terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Atividade



Atividade

 Por José Calvino


Vocês sabiam?
Quantas vezes
Em que senti
Vontade de copular.
Então ficamos nas camas separados.
“Separados, sim!”
Uma sensação invadiu todo meu corpo,
Devagarinho,
Como quem não quer, querendo.
Abri a porta do quarto (de luz acesa)
Onde ela estava excitada
Percebi que estava me esperando.
Delicadamente notamos:
“Outra vez entramos no clímax extático!”

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Feliz Ano Novo


O FITEIRO CULTURAL DESEJA A TODOS LEITORES UM ANO NOVO CHEIO DE PAZ E AMOR.

JOSÉ CALVINO

RECIFEOLINDA 



quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Vândalos




   Fotos: Estátuas dos poetas Carlos Drumond de Andrade, Rio de Janeiro-RJ; Solano Trindade e João Cabral de Melo Neto, Recife-PE.



Vândalos

Por José Calvino


Pela décima vez, a estátua do poeta Carlos Drumond de Andrade é pichada.

Há cinco anos atrás (31/07/08),  houve um recital poético em homenagem ao centenário do poeta pernambucano Solano Trindade, que flagrou a fome no País e foi perseguido pelos seus versos. Foi lembrado no Pátio de São Pedro, próximo à sua estátua, com a presença de alguns poetas da Bahia, do Ceará, da Paraíba e do Rio de Janeiro. 

Enfim, em minhas andanças pelo Recife constatei mais  vandalismo nas esculturas do Circuito da Poesia, no Centro do Recife. Ultimamente colocaram macarrão ao molho de tomate na cabeça do poeta Carlos Pena. E o poeta que vos fala recitou “Os vândalos”:


Levaram a sineta
de Solano Trindade,
quebraram o cigarro
de Clarice Lispector,
o dedo de Carlos Pena Filho,
o nariz de Antonio Maria,
o sapato do pé esquerdo
de Mauro Mota,
as pontas do chapéu
de Luiz Gonzaga,
picharam o peito de Capiba,
João Cabral de Melo Neto
teve os olhos pichados de verde,
e cagaram nos livros de Ascenso!
Investindo contra as estátuas,
os vândalos estão contentes,
com o aval dos insensíveis.
Essa é a cara do Recife!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Corrida Sucessória


Corrida Sucessória


Por José Calvino



Durante sua recente passagem pelo Estado de Pernambuco, a presidenta Dilma Rouseff ao lado do seu futuro adversário rumo ao Planalto, participou em Suape da entrega a plataforma P-62 à Petrobras. Vestindo um blusão laranja da Petrobras, a presidenta esbanjou popularidade, agradeceu o empenho dos trabalhadores e afirmou que “o Brasil irá cumprir o seu potencial”. Alem disso, a presidenta fez questão de anunciar os recursos federais para obras no Estado. O Recife receberá R$ 1,9 bilhão em investimento para obras de mobilidade urbana, com verbas provenientes do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) da Mobilidade. Os projetos incluem obras como a instalação de um corredor de Veículo Leve sob Trilhos, na Avenida Norte (hoje Av. Norte, Miguel Arraes de Alencar), principal via de ligação entre Brum e a Zona Norte do Recife. Além disso, a Prefeitura Cidade do Recife (PCR) receberá verbas do Orçamento Geral da União (OGU) para a elaboração de Estudos Técnicos e Viabilidade Econômica para a integração do Centro do Recife ao Terminal do SEI-Macaxeira e bairros como Aflitos, Alto José do Pinho, Casa Amarela, entre muitos outros. Já Eduardo Campos fez discurso dizendo que os recursos não são do partido ou governo. São do povo.

O governador Eduardo Campos e a presidenta Dilma não deixaram de visar à corrida sucessória do próximo ano.

Ambos procuraram agradar a platéia diante do palanque. A presidenta cumprimentou  os presentes, deu autógrafo em camisas, deixou que os operários assinassem na sua roupa e tirou fotos. Eduardo Campos seguiu na frente fazendo o mesmo, lembrando campanhas eleitorais onde ambos disputavam espaço.

A minha amiga Dilma Carrasqueira, que vem acompanhando as minhas denúncias através da imprensa, sobretudo pelos jornais referentes à paralisação das obras do PAC me disse que em 2011 a Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) deixou de realizar  algumas obras do bairro de Campo Grande-Recife e que as mesmas  não foram concluídas porque o projeto foi readequado estando em análise na Caixa. Cadê os milhões de reais, isto é, os R$ 19 milhões restantes, com mais R$ 7.318.810,53 que os governos federal, estadual e municipal gastaram? Um representante da Cehab disse em entrevista na TV que tudo estaria concluído naquele ano. Mas, este ano (2013), a Assessoria de Imprensa da Cehab informa que está em andamento, com conclusão prevista para setembro de 2014. As eleições vêm aí, a equipe social do governo informou que a demora na conclusão foi devida à falta de matéria prima no País. A conclusão das obras está prevista para  até o dia 20/12/2013.  Cinicamente, distribuíram panfletos  solicitando “a colaboração de todos para que possam comemorar Natal e entrada de ano em grande estilo.” Ora, isto tudo dá a entender, o que?




Definitivamente



Definitivamente

Por José Calvino


Não vou a festa
Sem ser convidado
Aprenda como se valorizar
Como todo mundo diz logo:
- Chegou sem ninguém esperar!

A partir daí
Você ver logo que lugar
Um intruso no meio daquela gente
Que só sabe bajular!

Infelizmente ou felizmente,
Eu sou assim:
Feliz para sempre.


Recife/2008.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Inveja



Inveja*

Por José Calvino


Há um espaço cultural

Onde os que gostam de ler
E os invejosos tentam prejudicar
Os poetas da cidade

Há um espaço cultural

Onde há verdade
A mentira se afunda
A verdade fica à tona

Há um espaço cultural

Onde o sol ilumina pela manhã
E a sombra da tarde
No canto do Fiteiro, a poesia sombreia meus reflexos

Há um espaço cultural

Tão convidativo esse espaço cultural
E a inveja do sucesso alheio
Extremamente, pasmem!
                                      Quem será?

*Extraído do livro "Fiteiro Cultural", pp.33-4 - ed. 2011


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL



                                                         Foto: Eglantine Mendes


                                                "Amo Amar o Morro"



Na opinião da comunidade do Morro da Conceição e visitantes, a decoração natalina mais bonita é nas casas residenciais próximas à Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

Apoio: Fiteiro Cultural - http://josecalvino.blogspot.com/




Violência no País do futebol



Violência no País do futebol

Por José Calvino



Era um dia alegre para os torcedores do futebol. O estádio estava superlotado. Ouvia-se o rufo e a gritaria da multidão. Grupos vibravam com o: Casar! Casar!.../ A turma é mesmo boa/É mesmo da fuzarca...
Os jogadores, animados, procuravam dominar a pelota de couro e levar à meta do adversário. A maioria dos torcedores assistiam as partidas armados de faca, foice, pau... o “escambau”. Alguns torcedores irritavam-se com facilidade, jogavam cascas de laranja, pedras. Ouvia-se:

- Juiz ladrão, filho-da-puta, fresco...
- Um, dois, três, quatro cinco mil eu quero que o juiz vá pra puta que o pariu.
- Arreia o meião – diziam os integrantes das torcidas do Ipiranga e Canto da Vila.
- Cacete nesse felá da puta
- Pau nele

Na calçada da Avenida Guararapes, próximo ao Nicola e Bar Savoy, discutia-se qual o time bom, time ruim, jogador bom, jogador ruim; gols e perde gols, gol da vitória, gol do empate. Apostas e mais apostas, revoltas e mais revoltas.

- Foi uma partida bem disputada, mas entregaram o ouro ao bandido já na etapa complementar. Aquele goleiro frangueiro...

Lembro quando fomos jogar no campo do Alto da Serrinha. O juiz era um negão apelidado de “doutor”, apitando armado de revólver de cor preta, que até então não sabíamos que era de plástico, quando descobrimos que era revólver de brinquedo, tomamos e toramos o cano e “doutor” saiu às carreiras.
Até o início dos anos 50, não tinha televisão aqui no Nordeste e assistíamos jogos de futebol ao vivo e pela rádio. Durante o desenvolvimento da televisão preto & branco, veio o sistema de televisão em cores que eram extremamente caros para a época. Havia muitas brigas, mortes,  quebra-quebra, bombas, principalmente quando o Brasil estava jogando. Quantos torcedores rivais foram jogados no canal do Arruda?

Estes pequenos relatos eu assisti ao vivo. E agora todos nós estamos assistindo ao que aconteceu após a grande festa do sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2014, o futebol brasileiro continua violento por cenas de selvageria. Torcedores promoveram uma pancadaria nas arquibancadas da Arena Joinville, interior de Santa Catarina. Como o Brasil é a sede da próxima Copa, repercutiu  na imprensa internacional. E agora o Brasil como um todo está perdendo fazendo-nos distanciar desta politicagem, que só conhecem o País porque escutam falar, e que estão alheios e alienados da real verdade de penúria desta gigantesca e injusta nação , que amamos, idolatramos chamada Brasil!!!   



Nota – Alguns trechos extraídos do livro “O Cristo Mulato”, ed. do autor.





quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Jogo do Bicho



Jogo do Bicho


Por José Calvino



O jogo do bicho é uma bolsa ilegal de apostas  em números que representam animais. Foi inventado em 1892 pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro - Brasil.
Atualmente, o jogo do bicho continua a ser praticado em larga escala, nas  principais cidades do Brasil, principalmente nos estados da Paraíba e Pernambuco, não obstante ser considerado uma contravenção pela legislação penal brasileira.
Simples no começo, o sistema de jogo do bicho multiplicou-se pelo território brasileiro. Câmara Cascudo, no seu "Dicionário do folclore brasileiro", descrevia o jogo como sendo "invencível" e que a sua repressão apenas ampliava sua reprodução por todo o país. "Vício irresistível", escreveu o folclorista: "(...) contra ele, a repressão policial apenas multiplica a clandestinidade. O jogo do bicho é invencível. Está, como dizem os viciados, na massa do sangue". Vejamos.



- Eu só tinha dois reais e joguei no bicho, digo, ganhei no jogo do bicho. Comprei um CD da música “Pavão Misterioso”, e pedi para botar pra gente ouvir na voz de Ney Matogrosso:

“Pavão misterioso
  Pássaro formoso
  Tudo é mistério
  Nesse teu voar
  Ai se eu corresse assim
  Tantos céus assim
  Muita história
  Eu tinha pra contar...”

- Você gosta de Ney Matogrosso?
- E quem não gosta? E mais ainda pra quem tava com dois reais e jogar pavão na cabeça e dar, não é uma boa?
- Você sabe muito bem que sempre existiu o jogo do bicho. Foi proibido na ditadura militar... – entrecortou Azambujanra – O jogo do bicho é contravenção pela constituição do país! Mas, sempre teve apoio do governo. Na ditadura bancavam escondidos através de propinas para as autoridades constituídas.
- O governo é o primeiro contraventor!
- No livro “Drogas & Crimes”, o delegado Agamenon era um deles:

“(...) Agamenon tinha costas quentes, recebia o quinto do jogo do bicho através da estação de radiotelegrafia da polícia, recém inaugurada pelo prefeito com o prefixo: PYCPF. As mensagens eram recebidas em criptogramas. Antes, o então juiz David De Drummond recebia telegramas na estação ferroviária da Great Western. O telegrafista da estação já estava sabendo que se tratava de jogo do bicho, dado o nervosismo do juiz De Drummond. Chegava sempre próximo da hora em que era transmitido o telegrama, justamente quase nas mesmas horas em que os banqueiros contraventores das cidades do interior recebiam. Sendo que o juiz chegava na estação faltando uns dez minutos para saber o resultado. ‘A Milionária’ do Recife, dava o resultado faltando uns quinze minutos, tempo suficiente para o amigo de Drummond passar o telegrama da Estação Central do Recife para o Farol da Mata. O delegado Agamenon tomou logo conhecimento da Sorte Grande  que levava o magistrado a sempre acertar em suas apostas, já que  o telegrafista da estação ferroviária era o seu cunhado, que foi transferido a pedido para a Estação Central do Recife. As amizades de Agamenon eram das maiores do Estado. Os telegramas que o juiz recebia eram engraçados:
‘Ração para cães PT’ = era cachorro.
‘O contratado leão-de-chácara PT’ = era leão.
‘Argemiro foi crocodilo PT’ = era jacaré.
‘ Serpente enganou PT’ = era cobra.
‘Analfabeto desempregado PT = era burro.
‘Linda cidade’ = era pavão...

O cunhado de Agamenon contou que, em algumas ocasiões, via a hora o juiz ser atropelado pelo trem. Pulava  plataforma abaixo e, à toda, disparava pela estrada de ferro, sem olhar de lado se vinha trem... Nervoso, uma vez chegou com Japiassu e o telegrama era: ‘Ração para cães’, gritou com o cambista-carcereiro: ‘Grupo cinco, vamos logo... – dando um bote no talão e rasgando os poules. Quebrou o tinteiro jogando-o no birô, tendo os estilhaços dos vidros atingido o olho esquerdo de Japiassu, perfurando-o. O juiz ficou ridículo, com o paletó e o rosto melados de tinta azul e com os olhos esbugalhados vendo o seu pince-nez, que deslizava pelo seu narigão azulado.
- Dezenas: dezessete,dezoito, dezenove e vinte, cachorro! Cachorro, bota tudo no xadrez...

Foi a maior cachorrada na estação. O fato repercutiu de tal maneira, que vazou nos jornais do Rio e de São Paulo, chegando ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal (STF).  David De Drummond foi internado numa Casa de Saúde Psiquiátrica, sendo substituído pala juíza Margarida Tacho. O delegado Agamenon transferiu todo o destacamento, fez uma verdadeira mudança, formando recrutas do Recife. O radiotelegrafista do destacamento fora promovido a cabo. O cunhado de Agamenon agora era operador da Central de Comunicação da Polícia Militar. Baseado no que diz o adágio popular: ‘Quem rouba ladrão, tem cem anos de perdão...

O delegado, em conjunto com seu cunhado, combinaram a chave pelo método conhecido como o de St. Cyr. A palavra base foi: Polícia.”


Nota: O final desse texto foi extraído do livro: “Drogas & Crimes”- Capítulo XIX, pp. 70-2.


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

LIVRO AINDA É O MELHOR PRESENTE
















Livro ainda é o melhor presente


 Por José Calvino 



Sugestão: Cobrem das principais livrarias todos os livros... 

1 - O FERROVIÁRIO – 90 pp. É o enfoque da vida do trabalhador, o seu dia-a-dia e as                           crises sociais e familiares geradas pelos conflitos econômicos da categoria.

2 - O GRANDE COMANDANTE – 111 pp. Aborda toda a rede paralela do poder; seus                  conflitos e organização. Lança a questão principal: Quem comanda a tudo?

3 – O CRISTO MULATO – 126 pp. Trata da problemática racial: seus preconceitos e relações em uma sociedade discriminatória.

4 - AONDE IREMOS NÓS? – 127 pp. Questionamentos sobre o destino da sociedade, do ser humano no dia-a-dia de sua existência, sobretudo em suas contradições. A abordagem da identidade do homem e da mulher, suas dificuldades com relação às questões ligadas ao sexo. Toda a trama se desenvolve em torno de um eixo principal, o hermafroditismo. Daí por diante, todos os personagens seguem suas trajetórias de vida, envolvidos nos problemas da condição humana propriamente dita. Calvino não se prende* nesse romance, como era de se esperar, apenas ao tema central, enriquecendo todo o trabalho com a abordagem de outros assuntos polêmicos.

5 - TREM & TRENS –  80 pp. O teatro de Calvino, enfeixa um ótimo trabalho, sintetizado na força de comunicação que revela, enfocando com primazia o aspecto social e o econômico em que se debate a grande massa de trabalhadores em ferrovias e por extensão*todo o trabalhador de um modo geral, pela ávida execução do poderoso patrão.

6 - O CRISTO MULATO – (Aumentado) - Teatro homônimo do romance do autor.

7 - O PAI DO CHUPA – 82 pp. Versa sobre a existência da personagem que dá nome à obra. A figura fantasmagórica do Pai do Chupa, preocupou por longo tempo o povo recifense, especialmente os habitantes do bairro de São José. Calvino, ao romantizar a vida do personagem, dá-lhe uma nova roupagem, tramando uma estória amorosa, mais atraente à leitura, sem, contudo, escambar a verdade...O autor coloca, neste livro, informações a respeito do local,suas lendas e peculiaridades que foram fruto de uma extensa pesquisa sobre o tema.

8 - MISCELÂNEA RECIFE (Mistura do que existe para presente e futuro) – 136 pp. Trata-se de uma série de publicações veiculadas pela imprensa, nas quais Calvino lança um olhar clínico sobre o Recife, sua beleza e seus problemas. É uma visão humana, pessoal, sem caráter técnico ou acadêmico, da Veneza Pernambucana.

9 - DROGAS & CRIMES – 105 pp. Romance/2003.

10 - TREM FANTASMA  (Contos poéticos e humorísticos) – 72 pp. Algumas poesias deste livro foram publicadas com charges na Folha de Pernambuco.

11 - OS PACIENTES DO DOUTOR FRÓIDE – 106 pp. Romance/2007.

12 – FITEIRO CULTURAL – 318 pp. Crônicas & Poesias/2011.

13 – JESUS – Inédito – Livreto – 2013.

FOI  REINAUGURADO, SEM FESTA,  O FITEIRO CULTURAL!