seguir o pensamento da igreja no estilo romano, mais centralizada em sua hierarquia e que orientava que padres não se envolvessem politicamente. Em solidariedade ao religioso, os fiéis tomaram a chave da igreja cantando:

“ A chave, a chave, a chave eu não dou, a chave é de Pedro que é pescador...”

E foi preciso a polícia intervir, uma vergonha! Na verdade, até hoje não vejo organização nenhuma que lute pelo estado laico e pela separação efetiva entre governo e religião.

Quando publiquei o meu terceiro livro “ O Cristo Mulato”(1982) ele não agradou, é claro, nem ao governo militar, nem à igreja. Nele, eu mencionava: “(...) Se o povo soubesse a força que tem, ah! Só bastaria a metade daquele povo que acompanha o Clube Carnavalesco ‘O Galo da Madrugada’, que sai do Recife nos carnavais arrebanhando uma multidão incalculável, para se rebelar contra este desgoverno...” Fiz também diversos trabalhos no ITER (Instituto de Teologia do Recife), extinto em setembro de 1989, por decisão do Vaticano! O instituto foi acusado, pelos setores mais conservadores da Igreja, de adotar a linha marxista e era voltado à formação com base na Teologia da Libertação. O ITER foi criado em 1968, não agradando à “Santa Inquisição”.

Não pretendo aqui escrever uma obra teológica ou tomar partido em conflitos religiosos, mas jamais poderei ser privado de minha liberdade, pois estou escrevendo universalmente com ousadia “Jesus”. Sem medo, sempre denunciei as injustiças sociais.

Domingo, 17 do corrente, houve um evento promovido nacionalmente pela Sociedade Livres Pensadores, em Olinda, pregando a maior integração entre os que vivem o livre pensamento, o respeito, a liberdade de expressão, etc. Com entrada franca, aproveitei o ensejo e fui distribuir gratuitamente 50 livretes da dita obra. Pasmem com o que aconteceu! Na ocasião, fui impedido de exercer meu direito democrático de divulgar meu trabalho por ateus ignorantes e preconceituosos igualmente ou talvez pior do que alguns grupos religiosos. A decepção foi grande. E ainda dizem que são discriminados. Eu, hein?!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Azambujanra e a mulata da Mangueira





Azambujanra e a mulata da Mangueira


 Por José Calvino



Comentei com Azambujanra que o conto “Clotilde viu fantasma?, de Pedro Bondaczuk, publicado no Literário em 07 do corrente mês era muito bem escrito. Esperamos confiantes a sua edição, que despertou muito o nosso interesse. Falando em sonho, desfiles, Palácio do Samba da Mangueira etc, na conversa fiquei impressionado com a história da mulata da Mangueira contada por Azambujanra:

Em 1980, Azambujanra com seus 33 anos (idade de Cristo!) foi ao Rio de Janeiro, na semana pré-carnavalesca. Numa certa tarde linda, na Cinelândia, Azambujanra resolve tomar uns chopes no famoso Amarelinho Bar, todo trajado de branco, chapéu tipo panamá (comprado em Caruaru-PE), de alpargatas brancas (parecia um fazendeiro), barba preta com uma mecha branca na parte do queixo, começou a namorar uma mulata linda de cabelos trançados num estilo africano, cada trança com bolinhas de todas as cores. Ela já tinha diante de si uma pilha de cartões de chopes. No início até pensou que fosse um travesti, mas na verdade se tratava de uma passista que tinha o samba na veia e desfilava na Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Entrando em contacto com a mulata, pois era vizinho de mesa, combinaram dançar no Bola Preta, que fica atrás do dito bar. Dançaram a noite toda e pela manhã brincaram no Cordão da Bola Preta. Sendo a maior festa popular do planeta, marcaram um encontro para o segundo dia de carnaval no mesmo bar.

No sábado Azambujanra recebe um chamado urgente, voltando para o Recife sem no entanto comunicar o seu regresso. Assim, faltou ao encontro com a dita mulata. Passados os anos, isto é, uns quinze anos, não tinha como se comunicar e resolveu rever a sua mulata, que não lhe saia da lembrança.

1995, no Amarelinho Bar. Naquela noite, os garçons não eram os mesmos e perguntando aos novatos se conheciam a passista da Mangueira, esses lhe informaram que já ouviram falar da dita cuja, mas que seria fácil encontrá-la no morro. Perguntado pelo seu nome, que havia esquecido, disseram chamar-se Glorinha (nome fictício). Azambujanra ao subir o morro lembrava a dança no Bola Preta...
- O que ela vai dizer quando me vir, será que vai me reconhecer?

Lá estava Glorinha, obesa, ensaiando no Palácio do Samba. Não acreditou ser a mulata que havia dançado e brincado no Cordão da Bola Preta. Agora, na ala das baianas.
- Não é possível! Não estou sonhando...

Decepcionado, assim mesmo criou coragem e resolveu enfrentar aquela situação, dirigindo-se a ela:
- Glorinha?
- Eu nunca te vi, cara!
- Rapaz!!!

Não podia imaginar. E, como diz o ditado popular: “Quando a cabeça não pensa, o corpo padece”.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Distribuição livretes - JESUS -



Não pretendo escrever uma obra teológica ou tomar partido em conflitos religiosos. Como exemplo de vida, já fui perseguido por ter o nome do reformador de espírito universal. Professores carolas diziam, principalmente um de história: “Foi o movimento que, dividindo os cristãos do Ocidente no século XVI, originou diversas novas igrejas chamadas protestantes, as quais não mais seguiriam o comando e a orientação do papa de Roma...”. Mas, jamais poderei ser privado de minha liberdade, pois estou escrevendo universalmente com ousadia “Jesus”. Sem medo, sempre denunciei as injustiças sociais. Além disso, sempre respeitei a fé cristã , até porque sempre convivi com pessoas simples e religiosas (pobres do nosso Brasil).


(Foram impressos 500 livretes para serem distribuídos gratuitamente)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Cruz do Patrão e suas histórias




Cruz do Patrão e suas histórias

Por José Calvino 


Quando eu era criança, anos 50, na plataforma da Estação Ferroviária do Arraial (Casa Amarela), gostava de ouvir o preto-velho contar histórias do seu avô sobre a Cruz do Patrão. Ele dizia que os negros escravos eram presos, garroteados e depois enterrados atrás da Cruz.

Lembro-me, também, quando ele contava que Frei Caneca, revolucionário da Confederação do Equador, foi preso, julgado e condenado à forca para ser executado por pretos que se achavam presos na Cruz do Patrão. A pena foi substituída pelo fuzilamento, porque os presos se recusaram a enforcá-lo. Segundo a história, Frei Caneca foi fuzilado no largo próximo ao Forte das Cinco Pontas, em 13 de janeiro de 1825.

O preto-velho dizia ainda que, na Cruz do Patrão à noite, havia assombrações. Então, na sexta-feira, diante da minha curiosidade, fui até lá... Para os que não sabem, ela é um marco de pedra com uma coluna escura, mal conservada. Na parte de cima, há uma cruz com as iniciais Inri (Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus). A Cruz do Patrão fica localizada na beira do Cais, que separa Recife (Brum) e Olinda.


O autor em Brasília-DF (julho/1986)



                                         Brasília-DF (1986)

Carnaval sem depressão





Carnaval sem depressão*


 Por José Calvino



Carnaval festa popular
Muitos entram em depressão
Uns no abatimento moral
Outros no físico
Como sair dessa situação?
A cidade está para poesia
A boemia está para alegria
O religioso está para igreja
- Tudo em paz?
Neste frevo-canção
-Vamos dançar?
De repente...
Dança depressão.

*Feito no Maracatu Barco Virado. RecifeOlinda – Carnaval 2008.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Literatura & Carnaval





Literatura & Carnaval
 Por José Calvino


Na melhor das hipóteses, Azambujanra, este ano, não estava a fim de brincar o carnaval como sempre brincou. No sábado de Zé Pereira começava brincando no maracatu Barco Virado e ia, até a quarta-feira de cinzas, no Bacalhau do Batata em Olinda.
Os prazeres da vida, fazer o passo do frevo pernambucano, sambar...
Azambujanra lia um livro prazeroso, no qual Recife naquele momento parecia estar apenas na sua memória. Mas, estava expresso: “Aos domingos Miguel Rodrigo e Edilza iam assistir aos pequenos hidroplanos da Condor e da Panair amerissarem-se sobre as águas da bacia do Cais do Chupa. Ora se arrojavam, ora decolavam.”
Azambujanra, num dos carnavais saiu protestando pelas ruas do Recife fantasiado contra o “auxílio paletó” para os políticos.
- É muita saúde, o homem dança que só...
Azambujanra conheceu pessoalmente o espanhol de Sevilha Miguel Rodrigo e Edilza que era fã de Rodolfo Valentino e não perdia uma sessão no Glória, quando passava filmes de sucesso, principalmente “Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, quando Valentino- no papel de um gaúcho argentino – dançava um tango com a atriz Beatrice Dominguez. Desta, Miguel Rodrigo era também seu fã.
Miguel Rodrigo e Edilza dançavam muito bem e ele, principalmente, era o melhor dançarino do Recife. Era a cópia fiel do ator Valentino... A inveja dos dançarinos era grande quando os viam dançando tango, bolero, valsa, etc, nos salões do Batutas de São José, nas Pás, Prato Misterioso, Amantes das Flores... eles “fechavam”...
Enquanto lia, notavam-se as lembranças estampadas em sua face: Clube de Frevo “Estou Aí” do Córrego do Euclides – Casa Amarela, tocando a canção dos marinheiros brasileiros: “Qual cisne branco que em noite de lua/ vai navegando no mar azul...” e em seguida “Vassourinhas”. É quando Miguel Rodrigo e Edilza entram no frevo-de-rua-rasgado no meio da multidão...Troça carnavalesca e o maracatu de Nazaré, com seus personagens: Porta-estandarte, mestre, rei, rainha, Mateus, catirina, baianas, menina da boneca, bandeiristas, burra, caçadores e“cabocolinhos”, com as cabeças adornadas de fitas coloridas, óculos escuros, cravo-flor na boca, lanças enfeitadas com fitas e roupas espelhadas com chocalhos nas costas, que chamavam a atenção de todos. O Clube Carnavalesco“Toureiros de Santo Antônio”, “Até meio-dia” (de Casa Amarela), “Cavaleiro do Luar”, com o homem morcego (de Paudalho) , “Urso pé-de-lã...
- O urso quer cagar!
- A laursa é de Portugal
Quer brincar o Carnaval...
- Este urso veio de Portugal
Tem os culhões grandes
Quer brincar o Carnaval...
- Você já disse aos foliões que não vai brincar o carnaval este ano?
- Não, mas vou terminar de ler o meu livro.

Nota – Alguns trechos extraídos do livro “O Pai do Chupa”, ed. do autor.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Atrações culturais animaram mercados públicos





Atrações culturais animaram mercados públicos*



A animação reinou nos mercados públicos do Recife nesse final de semana. Sobretudo no Mercado de São José. Abdênago de Souza Leite, mais conhecido por Microfone (Patrimônio Cultural do Mercado de São José), uma figura folclórica e histórica do local, estava particularmente eufórico com o crescimento na freqüência de seu estabelecimento.

Microfone ficou mais conhecido ainda quando representou o Mercado de São José no então programa de Regina Casé Brasil Legal, pela Rede Globo de Televisão. Lá, no sábado, teve exposição fotográfica Gente de mercado, de Maurício Borba, recitações de poesias e literatura de cordel.

Já no Mercado da Boa Vista, houve recitações de poesias, apresentações de cantorias da música nordestina. Os torcedores dos três principais times pernambucano aproveitaram a quinta edição do projeto Comedoria de Mercado, para homenagear os seus clubes preferidos. Lá no Boa Vista foi o reduto do Sport, torcida organizada pelo programador visual Euclides (Quido). Foi divulgado o livro 85 Anos de Bola Rolando, de Givanildo Alves. É de ler para vibrar a trajetória da chamada “Seleção Cacareco”. A elaboração do projeto gráfico e capa foi feita pelo meu filho Euclides de Andrade Lima.

A torcida do Sport seguiu até o Mercado da Madalena. Lá também teve recitações de poesias e grupos de forrós do interior, ao som de bombos, alfaias, taróis, sanfonas nos ritmos de baião, coco e batuques de maracatu.

No da Encruzilhada foi a Confraria do Lelo’s, famosa costeleta à moda especial. Reduto dos torcedores do Náutico. Houve cantorias na frente do mercado.

Finalmente, no Mercado de Casa Amarela, onde o Maracatu de Barco Virado fez sua apresentação com a riqueza da poesia cantada pelos poetas presentes se fez notar, destacadas nas sambadas (embates poéticos). Lá foi o reduto da torcida tricolor (Santa Cruz). Organizada pela doutora Dilma, com a presença dos sobrinhos do ex-ídolo coral: Gena.

É bom lembrar que todos finais de semana, independentemente de feriados, haverá atrações culturais nos mercados de São José e Casa Amarela 

* Do livro Miscelânea Recife II, pp. 147-8. Ed. 2012


 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Trem do Progresso





Trem do Progresso*
Por José Calvino


Nos versos brancos ou soltos
Ontem sonhei que era maquinista
Outra noite sonhei com rima
Numa despedida muito emotiva
Combinando com a palavra
Com outra, no mesmo tom,
Com o som da locomotiva.

Do trem um abraço
Na estação do progresso
Que passou como uma bala
Voando sobre trilhos
De aço!

*Extraído do livro: “Poetas Independentes”, p.77 – Ed. 2007.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Grupo reúne trabalhos literários do Brasil e exterior




Grupo reúne trabalhos literários do Brasil e exterior

* Por José Calvino




O grupo virtual Poetas Independentes, do portal Yahoo, foi criado em março de 2006 (atualmente transferido para o Facebook), com a finalidade de possibilitar um intercâmbio entre poetas, escritores e quaisquer pessoas interessadas em literatura. Conta hoje com mais de 200 membros espalhados por diversos Estados do Brasil. Em 2007, o grupo que nasceu e se desenvolve em meio digital debutou no universo da cultura impressa com o livro Antologia Poética, primeiro trabalho editado, no qual participei e teve muito boa repercussão.

O grupo cresce em número e exercício poético. Quinze são os participantes da Antologia, entre eles está o saudoso poeta pernambucano Alberto da Cunha Melo, vencedor do prêmio Poesia 2007, promovido pela Academia Brasileira de Letras, com o livro O cão de olhos amarelos. A obra conta ainda com a participação ativa e especial de Cláudia Cordeiro, editora dos sites Plataforma para a poesia e Trilhas literárias, responsável pela criação e arte do trabalho gráfico das capas.

Quem prefacia a Antologia é Ermelinda Ferreira, com seu maravilhoso currículo acadêmico: é doutora em letras e acredita que “a escrita digitalizada, em ambiente de ligação em rede goza da mesma prerrogativa da fala, isto é, do estatuto do direto, do atual, do simultâneo, simulando assim a natureza presencial da voz. Goza também da prerrogativa do dialogismo, esse caráter reticular da comunicação que arrasta a escrita num movimento de dissolução dos corpos, propiciando a confluência de espaços diversos num mesmo tempo (...).”

O grupo Poetas Independentes é um exemplo vivo e atuante das possibilidades de confronto da poesia com ambientes cognitivos distintos e diferentes formas de leitura das mesmas obras. É importante a participação de todos.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Menino de rua




Menino de rua
Por José Calvino 


Menino de rua
Menino carente
Filho da rua
Destino ausente

Dorme nas calçadas
O cobertor é o jornal
Dos batentes, faz almofadas
Durante a noite, dorme afinal

Acorda de manhã
Sem rezas, ainda de madrugada
Vai à procura do amanhã

Amanhã é outro dia
Diz a beata:
“Virgem Maria!”

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Nós somos...




Nós somos...*
Por José Calvino

Isso é gente?
Penso que é.
Se pensa
é gente.
Então existe
logo é gente.

“Penso, logo existo”
já dizia Descartes
Pensando bem
nós somos...



* Do livro: "Os pacientes do doutor Fróide" p. 89, edição do autor.
Seguem-se ainda, aos leitores, Fernando Pessoa usando os cães para traduzir idéias e parte do texto da página 89:

"Maravilhosa gente humana que vive como os cães,/ Que está abaixo de todos os sistemas morais", chegou a escrever Pessoa.

"(...) O grupo de escritores e poetas pouco se reunia. Era uma tardinha do mês de outubro, dia 19, quando alguns intelectuais resolveram se reunir no Beco da Fome, no botequim do Capela. Azambujanra conta ao grupo que o seu pai tinha um cachorro e que quando alguém perguntava pelo nome, o seu pai dizia: “Pergunta a ele” (Risos).

- Você é um humorista, Azambujanra. – disse a Poeta. Já Tiberius Magnus:
- ...

Azambujanra resolve recitar para Tiberius Magnus :

Nós somos...

"(...)"

Todos presentes bateram palmas para Tiberius e Azambujanra.

- Boa ode ao Tiberius Magnus, Azambujanra. Parabéns! – disse o poeta Príncipe..."
Obs: O vira-lata Tiberius Magnus é criação do escritor Benito Araújo, do seu livro Beco da Fome.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Fala




Fala

Por José Calvino

Se é pra falar...
Falo como um Quixote
querendo olhar
acreditando...

É preciso ver para crer...
Falo como o poeta
numa luta literária
seguindo seu ideal...

Falo te amando
quem sabe?
Até quando...

Enquanto penso no mundo
Falo com sede de amar.
Falo todo meu mundo

Falo...

Mostrar



Mostrar* 

Por José Calvino


Mostra o teu corpo
que mostrarei o meu
depois o teu corpo
que mostrarei o meu
mostra.

É assim que nós amamos
o teu corpo a bailar
não é de hoje essa paixão

Passeia no meu corpo
teu olhar, teu sorriso, teu coração.

* Do livro Fiteiro Cultural, p. 124 - ed. 2011.